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domingo, 18 de julho de 2010

Como instalar e manter forros de madeira, gesso, bambu e PVC

Forro no capricho: ele define a concepção arquitetônica do ambiente. Saiba como escolher o tipo mais adequado para cada caso

Mais que um revestimento, ele define a concepção arquitetônica do ambiente. O forro pode trazer a sensação de conforto e revelar formas e materiais arrojados. Planejá-lo durante o projeto é a melhor maneira de evitar erros. É nessa etapa que se escolhe o tipo mais adequado – levando em conta se a iluminação será embutida, direta ou difusa – e se avaliam quais as exigências para conquistar o isolamento termoacústico do cômodo. No entanto, é bom lembrar que não existe nenhuma opção que, sozinha, barre o som e o calor: para obter esse efeito, o forro pode vir acompanhado por uma manta de lã de rocha ou de vidro. Entre as versões mais conhecidas estão a madeira, o gesso, o PVC, além das fibras sintéticas e naturais, caso do bambu. O ideal é que todos sejam instalados por mão de obra especializada em cada material. Conheça os segredos de instalação e manutenção de cada um e boa escolha. Selecionamos 27 soluções práticas com forros de gesso, caso opte por esse material.

*Preços pesquisados em São Paulo em julho de 2009

Forro de madeira
Réguas de cedrinho, angelim, perobinha, jatobá são boas opções para forros, pois têm elevada resistência ao ataque de cupins. Segundo Geraldo Ventura, gerente da Projeto Madeiras, de São Paulo, o metro quadrado custa em torno de R$ 40 (cedrinho) a R$ 70 (perobinha). Já a mão de obra pede, em média, R$ 45 por m² de forro.

Instalação: as réguas são fixadas com pregos ou parafusos na estrutura do telhado, que pode ficar embutida ou aparente. Para garantir o desempenho do forro, as vigas e os caibros devem ser travados adequadamente, tendo os tarugos (peça cilíndrica de madeira que substitui o prego) bem nivelados. Nesta sala de jantar, a Góes Engenharia projetou um forro de duas águas com lambris de freijó. Com execução da Alt, Goppert, as peças têm encaixe saia-e-blusa (veja ilustração abaixo) – uma tábua mais larga embaixo de outra mais estreita, resultando em dois níveis que formam um canal. Também há outro tipo de encaixe, o mais usado, chamado macho-e-fêmea (veja ilustração abaixo), em que uma peça de saliência contínua se encaixa em outra com reentrância. Manutenção: recomenda-se a aplicação de verniz, stain ou tinta a cada dois anos.

rro de duas águas com lambris de freijó. Projeto da Góes Engenharia.

Na casa de praia do arquiteto André Guidotti, em Ubatuba, SP, o forro com encaixe do tipo macho-e-fêmea é de muiracatiara, espécie de alta durabilidade. Madeira comprada na Madeireiro e executada por José Paulo Raizer.


No encaixe macho-e-fêmea, mais usado, uma peça de saliência contínua se encaixa em outra com reentrância.

Encaixe saia-e-blusa: uma tábua mais larga embaixo de outra mais estreita, resultando em dois níveis que formam um canal.

Forro de drywall. Projeto de Ana Bartira Brancante e Daniela Mattos para a Casa Cor São Paulo 2009. Execução pela Gesso Lucci.


Forro de gesso


Menos peso e mais flexibilidade são algumas das vantagens desse tipo de forro, em forma de gesso artesanal (cerca de R$ 30 por m²) ou drywall (R$ 45 por m²). A diferença principal entre eles está na colocação, pois a segunda opção oferece obra limpa e rápida. Um forro de 50 m² de drywall fica pronto em um dia, enquanto o de gesso comum leva cerca de quatro dias, ambos com duas pessoas trabalhando, segundo o engenheiro Omair Zorzi, da comissão técnica da Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, em São Paulo. Clique aqui para saber como são realizadas a instalação e a manutenção de forros de gesso.

Instalação: as chapas de gesso são parafusadas numa estrutura de aço. Para a iluminação embutida, deve-se preparar previamente a parte elétrica, deixando os conduítes com os fios, devidamente isolados, nos pontos certos das luminárias. No ambiente da foto, projetado pelas arquitetas Ana Bartira Brancante e Daniela Mattos para a Casa Cor São Paulo 2009, as placas de drywall têm nichos centrais (20 cm de largura) e mangueiras luminosas embutidas. O forro, executado pela Gesso Lucci, esconde as vigas e os desníveis da laje. Manutenção: limpeza com pano úmido e repintura com tintas látex ou acrílica.



Forro de bambu, projetado e instalado por Nani Chinellato no ambiente de Dado Castello Branco para a Casa Cor São Paulo 2009.


Forro de bambu


Moderno e resistente, ele também aparece como alternativa sustentável – em três anos essa gramínia de crescimento rápido está pronta para o corte. “Por sua estrutura e geometria naturais, o bambu tem um bom nível de isolamento acústico”, conta a designer têxtil Nani Chinellato, de São Paulo, que projetou e instalou o forro do bangalô assinado pelo arquiteto Dado Castello Branco (foto) para a Casa Cor São Paulo 2009. Este modelo trançado sem emendas custa cerca de R$ 400 por m² colocado. Para protegê-lo da umidade, Nani sugere a aplicação de manta impermeável sob o telhado.
 
Instalação: por ser artesanal, a técnica sofre variações. Neste espaço, o bambu-mirim (phyllostachys aurea), ou cana-da-índia, foi preso em baguetes de madeira de 2 x 2 cm com cola quente e arame. Tetos inclinados pedem o travamento das varas a cada 50 cm. O uso de pregos pode causar rachaduras. Manutenção: bambus autoclavados e queimados em fogo ganham resistência e ficam protegidos de pragas. Esses cuidados simplificam a limpeza com espanador de pó ou pano. Em contato com a umidade, requer a aplicação de seladora ou verniz.
Forro de PVC da Vipal, instalado pela Alpha Door

Forro de PVC
A nova geração de PVC reproduz cor e textura de madeira graças ao processo de impressão sobre a régua pronta. A Vipal, fabricante do forro desta casa paulista (instalado pela Alpha Door), garante que as versões madeiradas seguem as normas técnicas brasileiras, que estabelecem parâmetros de resistência a impacto e linearidade (para que haja um encaixe perfeito) etc. Custa de R$ 38 a R$ 45 por m² de forro colocado. Outros fornecedores: Tigre, Confibra e Araforros.

Instalação: as réguas de 200 x 8 mm, com encaixe macho-e-fêmea, são parafusadas em estruturas de aço, PVC rígido ou madeira. O processo é simples, mas as medidas devem ser corretas e as estruturas com bom nivelamento. Manutenção: imune a cupins, fungos e corrosão, esse material pode ser limpo com álcool etílico, água e sabão neutro.

Forro de fibras naturais


Comuns em áreas corporativas, os forros modulares são indicados para ambientes com boa acústica, como home theaters. Isso ocorre pela composição dos módulos, fabricados com fibras minerais (lã de rocha, argila e perlita) e cola orgânica, segundo o engenheiro Fábio Miceli Teixeira, da Knauf AMF Forros. Não exigem manutenção e são instalados com sistema de clique em perfis metálicos sustentados por tirantes de aço.

Por Cida Paiva, Cristina Bava, Eliana Medina e Michele Grein (assistente)
http://casa.abril.com.br

Como elaborar contratos de serviços

Detalhamento e clareza na elaboração de contratos de serviços são cruciais para minimizar riscos, evitar disputas judiciais e otimizar a gestão das obras

Contratos são muito mais do que papéis que formalizam uma relação entre duas ou mais partes. Na construção civil, no caso de contratos de serviços, além de estabelecer a divisão de responsabilidades, prazos, condições de garantia e preço, eles são um importante instrumento que auxiliam a gestão da obra. Os contratos servem, entre outras coisas, para esclarecer de que forma as expectativas e necessidades de cada parte envolvida serão atendidas. "Nesse sentido, ele funciona como um instrumento que facilita a convivência e a organização do serviço no canteiro de obras", destaca a professora Sheyla Mara Baptista Serra, do departamento de engenharia civil e do programa de pós-graduação em construção civil da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).



Uma vez definidos de forma clara e coerente os direitos e obrigações de cada um, evita-se que conflitos tenham que ser solucionados na base da conversa e da boa-vontade, ou pior ainda, que culminem em disputas judiciais sempre muito dispendiosas para todos. "Um grande equívoco é entender o contrato como mera formalidade, quando na verdade estamos falando de uma ferramenta fundamental para resguardar ambas as partes e garantir um serviço bem-feito", diz João Batista Carneiro Teixeira, gerente de contratos da Construtora Atrium.


A capacidade de um contrato evitar conflitos é diretamente proporcional à clareza e detalhamento de sua elaboração. "Por isso, seu preparo deve ser encarado como um processo administrativo entre empresas, que deve contar com procedimentos de planejamento, organização, controle e coordenação", destaca Sheyla Serra.

Caminho das pedras

Independentemente do objeto contratual, alguns pontos devem ser discutidos com minúcia e definidos com transparência nos contratos envolvendo construtoras e empresas prestadoras de serviço. "De forma alguma podem deixar de constar nos contratos os prazos de início e término do serviço, as multas e retenções cabíveis, a obrigatoriedade de atendimento às normas técnicas, o recolhimento de impostos sobre serviços e o fornecimento de equipamentos e ferramentas", menciona Angelo Labadia, engenheiro responsável pelo departamento de suprimentos da Eztec.

Além disso, aborrecimentos e aditivos contratuais podem ser evitados com escopos bem definidos. "É fundamental deixar claro o que efetivamente será feito, tanto para quem contrata quanto para quem é contratado. Caso contrário, corre-se o risco de provocar mal-estar e dúvidas", ressalta Teixeira.

Algumas cláusulas, como as que definem preço e forma de pagamento, dificilmente são esquecidas ou negligenciadas nos contratos. O mesmo não se pode dizer sobre as cláusulas que caracterizam corretamente a metodologia de execução, a quantidade de serviço, os materiais a serem empregados, os equipamentos necessários e as instalações imprescindíveis para viabilizar a execução. Não à toa esses costumam ser grandes motivadores de insatisfações entre contratantes e contratados.

Por isso, uma recomendação pertinente é buscar acrescentar o maior número de informações possíveis sobre o serviço, quer seja dentro do próprio contrato, quer seja por meio de anexos referendados no texto principal do contrato. Exemplos de anexos que podem ser utilizados vão desde projetos executivos, desenhos de piso e de fachadas, planilhas descritivas de medidas e tipos de material a serem aplicados por área etc. Para bom andamento das operações no canteiro, também merecem constar nos contratos a explicitação das tarefas auxiliares de transporte, como o horário para a utilização de determinados equipamentos, por exemplo, bem como a definição de co-responsabilidades no caso de atrasos e retrabalhos com outros fornecedores de serviços.

De acordo com a realidade de cada obra, o contrato de prestação de serviços pode precisar contemplar cláusulas adicionais, como as que estabelecem as condições de rescisão contratual para qualquer uma das partes. "Quando for necessário sigilo, também é recomendável inserir essa cláusula em contrato", lembra João Batista Teixeira.

As garantias que o executor dará e a forma da construtora receber e aceitar o serviço são pontos que não devem deixar de serem discutidos entre as partes e colocados no papel. Isso inclui, por exemplo, os ajustes nos serviços, como os eventos fortuitos da natureza que possam impactar o prazo, e os casos de força maior, como greves, paralisações etc. "Logicamente, a inclusão ou não desses itens dependerá da ordem de grandeza do contrato, porque, caso seja um contrato de serviços mais simples, não será preciso ter todos os itens", salienta o executivo da Atrium.

Dependendo do tipo de serviço em questão, a responsabilidade sobre a definição do escopo pode ser feita mais pelo subempreiteiro do que pelo contratante. Isso vale principalmente para serviços que envolvem alto grau de especialização e inovação, para os quais os subempreiteiros possuem um procedimento executivo próprio. Mas em todos os casos, o contrato de serviços deve ser compatível com os procedimentos internos da construtora contratante. "Empresas certificadas ou em processo de certificação possuem também sua documentação dos procedimentos executivos que pode ser anexada ao contrato com o subempreiteiro", ressalta Sheyla.

A professora conta, ainda, que algumas empresas procuram desenvolver modelos de contratos padronizados que contêm as principais diretrizes assimiladas ao longo de sua prática empresarial. Essa é uma solução viável, principalmente para as empresas que mantêm em execução um mesmo tipo de sistema construtivo e padrão de obra. Dessa forma, conferem mais dinamismo ao processo.

No entanto, ela recomenda que quando forem almejadas condições diferenciadas ou especiais, tal como o desenvolvimento de uma tecnologia, deve-se fazer uma discussão mais específica a respeito das expectativas da implantação, da necessidade de se mudar a forma tradicional de execução e do compromisso com os requisitos estabelecidos. Com isso, pretende-se analisar antecipadamente todos os condicionantes necessários de modo a não restarem dúvidas sobre o processo e, da mesma forma, para que sejam destacadas as penalidades e atitudes no caso de inconformidades.

Vale lembrar que é possível, também, trabalhar com contratos que, além da execução dos serviços, contemplem o fornecimento de materiais e equipamentos. Nesses casos, o contrato deverá considerar o recolhimento dos tributos e os reajustes dos preços dos serviços e materiais de forma diferenciada. A seguir, confira os itens mais críticos na elaboração de contratos de oito serviços de construção civil.

O que não pode faltar

Veja as cláusulas essenciais dos contratos de subempreitada na construção civil

Cláusulas básicas (subcontratação e terceirização)

> ; Descrição do objeto

> ; Prazo de execução e responsabilidade dos atrasos

> ; A formação do preço do serviço, fornecimento de materiais e aluguel de equipamentos

> ; Seguro/responsabilidade civil

> ; Condições de pagamentos, reajustes e retenções

> ; Obrigações das partes

> ; Apresentação de comprovantes e documentos

> ; Forma de fiscalização

> ; Bonificações e prêmios

> Segurança do trabalho: PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção), PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)

> ; Inexistência de exclusividade de fornecimento

> ; Aditamento do contrato e aceite do serviço

> ; Multas e rescisão contratual

> ; Arbitramento e Eleição do Foro

Cláusulas especiais (somente para terceirização)

> ; Fornecimento de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e aprovação de projetos

> ; Possibilidade de "subsubempreitada" e de pacotes de serviço

> ; Garantia do serviço e assistência técnica


Fichas

Atente-se para cláusulas sobre mau funcionamento do sistema, subdimensionamento ou interrupção de energia
Rebaixamento de lençol freático
Os contratos para o rebaixamento de lençóis freáticos são firmados de acordo com a quantidade de equipamentos mobilizados para o serviço, a quantidade de ponteiras utilizadas ou perfurações para os poços. A contratação também leva em conta o prazo do sistema em operação, com a provisão de mão de obra especializada, aluguel de equipamentos e os materiais inerentes a cada sistema, como bombas de recalques ou ponteiras, escoras e reservatórios de água.
Atente-se para cláusulas sobre mau funcionamento do sistema, subdimensionamento ou interrupção de energia

O dimensionamento do conjunto de rebaixamento é de responsabilidade da contratada, mas é a contratante quem deve provisionar o tipo de serviço. "Muitas vezes as construtoras optam por realizar o serviço na fase de execução das fundações, o que representa um grande erro, já que o rebaixamento pode provocar adensamento em toda a área e entorno em função da retirada de água", diz o engenheiro Erisson Tirado Luduvice, gerente comercial da Solotrat. Devem estar previstas também cláusulas sobre a responsabilidade de possível mau funcionamento do sistema em estruturas adjacentes, subdimensionamento ou interrupções de energia elétrica.

Dimensionamento
Verifique a natureza do aquífero e frentes de percolação - a condição artesiana gravitacional, lençóis empoleirados ou suspensos.

Condições para a execução
A avaliação da permeabilidade e da drenabilidade da subsuperfície do terreno deve estar prevista no projeto. O contrato deve prever variáveis como quantidade extra de poços ou ponteiras, além de informações sobre o prazo de execução do serviço.

Atribuição de responsabilidades
É função do projetista ou consultor de fundações contratado pela construtora realizar os estudos para a contenção de taludes.

Especificação de materiais e de execução
Avaliação do tipo de terreno: estudo de subsolo, espessura das camadas, posição do nível d'água. Caso haja necessidade de escavação mais profunda, devem constar no contrato o custo do metro cúbico e forma de pagamento.

Instalações elétricas e hidráulicas
A principal vantagem desse tipo de contratação é poder contar com empresas especializadas na execução dos serviços, que agregam confiabilidade e velocidade às obras. Só que essa característica pode se perder com contratos que não especificam, por exemplo, os controles de qualidade necessários para a aceitação do serviço. Confira abaixo como contornar esses e outros aspectos críticos que envolvem serviços de instalações elétricas e hidráulicas:

Definição de fornecedor e fabricante e materiais
É necessário definir em contrato o tipo de fornecedor e fabricante de materiais a serem utilizados. Tanto para a parte de elétrica quanto para a de hidráulica, deve-se especificar que tipos de cabos e conexões vão ser empregados. Cabe lembrar que há grande diferença de qualidade entre os materiais oferecidos no mercado.

Controle de qualidade
É importante que as estruturas sejam testadas depois de prontas. Cheque também o atendimento das normas de instalações e de concessionárias locais. No contrato deve constar, por exemplo, a exigência do teste de estanqueidade.

Segurança e qualificação de mão de obra
O trabalho com instalações elétricas exige profissionais devidamente qualificados. No canteiro de obras, jamais deve ser autorizado o trabalho de pessoas não capacitadas para serviços de eletricidade. O contrato pode evitar problemas futuros ao deixar clara essa exigência da construtora.
Na contratação de serviços de instalações, pré-determine controles mínimos de qualidade



Instalações elétricas e hidráulicas
A principal vantagem desse tipo de contratação é poder contar com empresas especializadas na execução dos serviços, que agregam confiabilidade e velocidade às obras. Só que essa característica pode se perder com contratos que não especificam, por exemplo, os controles de qualidade necessários para a aceitação do serviço. Confira abaixo como contornar esses e outros aspectos críticos que envolvem serviços de instalações elétricas e hidráulicas:

Definição de fornecedor e fabricante e materiais
É necessário definir em contrato o tipo de fornecedor e fabricante de materiais a serem utilizados. Tanto para a parte de elétrica quanto para a de hidráulica, deve-se especificar que tipos de cabos e conexões vão ser empregados. Cabe lembrar que há grande diferença de qualidade entre os materiais oferecidos no mercado.

Controle de qualidade
É importante que as estruturas sejam testadas depois de prontas. Cheque também o atendimento das normas de instalações e de concessionárias locais. No contrato deve constar, por exemplo, a exigência do teste de estanqueidade.

Segurança e qualificação de mão de obra
O trabalho com instalações elétricas exige profissionais devidamente qualificados. No canteiro de obras, jamais deve ser autorizado o trabalho de pessoas não capacitadas para serviços de eletricidade. O contrato pode evitar problemas futuros ao deixar clara essa exigência da construtora.
Ao contratar o serviço de concretagem, preveja a aferição da resistência do concreto em cláusula contratual, a ser realizada por meio de ensaios de amostragem do produto no descarregamento



Concretagem
Construtoras e concreteiras devem definir em contrato os horários e datas de entrega do material, quantidades e preços, condições de pagamento, índices de reajuste e responsabilidades sobre as especificações técnicas e sobre as operações (transporte, descarga e aplicação). A usina é a responsável pela resistência do concreto, mas a construtora deve fornecer todas as informações técnicas exigidas, tais como abatimento, resistência característica, diâmetro máximo do agregado e relação água-cimento. Esse trabalho deve ser realizado por um projetista de estruturas contratado especificamente para verificar a qualidade do produto. "Procuramos especificar no contrato o prazo para descarregar o caminhão no canteiro, para garantir as propriedades de aplicação do produto", diz Kelly Guiherme da construtora Tarjab.

Dimensionamento de escopo
Verifique sobre a necessidade de bombeamento em pavimentos superiores para que seja incluída a taxa da bomba no valor do contrato. As concreteiras costumam cobrar adicional para entregas à noite e finais de semana, nos complementos de programação. Verifique a quantidade mínima dos complementos ou para as entregas noturnas e de finais de semana exigidas pelas concreteiras.

Especificação de materiais e execução
Defina o responsável pelas operações complementares como o lançamento e adensamento de concreto. A inclusão de aditivos no concreto fornecido pela concreteira deverá ser acordada previamente.

Licenças e franquias
Exija da concreteira as licenças de transporte bem como os ensaios de resistência do concreto.
Nos contratos de pintura, especifique o material a ser utilizado e o prazo de início e término do serviço


Serviços de pintura
Prazos de execução
À concreteira cabe o fornecimento em datas e horários previamente estabelecidos. Já a construtora fica responsável pelo adensamento no tempo de cura correto do concreto. A contratação de serviços de pintura em geral envolve empresas de pequeno porte, sem estruturas administrativas sólidas. Por meio de um contrato de prestação de serviços bem elaborado, o construtor pode evitar problemas, como a entrega de serviço com qualidade incompatível ou como o uso de materiais de menor durabilidade.

Definição do escopo
Com a tendência de customização de imóveis, a pintura torna-se uma tarefa ainda mais importante e complexa. O contrato deve definir claramente o escopo do serviço, ou seja, quais partes deverão ser pintadas, e como deverão ser pintadas.

Definição de materiais
Há ampla oferta de materiais para pintura, inclusive com qualidade e desempenho variáveis. Por isso, o material a ser utilizado deve ser especificado, incluindo o tipo de acabamento a ser empregado.

Forma de pagamento
Para segurança do contratante, o pagamento deve ser escalonado de acordo com etapas de conclusão do serviço.

Cronograma e garantias
O contrato deve definir prazos de início e término do serviço, bem como as garantias oferecidas.

Na mensuração do custo da escavação de subsolo, não considere o empolamento em medições por corte. Já em contratos por retirada de material, é preciso fiscalizar a "cheia" dos caminhões


Escavação de subsolo
Um contrato de escavação de subsolo deve ser realizado após a sondagem do terreno. Para a contratação, deve ser calculada a cota de fundo da escavação, prevendo o projeto de canteiro, os níveis de adensamento de solo da vizinhança, os tipos de movimento de terra e os equipamentos necessários.

Para a elaboração do projeto e acompanhamento da execução do serviço, é muito comum a contratação de um consultor. Nesse caso, as empresas de escavação atuam como prestadores de serviço e geralmente os custos são calculados por medição no corte, no qual não deve ser considerado o empolamento. São provisionados custos de mão de obra e os equipamentos a serem utilizados além do transporte do material, que pode ser contratado como serviço à parte.

Na ausência de um consultor, "a empresa contratada para realizar a escavação fica responsável por analisar os projetos de levantamento planialtimétrico e, assim, estabelecer a melhor forma de se executar o serviço", afirma Tathyana Moratti, mestre em gestão estratégica de suprimentos pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo). Para esse modelo, também é comum aferir a medição por material escavado, sendo verificada a quantidade de caminhão cheio.

Dimensionamento do serviço
Conforme estabelecido em contrato, cabe ao contratado realizar visita técnica para verificar o espaço disponível no terreno e quantificar o número de máquinas em operação. O escopo do serviço inclui ainda a quantificação do tempo do ciclo do caminhão (bota-fora, horário de realização do serviço e o tráfego existente na área).

Mão de obra
É preciso prever, em contrato, o risco de dias parados por conta de chuvas ou maiores volumes de solo devido à imprecisão do empolamento.

Licenças e franquias
A construtora é co-responsável pela destinação de resíduos e deve exigir do contratado as ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) e licenças ambientais.

Limpeza e retirada de entulho
Em contratos por empreitada global, o empreiteiro visa à retirada de grandes volumes por caminhão. É preciso cuidado na mobilização para evitar sujeira na vizinhança, pois a construtora está passível de multa. Em casos de contratos por volume retirado ou empreitada por viagem, é necessário maior controle da capacidade de carregamento do caminhão, assegurando a carga total e quantidade de viagens adequadas.
Nos contratos de serviços de impermeabilização, dê preferência por faturar os produtos diretamente com o fabricante para evitar tributação excessiva

Impermeabilização
O gestor de contratos deve fornecer os seguintes dados ao contratado: memorial descritivo ou projeto de arquitetura com as especificações da área a ser impermeabilizada, bem como as indicações de interferências estruturais e de instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias. Devem constar também informações sobre o tipo de processo utilizado, os métodos de execução, a quantidade do produto e o levantamento necessário de mão de obra para aplicação. Antes de contratar, a construtora pode solicitar ao prestador do serviço uma visita técnica ou ensaios em pequenas áreas.

Um modelo que tem se mostrado eficiente é a contratação separada de fornecimento de materiais, de mão de obra aplicadora e de fiscalização de execução do serviço. "O fabricante assegura a qualidade do material e nos apoia na especificação técnica e fiscalização da execução do serviço", diz Kelly Guilherme, gerente de suprimentos da Tarjab. Para Tathyana Moratti, mestre em gestão estratégica pela Poli-USP, o serviço contratado por preço global, a chamada empreitada, traz mais tranquilidade.

"O projeto de impermeabilização prevê a aplicação de produtos diferentes e, quando fornecidos pelo aplicador, a construtora pode ter mais facilidade em 'cobrar' o desempenho esperado", diz. Nesse caso, devem constar no mesmo contrato o custo de mão de obra, a quantidade de material utilizado, tempo de execução do serviço, provisão de ensaios e garantias, tanto de produto quanto de aplicação.

Atribuição de responsabilidades
Os contratos de projetista e aplicador são separados. Assim, solicite a cada um ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de projeto com base na NBR 9575:2003 Impermeabilização - Seleção e Projeto e ART de execução com base na NBR 9574/86 - Execução de Impermeabilização - Procedimento.

Prazos de execução
Estabeleça em contrato o prazo para a execução do serviço em vez de datas de início e término. Isso garante que a aplicação seja executada de acordo com o cronograma da obra, mesmo que haja atrasos por parte da contratante em liberar a área a ser impermeabilizada e, ainda, é possível prever multas e processos indenizatórios em relação ao prazo de entrega do serviço.

Opções de pagamento
Quando a contratação for realizada como empreitada, o material pode ser faturado diretamente com o fabricante para evitar tributação de impostos.

Condições de garantias
Cinco anos para o desempenho e defeitos do produto e 90 dias para reclamação junto ao prestador de serviço garantido pelo Código de Defesa do Consumidor, sendo que a extensão desse prazo também pode ser negociada e prevista em contrato. Já os danos provocados por uso inadequado da área impermeabilizada

No contrato de serviço de revestimento de fachada de pedras e granitos, especifique o sistema de colocação e os acessórios de fixação

No contrato de serviço de revestimento de fachada de pedras e granitos, especifique o sistema de colocação e os acessórios de fixação

Por Juliana Nakamura e Thays Tateoka
http://revista.construcaomercado.com.br/

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dinheiro limpo

Objeto de investigações constantes, o financiamento privado para campanhas eleitorais precisa ser cercado de muitos cuidados para não colocar em risco a imagem e a credibilidade das empresas doadoras


Embora seja uma prática corrente e legal, a doação de recursos para campanhas políticas é tratada como um tabu na maior parte das empresas. Isso pode ser constatado pela reatividade das construtoras quando abordadas para falar sobre o assunto. Procuradas pela reportagem de Construção Mercado, tradicionais doadoras como Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht limitaram-se a informar, via assessoria de imprensa, que realizam suas doações de acordo com o que é permitido pela lei.

A cautela em se pronunciar de forma mais aberta não deixa de ser uma constatação do quão nevrálgico é esse assunto para o setor privado. O apoio a candidatos alinhados com as ideologias e interesses pelas empresas é visto como uma atividade de alto risco, muito embora as contribuições realizadas de forma regular sejam um instrumento legítimo previsto pela legislação brasileira.

A construção civil é especialmente sensível a exigências e ingerências da administração pública, seja a empresa atuante no setor público, onde as contratações passam por procedimentos licitatórios, seja no privado, onde há licenças, autorizações, alvarás, fiscalizações etc. "Por isso, salvo empresas inescrupulosas, a preocupação das construtoras com os rumos das políticas públicas em suas áreas de atuação é natural", avalia Carlos Eduardo Moreira Valentim, especialista em direito administrativo do escritório Valentim, Braga e Balaban Advogados. "O apoio financeiro dentro do que prevê a lei não constitui qualquer irregularidade. Portanto, não deve macular a imagem institucional de nenhum setor econômico", acrescenta Denise Goulart Schlickmann, coordenadora de controle interno do TER-SC (Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina).

Excluindo os casos em que a transferência de recursos é motivada por má-fé, os problemas normalmente começam quando o ato de doar não é cercado dos cuidados necessários. Caso contrário, o índice de denúncias de irregularidades não seria tão elevado. Para se ter uma ideia, nos últimos seis meses, deram entrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) 1.528 recursos relativos a doadores que supostamente superaram o teto fixado pela Lei das Eleições.

As principais dificuldades se referem ao cumprimento das exigências legais, especialmente as relacionadas a pessoas jurídicas impedidas de fazerem doações, caso de concessionárias ou permissionárias de serviço público. Outro erro frequente, segundo Valentim, é o desrespeito à limitação expressa para doação, conforme definido pela lei 9504/97.

Para pessoas jurídicas, o teto é de 2% do rendimento bruto no ano anterior à eleição. "Ou seja, para as eleições deste ano, uma mesma empresa não pode doar mais do que 2% do seu faturamento bruto registrado em 2009, somando todas as doações realizadas em todo o País", revela Schlickmann. No caso de pessoa física, o limite é de 10% do rendimento bruto, obtido no ano anterior ao pleito.

Quem extrapola esse teto fica sujeito ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia doada em excesso, além de ficar sujeito à proibição de participar de licitações públicas e de celebrar contratos com o poder público pelo período de cinco anos. Para garantir o cumprimento dessa regra, TSE e Receita Federal têm cruzado informações das prestações de contas de candidatos e dos comitês financeiros dos partidos com os dados sobre o faturamento das empresas declarado à Receita.

Além de definir a quantia e o destinatário de sua contribuição, o doador de campanhas políticas precisa também estar muito atento ao cumprimento de algumas exigências por parte do candidato ou comitê de campanha. O candidato ou partido, por exemplo, deve abrir conta bancária com fins específicos para registrar toda movimentação financeira da campanha.

O financiador também deve ser rigoroso quanto aos recibos eleitorais. Com numeração seriada fornecida pelo TSE aos diretórios nacionais, os recibos são documentos oficiais que legitimam a arrecadação de recursos para a campanha. Não importa se a doação é feita diretamente aos candidatos ou aos comitês de campanha, se acontece mediante depósito em cheque, transferência eletrônica ou depósito em espécie. A emissão de recibo eleitoral para formalizar a doação é obrigatória.

No último dia 2 de março, o TSE aprovou resolução que dá um passo para coibir as chamadas doações ocultas nas eleições deste ano. Para distribuírem os recursos recebidos de pessoas físicas e jurídicas, os partidos deverão discriminar a origem e o destino do dinheiro arrecadado pelos comitês de campanha. Até então, os doadores faziam contribuições aos partidos, que repassavam aos candidatos, sem discriminar a origem. Em 2008, os partidos investiram por esse caminho R$ 258,9 milhões nas campanhas eleitorais em todo o País - 11,73% do total.

Principais regras da doação de recursos para campanhas eleitorais

1 - Toda doação a candidato ou a comitê financeiro deve ser feita mediante recibo eleitoral.

2 - É vedada a doação de:

* entidade ou governo estrangeiro;
* órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do poder público;
* concessionário ou permissionário de serviço público;
* entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal;
* entidade de utilidade pública;
* entidade de classe ou sindical;
* pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior;
* entidades beneficentes e religiosas;
* entidades esportivas;
* organizações não governamentais que recebam recursos públicos;
* organizações da sociedade civil de interesse público;
* sociedades cooperativas de qualquer grau ou natureza, cujos cooperados sejam concessionários ou permissionários de serviços públicos e estejam sendo beneficiadas com recursos públicos (lei 9.504/97, art. 24, parágrafo único);
* cartórios de serviços notariais e de registro;
* pessoas jurídicas que tenham começado a existir, com o respectivo registro, no ano de 2010.

3 - A arrecadação de recursos e a realização de gastos por candidatos (inclusive vices e seus suplentes, comitês financeiros e partidos políticos) só podem ocorrer após o cumprimento dos seguintes requisitos:

* solicitação do registro do candidato ou do comitê financeiro;
* inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica);
* abertura de conta bancária específica para a movimentação financeira de campanha;
* emissão de recibos eleitorais.


4 - As sobras de recursos de campanha, inclusive a constituída por bens estimáveis em dinheiro, devem ser utilizadas pelos partidos políticos de forma integral e exclusiva na criação e na manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política;

5 - As doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campanha ficam limitadas, no caso de pessoa física, a 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição. Já no caso de pessoa jurídica, o limite é 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição;

Penalidades:

* Pessoas físicas - A doação de quantia acima dos limites fixados sujeitará a pessoa física doadora ao pagamento de multa no valor de cinco a dez vezes a quantia em excesso, sem prejuízo de responder por abuso do poder econômico.
* Pessoas jurídicas - Além de estarem sujeitas à penalidade prevista para a pessoa física, as pessoas jurídicas que ultrapassarem o limite de doação estão sujeitas à proibição de participar de licitações públicas e de celebrar contratos com o poder público pelo período de cinco anos.

Por Juliana Nakamura via Construção Mercado

Importação de materiais

Orientações para comprar produtos no exterior: quando é vantajoso, quais os impostos incidentes e como ter garantias de qualidade

Importar materiais tem sido estratégia cada vez mais analisada por construtoras em busca de alternativas à alta da demanda e dos preços de materiais de construção civil no Brasil. Mas para que a complexidade dos processos de importação valha a pena, é preciso equacionar fatores como volume a ser importado, prazo de entrega, qualidade, tipo de produto, adequação do material às normativas brasileiras, câmbio e taxa de importação.

Em geral, a compra de insumos de construção civil no exterior é indicada quando há alguma deficiência no suprimento local, como, por exemplo, indisponibilidade de materiais e equipamentos, tecnologia ultrapassada, baixa qualidade e custos elevados. A prática também é recomendada para combater eventuais abusos de preços no mercado nacional.

Artigos com alto valor agregado, como cerâmicas, ferragens e metais, que no Brasil têm preços elevados principalmente pela falta de fabricantes e pela diferenciação dos insumos, ganham preferência nos processos de importação. Gruas, elevadores de carga, cremalheiras e máquinas para execução de fundações, por conta da escassez da oferta nacional, somam-se à lista dos itens mais procurados para além da fronteira brasileira.

Cada um desses produtos é ofertado por mercados mais ou menos especializados e, consequentemente, com melhores ou piores condições de oferta em relação à realidade brasileira. Atualmente, os maiores parceiros do Brasil na comercialização de materiais de construção são China e Turquia, com foco em aço, tubos e produtos de acabamento. Já a Polônia é muito competitiva em vidros.

Mas num mercado dinâmico como o de vendas internacionais, nada é estático e as melhores condições devem ser analisadas caso a caso. Um dos fatores determinantes para a viabilização da importação é a taxa do câmbio, que por estar atualmente favorável à moeda brasileira, tem estimulado a importação de itens da construção. De qualquer modo, vale a regra: quanto mais valorizado o Real, mais competitiva a importação.

Outro vetor de análise é a quantidade de insumos a serem adquiridos. Para que o esforço de atravessamento do produto mundo afora seja viável, é preciso haver escala. Alexandre Oliveira, presidente da CompraCon (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo) e proprietário da DMO Engenharia, tem testemunhado essa condição. Para três obras em andamento, necessita de duas mil unidades de um determinado tipo de chuveiro com baixo consumo de energia. Por ser um material muito leve e pequeno, a quantidade pedida é insuficiente. A saída tem sido identificar outras construtoras que precisem do mesmo item para juntar as solicitações via CompraCon. "Empresa sozinha não consegue trazer produto de fora. Não é tão simples assim. Fica mais fácil comprar coletivamente", conta Oliveira.

E se até no mercado doméstico a entrega dos materiais tem demandado prazos cada vez mais elásticos, é de se supor que a questão tempo é variável crítica num contexto de logística transnacional. Por isso, as importações devem ser evitadas quando a necessidade do produto é urgente, indicam especialistas, uma vez que os prazos de entrega têm pouca precisão. Também há riscos com atrasos dos navios e demora por parte da Receita Federal em liberar a mercadoria. Em geral, o prazo médio para que os produtos cheguem ao País depois de feito o pedido dos materiais aos fabricantes é de 60 dias.


Compra intermediada

Mas talvez o fator mais crítico em todo o processo de importação seja a qualidade. Como os produtos não são avaliados in loco, o risco de se comprar materiais diferentes do esperado não está descartado. Nesses casos, uma possível troca levaria um tempo que a construção não poderia esperar. Para evitar isso, a solução seria manter um estoque alto, o que elevaria muito os custos. Outro perigo grave é comprar itens não conformes às normas brasileiras, contrariando a lei. (veja boxe Produtos importados devem atender normas brasileiras.)

Alternativa eficaz é fazer a compra via uma empresa especializada, as chamadas tradings. "O papel da trading é garantir o que está sendo comprado desde o pedido até a entrega. Se o produto não chegar totalmente de acordo com o pedido do cliente, o risco é assumido de forma integral pela importadora", comenta Basílio Jafet, diretor da área de material de construção da trading Comexport, que fechou recentemente acordo com a CompraCon do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Oliveira, presidente da cooperativa de compras, enfatiza que uma das maiores vantagens de negociar com uma trading confiável é a certeza de que não se comprará "gato por lebre", ou seja, a compra sairá a preço justo e deve chegar sem problemas a seu destino. "Existem muitos detalhes que emperram ou atrasam o processo de importação, como o acondicionamento em contêineres, uma eventual chegada do material em um porto fora do estado de origem da empresa, o que implica maior tributação, por exemplo. A ideia é que essa assessoria evite problemas dessa natureza", ressalta.

Além disso, para Oliveira, se comparada a uma compra conjunta, a alternativa de intermediação de uma empresa especializada preserva mais a relação empresa-fornecedor, evitando os inevitáveis desgastes de uma aquisição em grupo por eventuais discordâncias.

Pierre Tavares, diretor da empresa Linea Trading, especializada em comércio internacional, explica que como a diversidade de produtos importados no segmento de construção civil é muito grande, as tradings buscam identificar tendências do mercado. Isso acontece hoje com o aço, que já apresenta custos, em dólares, 50% abaixo do mercado nacional. "A facilitação da importação advém do conhecimento da trading de fazer as importações com agilidade e com redução de custos, por meio de incentivos à importação que a própria empresa detém e que podem ser repassados aos clientes", afirma Tavares.


Custos

Mas toda essa assessoria tem preço. Os valores cobrados pelas tradings pela intermediação nas compras são completamente diferentes de uma operação para outra e dependem de quesitos como volume, disponibilidade, transporte, impostos etc. Assim que recebe a consulta do cliente, a trading analisa as características do produto, como, por exemplo, sua classificação fiscal (Nomenclatura Comum do Mercosul, ou NCM). Esse é o ponto de partida para avaliar se o produto apresenta vantagens de preço em relação ao produto nacional.

Quando se tem a ideia clara do material a ser adquirido, a trading produz um estudo minucioso de importação, apresentado em planilha com mensuração de todos os impostos incidentes na operação, os custos aduaneiros e eventualmente reduções tarifárias que possam ser aplicadas ao produto. Os principais impostos pagos em um processo de importação são o II (Imposto de Importação), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS e PIS/Cofins. Existem ainda custos de frete, fundo de reserva da Marinha Mercante, custos portuário e de desembargo da mercadoria.

"Procuramos adequar a necessidade de transporte com as melhores condições tributárias. Geralmente, as importações pelas tradings acontecem via uma carta de crédito, que atrela as especificações do pedido com o material que será importado. Também há políticas de incentivos estaduais, às quais se deve ficar atento. O Estado de Santa Catarina promove a redução dos impostos portuários para atrair negócios", explica Alexandre Nunes, gerente de negócios da Linea Trading.

Além dos custos para remuneração do fornecedor e frete internacional, o processo de importação prevê custos para a nacionalização. No caso dos vergalhões de aço, por exemplo, além dos impostos normais incidentes é cobrado um imposto de importação de 12%, como medida protecionista aos três fabricantes nacionais. As tarifas portuárias são bastante significativas.

A decisão de fazer a importação por conta própria ou por meio de um intermediário é livre e legal. O site da Receita Federal informa, entretanto, que tanto o importador quanto o adquirente devem lidar com os aspectos tributários dessas operações, para que não sejam surpreendidos pela fiscalização, sob pena de autuação e até mesmo apreensão das mercadorias. Hoje em dia, estão regularizadas pela Receita Federal duas formas de terceirização das operações de comércio exterior, conhecidas como "importação por conta e ordem" e "importação por encomenda".

Em relação à fiscalização da qualidade dos materiais, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) funciona como órgão anuente, estabelece uma série de normas para a importação e certifica os produtos por meio de empresas acreditadas atestando sua qualidade. Antes de importar, todas as empresas devem verificar quais normas regulamentam os produtos solicitados. Os materiais e equipamentos que estão em processo de importação devem estar em conformidade com as Normas Técnicas Brasileiras da ABNT.

O acerto de equivalência quanto às certificações dos produtos comercializados pode ser feito previamente, entre as empresas adquirentes e os exportadores, segundo regras técnicas já estabelecidas pelas normas oficiais de cada país.

Produtos importados devem atender às normas brasileiras
Na avaliação da qualidade dos materiais importados, o fator adequação dos itens às normas brasileiras é condição para a importação. Antes de efetivar a compra, é imprescindível verificar quais normas regulamentam os produtos solicitados. Com base nessa informação, é possível checar se os itens estão em conformidade com as Normas Técnicas Brasileiras da ABNT (Associação brasileira de Normas Técnicas), como manda a lei.


O ideal é estar sempre em contato com um laboratório nacional capaz de orientar quanto aos ensaios necessários para cada tipo de produto e as normas que tanto os materiais quanto os equipamentos têm de atender. "Existem organismos internacionais acreditados pela OMC [Organização Mundial do Comércio] que atestam a qualidade dos produtos embarcados. Se a compra for bem conduzida, praticamente não existem riscos", afirma Sarkis Nabi Curi, presidente da CBIC e da Comat (Comissão de Materiais e Tecnologia). Todo e qualquer produto importado deve passar pelo crivo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que certifica os produtos por meio de empresas acreditadas atestando sua qualidade.

Recentemente, a questão da normatização de produtos estrangeiros provocou polêmica no porto de Vitória, Espírito Santo. No dia 12 de dezembro, uma carga de 15 mil t foi retida no cais de Capuaba e, a pedido do Instituto Aço Brasil, a Justiça brasileira instaurou uma ação cautelar de produção antecipada de provas para apreensão da mercadoria e realização de prova pericial. Um laudo preliminar do perito José Lage Moreira apontava uma série de problemas na carga, como falha de padrão nas bitolas dos feixes de aço, todas fora das especificações do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), e trincas nas barras de 10 mm quando submetidas ao ensaio de dobramento.

Entretanto, o Instituto Falcão Bauer confirmou ter realizado ensaios de aço na Turquia e atestado de boa qualidade do produto na época, e está tomando todas as medidas necessárias para apurar os fatos. "Em função de denúncia recebida, efetuamos uma amostragem de todo o material retido no porto de Vitória e enviamos a um laboratório acreditado para realização dos ensaios necessários", explica Paulo Facchini, gerente de certificação do Instituto Falcão Bauer. Atualmente, o instituto está com um auditor e especialista na Turquia para realizar nova auditoria e novos ensaios para a manutenção da certificação.



Entidades organizam importação conjunta


A importação de materiais via entidades de classe pode facilitar o processo de aquisição de mercadorias no mercado internacional. Na CompraCon (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo), a importação é intermediada pela trading Comexport e engloba insumos como aço e tubos e produtos de acabamento, porcelanato, louças e metais sanitários, entre outros. Cada construtora associada ao CompraCon negocia separadamente com a Comexport, acertando diretamente todos os detalhes de um ou mais produtos a serem adquiridos. O convênio garante um preço melhor no tocante à taxa de serviços, cobrado de acordo com o tipo de insumo e volume negociado.

Já na CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), que no ano passado convocou construtoras interessadas em participar da importação de vergalhões de aço CA-50, o modelo de compras prevê que os produtos sejam escolhidos por meio das Coopercons (cooperativas criadas para atuarem como braço de negócios da CBIC). Esses coletivos detectam junto às construtoras as necessidades ou anomalias de mercado. Se a importação for viável, são formados pacotes de compras com as construtoras interessadas.

Por Vinicius Abbate, via Construção Mercado