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terça-feira, 21 de julho de 2009
Como levantar as quantidades de impermeabilização
Saiba como levantar as quantidades dos serviços de impermeabilização
O primeiro passo para o levantamento de quantidades dos serviços de impermeabilização para efeito de orçamento e contratação dos serviços é a obtenção dos seguintes dados pelo orçamentista: projeto de execução de impermeabilização, memorial descritivo de especificações dos materiais e dos processos executivos, além do projeto de arquitetura executiva com as indicações das interferências estruturais e das interferências das instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias.
É recomendada a leitura das normas Impermeabilização - Seleção e Projeto (ABNT - NBR 9575: 2003) e Execução de Impermeabilização (ABNT - NBR 9574: 2008). Elas descrevem os tipos de processos de impermeabilização, os métodos de execução, as recomendações para a execução de um projeto adequado, as exigências e as recomendações construtivas que devem ser levadas em conta nos levantamentos de quantidades, assim como na sua execução.
Verifica-se que na prática as empresas construtoras não realizam o projeto como prática usual, apesar do serviço de impermeabilização representar 1,5% a 3,5% do custo total da construção, e ser um dos principais fatores de patologia e de despesas de manutenção após a conclusão da obra.
Cabe ao orçamentista, além da insistente e perseverante busca das informações adequadas, trabalhar para a conscientização dos representantes técnicos da construtora da necessidade e das vantagens advindas de um projeto adequado, e que poderá ser replicado para os demais empreendimentos da empresa.
Recomendo como alternativa para a obtenção dos dados para os levantamentos, na ausência de projeto, o desenvolvimento de um memorial técnico onde constam os compartimentos que serão impermeabilizados, os tipos e os materiais de impermeabilização que serão adotados, os processos executivos e os detalhes relevantes. Esse memorial deve ser elaborado com a participação do engenheiro responsável pela obra e por um consultor de impermeabilização ou de empresa especializada.
De posse dos dados, são realizados os levantamentos de quantidades que devem ser feitos de forma a minimizar a possibilidade de erros de levantamentos ou omissões de compartimentos.
Recomenda-se o desenvolvimento de uma planilha eletrônica, na ausência de um programa específico de levantamento, onde conste, além dos dados do empreendimento, data, assinatura do responsável pelo trabalho, e os seguintes elementos: descrição dos compartimentos; descrição dos tipos de impermeabilização; perímetro do compartimento; área do compartimento; viradas nas paredes do compartimento; avanço nos vãos ou nas áreas contíguas; medidas dos descontos de vãos e interrupções; e resultados dos cálculos das áreas e perímetros para a execução da impermeabilização.
O resultado dessa planilha deve permitir a apresentação de relatório de quantidades por compartimento, por pavimento, do total levantado, e por tipologia de impermeabilização. Como exemplo, confira a planilha com a simulação de um levantamento hipotético de impermeabilização de uma edificação com subsolo, térreo, pavimento comum, cinco pavimentos-tipo e telhado. Esse tipo de levantamento possibilita a rastreabilidade do levantamento das quantidades, e a equalização das quantidades quando da realização da licitação para a contratação dos serviços.
Os levantamentos devem ser compatíveis com as metodologias adotadas pelo mercado quanto à discriminação dos serviços, os critérios de medição e a forma de pagamento. Os levantamentos orçamentários devem ser entendidos como previsões que serão consolidadas na contratação dos respectivos serviços sem que ocorram diferenças relevantes de processos, de quantidades e de custos.
Quanto à metodologia dos processos nas edificações, não verificamos ainda uma padronização consolidada para as pequenas empresas, onde muitas vezes cabe ao engenheiro da obra, ou à empresa especializada contratada, as definições dos sistemas e processos executivos.
A norma Impermeabilização - Seleção e Projeto (ABNT - NBR 9575: 2003) descreve detalhes construtivos que o projeto de impermeabilização deve atender, como por exemplo:
> Impermeabilização nos planos verticais com altura mínima de 20 cm acima do piso acabado ou 10 cm no nível máximo que a água pode atingir (constatamos na prática do mercado construtivo a adoção de virada de no mínimo 30 cm).
> Quando houver tubulações de água quente embutida, deve ser prevista proteção adequada dessas, para a execução da impermeabilização.
> A impermeabilização deve ser executada em todas as áreas sob enchimento, e recomenda-se executá-las também sobre o enchimento.
Para finalizar, lembramos que a importância dos levantamentos de quantidades não se restringe à precisão das previsões orçamentárias que servirão para o planejamento da obra. Sua importância é extensiva ao desempenho e ao resultado da construção pela referência de sua quantidade na contratação dos serviços. A margem de erro na precisão desses levantamentos influi diretamente no resultado financeiro da contratação desses serviços.
Pedrinho Goldman, engenheiro civil, doutorando em engenharia civil pela UFF-RJ (Universidade Federal Fluminense), diretor da Pekman Engenharia e autor do livro "Introdução ao Planejamento e Controle de Custos na Construção Civil", da Editora PINI.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Impermeabilização
É preciso atentar para o fato de que é um engano pensar que azulejos e cerâmicas garantem a proteção da parede ou do piso contra infiltração de água.
Em prédios ou residência com dois ou mais andares deve-se prever uma proteção adequada de pisos e paredes em contato direto com a água, de forma a impedir a infiltração para os pavimentos inferiores ou ambientes contíguos, como é o caso de banheiros, cozinhas, chuveiros, lavanderias, etc.
Nos casos comuns recomenda-se utilizar, nos pisos e paredes, argamassa de revestimento traço 1:3 (cimento e areia) com aditivo impermeabilizante. Pode-se ainda, visando uma melhor impermeabilização da laje, ou nos casos mais graves como sanitários e chuveiros públicos, em clubes, saunas, etc. utilizar tinta betuminosa ou feltro asfáltico aplicado diretamente sobre a laje, antes do contra-piso. Esse material deve ser empregado nas juntas de encontro da laje com tubulações e ralos que dela se sobressaem, como descidas de vasos sanitários e caixas sifonadas, subindo-se com esse material pelas paredes dessas tubulações.
Impermeabilização
Se bobear a água toma conta!
Fase importantíssima! Uma vez que moramos em um país tropical, não dá para brincar com a chuva.
A impermeabilização começa com uma boa inclinação das lajes e com a definição bem localizada dos pontos de coleta da água (ralos). Com o piso da laje nivelado, com o arredondamento dos cantos vivos das platibandas e definido os caimentos, aplica-se o primer (composto por asfalto oxidado diluído em solventes orgânicos) que dará aderência para a manta asfáltica ao concreto. Finalmente, aplica-se com a ajuda de um maçarico a manta propriamente dita.
Há no mercado uma infinidade de materiais impermeabilizantes e alternativas.
Cada região e clima acabam demandando uma solução própria.
Consulte um especialista e procure por materiais com a certificação do Inmetro.
Impermeabilizantes
O principal objetivo de um sistema impermeabilizante é garantir estanqueidade à passagem de fluídos e vapores, especialmente a água.
Na construção civil, impermeabilização é sinônimo de prevenção e economia. Aplicado adequadamente, o impermeabilizante proporciona maior durabilidade às superfícies tratadas, reduzindo a freqüência de manutenção e dificultando o surgimento de bolores e fungos prejudiciais à saúde humana.
É preciso impermeabilizar todas as áreas passíveis de contato com água, tais como cozinhas, banheiros, lajes, piscinas, reservatórios de água, muros de arrimo, varandas, jardineiras e etc. E, para garantir um resultado eficaz, é fundamental que os produtos sejam aplicados por profissionais qualificados.
Em artigo intitulado "IMPERMEABILIZAÇÃO É FUNDAMENTAL PARA CONSERVAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES" o Eng. Civil Sandro Paulo Marques de Nóbrega aborda o assunto de forma clara e didática, veja:
" A falha da impermeabilização nas edificações, ou a falta dela, acelera problemas e mexe no bolso de proprietários e inquilinos de imóveis. Isto acontece porquê, apesar de constar de obrigatoriedade de diversas leis, federais, estaduais e municipais, a maioria das pessoas desconhece o assunto.
Além disso, por diversos motivos, grande parte do pessoal envolvido, seja proprietário de empreendimento, seja pessoal técnico, ignora o tema, que deveria ser abordado em projeto específico de impermeabilização, durante a elaboração dos projetos complementares e do detalhamento do projeto arquitetônico executivo.
Pode-se enumerar diversos problemas (vícios construtivos) recorrentes em obras, pela falta do referido estudo:
*Falta de vedação no perímetro das esquadrias
*Pingadeiras mal instaladas, com desenho inadequado ou ausência das mesmas
*Pintura com qualidade inferior
*Falta de calhas e rufos, bem como da sua adequada instalação
*Revestimento de paredes (reboco) com relação cimento/areia (traço) inadequado
*Aplicação de pinturas em épocas impróprias
*Falta de impermeabilização ou sistema inadequado em banheiros, cozinhas, áreas descobertas, fundações, pisos etc.
*Detalhes de execução de impermeabilização não confeccionados
*Demolições parciais para adequação da impermeabilização
Normalmente (e quase que constantemente), encontra-se diversos tipos de problemas nos imóveis, provenientes das falhas citadas anteriormente, dentre elas:
*Desagregação do reboco
*Mofo na pintura, inclusive no interior das edificações
*Corrosão nas estruturas de concreto
*Apodrecimento de partes de madeira
*Surgimento de diversos tipos de microrganismos, danosos à saúde dos viventes e à edificação
As principais conseqüências podem facilmente ser sentidas:
*Encarecimento da obra, resultante de demolições desnecessárias
*Encarecimento da manutenção do imóvel, para repinturas (geralmente com vida útil bem menor do que o que seria recomendável)
*Necessidade de reforço e recuperação de estruturas de concreto, geralmente tão caro quanto construir uma estrutura nova
*Problemas de saúde para os ocupantes do imóvel
*Substituição precoce de partes da construção, tais como portas, batentes, madeiramento da cobertura, pisos etc.
*Apodrecimento de móveis e objetos e documentos pessoais
*Necessidade de refazimento de partes de alvenaria e ou revestimentos de paredes e tetos
*Comprometimento da estética da edificação
*Perda de receitas com aluguéis
*Perda de valor do imóvel
*Prejuízos a terceiros
*Ações judiciais
Todos estes problemas poderão ser evitados, desde que se tome algumas atitudes, dentre as quais pode-se citar:
*Contratar projeto de impermeabilização
*Sempre contratar profissionais habilitados para dirigir os trabalhos
*Fazer integração dos projetos executivos
*Aplicar produtos de qualidade assegurada na obra
*Contratar empresa de impermeabilização especializada
*Seguir as normas técnicas vigentes
*Fazer inspeção e manutenção periódica, visando prevenir gastos
*Manutenção periódica da pintura, da cobertura e da edificação como um todo
Pelo que se expôs, pode-se apreender que mais barato e cômodo é prestar uma atenção especial a esses detalhes, com ênfase na inspeção periódica da edificação, tanto no que diz respeito à pintura e impermeabilização, como também em instalações hidráulicas, aterramentos, pára-raios, calçadas, rufos etc. pois, de uma forma ou de outra, todos estes itens influenciam, de uma forma ou de outra, na eficiência da impermeabilização e, por extensão, da conservação das edificações. "
Hoje existem no mercado diversos materiais e técnicas que podem ser utilizados como impermeabilizantes.
Alguns tipos de mantas asfálticas utilizadas como impermeabilizantes:
Fonte: Eng. Luiz Carlos Thiers Silva, Mestre de Obra
segunda-feira, 15 de junho de 2009
A banalização da recuperação estrutural !
Sem duvida a infiltração é a causa ou o meio necessário para a grande maioria das patologias em edificações. Dentre as diversas, podemos destacar o ataque as estruturas de concreto armado.
A água como eletrólito da corrosão.
A água é um meio condutor de eletricidade devido á sua carga natural de íons Cálcio, Magnésio, Sódio, Bicarbonato, Sulfato, Cloretos e Nitratos. Sem dúvida, os cloretos são os que se relacionam mais com a corrosão, já que, como outros íons, aumentam a condutividade elétrica da água, facilitando enormemente o fluxo da corrente de corrosão. Também reduzem, de forma significativa, a proteção de filmes ou películas de proteção aplicadas, pois, por aí permeiam facilmente. Os íons nitratos, como os sulfatos, são tão perigosos quanto os cloretos para o aço. Apresentam –se, entretanto, em menores concentrações. Na prática, águas com alta concentração de sulfatos atacam o concreto. O pH da água raramente foge do em torno a 4,5 – 8,5. De todos os gases dissolvidos na água, o OXIGÊNIO ocupa posição especial porque é um tremendo estimulante á corrosão. Um concreto bem dosado, com recobrimento e fator a/c (água/cimento) adequados, inclusive ao ambiente, estará protegendo suas armaduras da corrosão pelo fato de fornecer um ambiente envolvente altamente alcalino, com um pH entre 12 e 13. No entanto, quanto mais permeável for a camada de recobrimento mais o concreto tornar-se-á “molhável”, permitindo fácil acesso á água e aos gases, como o oxigênio, através de sua rede de vazios. Comumente, no entanto, ter-se-á, sempre, trincas e/ou fissuras em sua superfície, devido a processos de cura insuficientes ou mesmo inexistentes, fazendo com que aqueles elementos tenham fácil e rápido acesso ás armaduras.
Além de ser um dos principais “elos” da corrosão, a água também pode corroer o concreto. A medida em que a água vai infiltrando, ela dissolve o Oca (dando hidróxido de cálcio), e também a sílica, tornando o concreto cada vez mais poroso, conseqüentemente mais fraco. O dióxido de carbono na atmosfera reagirá com a umidade (devido a infiltração) existente no interior dos poros da estrutura, convertendo o hidróxido de cálcio com alto pH, em carbonato de cálcio que tem pH mais neutro. (pH diminui inicia a corrosão). Observe que voltamos ao ponto inicial, CORROSÃO.
Corrosão – Transformação do metal em compostos de propriedades menos desejáveis (normalmente, a oxidação para voltar a ser o mineral do qual foi extraído. Retorno ao seu estado natural mais estável).
Uma força “invisível”.
Todo este processo contribui para o aumento significativo da desagregação do concreto. Esta desagregação se inicia na superfície com uma mudança de coloração seguida de um aumento na espessura das fissuras entrecruzadas, que costumam aparecer.
Nas regiões em que o concreto não é adequado, não recobre ou recobre deficientemente a armadura, há a formação de óxi-hidróxidos de ferro, que passam a ocupar volumes de três a dez vezes superiores ao volume original do aço da armadura, podendo causar pressões de expansão superiores a 15 Mpa.
Estas tensões provocam inicialmente a fissuração do concreto na direção paralela a armadura corrida, o que favorece ainda mais a carbonatação e a penetração de agentes agressivos, causando o lascamento do concreto.
O comprometimento do desempenho da estrutura e o constrangimento psicológico.
É sabido que o concreto armado só funciona como um sólido composto (ou seja, como é calculado) quando há perfeita aderência entre o concreto e o aço. É comum encontrarmos condomínios com a filosofia – Isso pode esperar mais um pouco, não vai cair etc!. Esperando o momento “certo” para intervir, deixando muitas vezes os condôminos sem sono. Mas devemos alertar, que em geral, os problemas patológicos são evolutivos e tendem a se agravar com o passar do tempo, além de acarretarem outros problemas associados ao inicial.
Pode-se afirmar que as correções serão mais duráveis, mais efetivas, mais fáceis de executar e muito mais baratas quanto mais cedo forem executadas. A demonstração mais expressiva dessa afirmação é a chamada “lei de Sitter” que mostra os custos crescendo segundo uma progressão geométrica.
Dividindo as etapas construtivas e de uso em quatro períodos correspondentes ao projeto, à execução propriamente dita, à manutenção preventiva efetuada antes dos primeiros três anos e à manutenção corretiva efetuada após surgimento dos problemas, a cada uma corresponderá um custo que segue uma progressão geométrica de razão cinco (5).
Segundo SITTER, colaborador do CEB – Comitê Euro-international du Béton – formulador dessa lei de custos amplamente citada em bibliografias especificas da área, adiar uma intervenção significa aumentar os custos diretos em progressão geométrica de razão 5, o que torna ainda mais atual o conhecido ditado popular “não deixes para amanhã o que se pode fazer hoje”, por cinco vezes menos.
A boa vontade que pode sair muito caro.
Síndico precavido, econômico, há anos mantendo uma administração enxuta. Um belo dia se depara com as lajes e vigas de suas garagens em processo de corrosão e desplacamento. Certamente, já sabe o que fazer. Deixa recado com o porteiro para encontrar o Sr. Das obras, que há anos ronda o condomínio e adjacências. “Profissional” barato, de confiança, muito bom por sinal. Entretanto, esquece que o Sr. Das obras é um bom executor, mas não detém conhecimentos técnicos que os diversos serviços de engenharia requer. Continuando, lá vão, síndico e Sr. Das obras a loja de materiais de construção mais próxima. O resultado? Compram os mais diversos materiais. Aquele do comercial Dr, diz o Sr. Das obras. Satisfeito com a “economia” e com a orientação sugerida pelo balconista da loja, seguem para a execução da “maquiagem estrutural”.
- Remoção do concreto danificado pela corrosão, remoção das carepas de corrosão, pintura inibidora polimérica ou anticorrosiva, aplicação da argamassa de reparo. Pronto !!! agora é só pintar Dr.
Bem Sr. Síndico, devemos lhe informar que o termo “recuperação estrutural” aplicado em uma estrutura, motivado por processo de corrosão em suas armaduras significa a restituição da sua integridade em todos os sentidos, seja o físico e químico, sempre considerando-se que um processo é uma série de fenômenos sucessivos com nexo de causa e efeito. A restituição das seções do aço e do concreto, danificados por processos de corrosão nas armaduras, representa nada mais nada menos do que o efeito. E a causa ? Bem, a causa da corrosão nem todos sabem, mas, é de origem eletroquímica, somente neutralizada por processo eletroquímico. Por que apenas tratar os efeitos? Evidentemente, esta forma de recuperação estrutural conduz ao aceleramento da deterioração da estrutura.
Todo problema patológico, chamado em linguagem jurídica de vício oculto ou vício de construção, deve ser acompanhado ou executado por um profissional devidamente habilitado.
O conhecimento da patologia da construção é indispensável, em maior ou menor grau, para todos que trabalham com recuperações e construção. Quando se conhecem os defeitos que uma construção pode vir a apresentar e suas causas, é muito menos provável que se cometam erros.
Voltando dias depois para ver o serviço do Sr. Das obras e do Síndico econômico, nos deparamos com o seguinte quadro: Utilização de argamassa com altíssima resistência a compressão, invariavelmente duas a três vezes superior ao do concreto original. Em outras palavras, sua relação tensão – deformação (módulo de elasticidade) é totalmente diferente da base, dando como resultado uma transmissão de carga mais intensa e sujeitando-a a um descolamento prematuro. Bem mais impermeável que o concreto da base, possui uma rede de vazios bem inferior. O resultado é um comportamento dimensional (coeficiente de dilatação térmica-relaxação-fluência) anômalo, não tão importante para espessuras correspondentes ao recobrimento, mas extremamente prejudicial para espessuras mais profundas, onde o volume de cargas é mais intenso. Na verdade, o que se deseja é uma boa aderência, uma massa similar á original, uma cura adequada (retração por secagem) e a efetiva neutralização da corrosão através de um processo eletroquímico. Tudo a mais influencia o comportamento dimensional da peça estrutural, devido a falta de cuidado em tentar compatibilizar a recuperação.
A incompatibilidade nas recuperações em todos os segmentos da área é muito comum.
Mas este será o nosso próximo assunto, não recupere antes do próximo artigo
Por Leonardo Zapla
Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla Serviços Especiais para Engenharia.
(21) 2548 –0523
Visite: http://www.zapla.com.br
http://www.produtoszapla.com.br
Na luta contra as infiltrações!
Essencialmente, a água poderá ocasionar a infiltração através de três caminhos distintos: por meio de trincas e rachaduras, pelos poros do material e ainda por falhas que este material possua como, por exemplo, brocas, ninhos no concreto e fendas junto às armaduras. Os principais vilões dessas infiltrações são os vícios construtivos, ou seja, defeitos originados no próprio processo construtivo (erro de projeto ou de execução) ou adquiridos ao longo do tempo (desgastes naturais, utilização, manutenção ineficiente, agressões).
Mas se os cuidados necessários para a prevenção não foram seguidos corretamente, não adiantará chorar sobre o leite – ou melhor, a água – derramada. Afinal, só haverá uma alternativa: resolver o problema! Neste caso, o síndico se vê no meio de uma enxurrada de informações e é o responsável em decidir qual será a alternativa ao mesmo tempo mais eficiente e não muito dispendiosa para todos. Há mais de 10 anos, os Estados Unidos e alguns países da Europa fazem uso de um sistema impermeabilizante chamado de Grauteamento Químico (injeção de resinas) – mais conhecido como injeção de poliuretano hidroativado – destinado a resolver problemas de infiltração em reservatórios e estruturas de um modo geral, que impermeabiliza profundamente o interior da própria estrutura.
O Poliuretano Flexível nada mais é que uma resina líquida hidrófoba, ou seja, imune à penetração de líquidos e projetada para acabar com todos os tipos de vazamentos ou infiltrações de maneira profunda. Ele contém um aditivo chamado WD, capaz de quebrar a tensão superficial da água e fazer com que ela seja facilmente desalojada de onde quer que esteja surgindo. Desta forma, é realizada uma rápida colmatação das trincas, fissuras e cavidades no interior do concreto.
Ao entrar em contato com a água/umidade, esta resina promove uma reação expansiva quase instantânea, através da formação de uma densa barreira sólida de espuma com células fechadas – preenchendo e impermeabilizando trincas, fissuras e poros por onde a água tiver acesso. Ideal para ações contra vazamentos/umidade de água em lajes de playgrounds, garagens, túneis, caixas de passagens, poços de elevadores, reservatórios, eletrodutos, cabos de força e telefones. Adesivo e penetrante, o poliuretano desenvolve um profundo trabalho de ancoragem em ambos os lados da fissura injetada. Como conseqüência, promove uma tenaz aderência em praticamente todos os substratos, estejam secos, molhados ou úmidos.
Com as infiltrações, os prejuízos são progressivos
A aplicação é feita através de injeção, em quaisquer trincas, fissuras, ninhos de concretagem, juntas frias, juntas de dilatação e demais formas de surgimento de água. Por se tratar de um produto hidrófobo (repelente), como já foi dito antes, e não hidrófilo (absorvente), o poliuretano não necessita de água para promover a sua expansão. Caso contrário, o seu volume expansivo seria dependente da quantidade de água existente nas estruturas. Logo: pouca água, pouca expansão. Um outro fator bastante preocupante nos produtos hidrófilos, é que o seu volume acabaria sofrendo uma certa retração com o tempo, pelo seguinte: poliuretanos hidroexpansivos hidrófilos, ao contrário dos hidrófobos, têm seu processo de expansão condicionado ao volume d’água existente no interior do concreto. Isso significa que, se houver pouca água, o volume da espuma será pequeno. Muita água possibilitará o desenvolvimento de um volume de espuma padrão, algo em torno de 30 vezes o volume de poliuretano injetado. Traduzindo: a esponja formada pelo poliuretano hidroexpansivo hidrófilo é constituída à base de moléculas d’água e, portanto, sofre os efeitos adversos dos ciclos de secagem/molhagem que toda estrutura hidráulica se submete. Por isso, na medida em que o nível d’água cai ou a superfície do concreto aquece, a água pendurada na cadeia da esponja volatiza ou evapora, fazendo com que sofra retração e torne aquela região permeável novamente ao fluxo d’água.
Outra constante preocupação que envolve a questão da impermeabilização seria a inevitável quebradeira sobre a qual o condomínio estaria sujeito no intuito de resolver as infiltrações. Bem, não necessariamente. Justamente, pelo fato de sua aplicação ser feita por injeção, não há a necessidade de que a parte superior sobre a laje de concreto a ser tratada (pisos nobres, cerâmicas, pedras portuguesas etc.) seja quebrada para que seja aplicada uma manta asfáltica ou algo parecido. Nem mesmo é necessário a retirada de plantas, terra das jardineiras, água das piscinas e reservatórios.
Não há dúvidas de que as infiltrações são capazes de grandes estragos dentro dos condomínios. Um deles é quando elas acontecem na laje da garagem, quando está localizada especialmente logo abaixo de playgrounds. Os resultados mais comuns são: manchas localizadas em forma de elipses (neste caso, geralmente o vazamento está no centro da figura, e é causado por falha de concretagem), manchas lineares (indicam fissura na impermeabilização) e estalactites de carbonato brancas (indicam exatamente o ponto de passagem da água). Esta última ocorre devido à dissolução da cal liberada na hidratação dos silicatos de cálcio do cimento. Esta cal dissolvida, ao chegar na superfície do concreto, é carbonatada pelo CO2 da atmosfera, tendo como conseqüência o aparecimento de tais estalactites.
Este silencioso efeito patológico pode levar os síndicos ao tribunal, pois as estalactites de carbonato são capazes de queimar a pintura dos carros lá estacionados. O síndico, por sua vez, poderá ser obrigado a diminuir o número de vagas em virtude das goteiras corrosivas, e daí em diante serão sempre mais prejuízos... Não devemos esquecer ainda que, além de todos os transtornos trazidos pelas infiltrações, um dos mais sérios é o ataque às armaduras de lajes, vigas e pilares de concreto. O resultado? O comprometimento da estrutura da edificação. Mas este será o nosso próximo assunto, por isso não toque na sua estrutura antes do próximo artigo.
Por Leonardo Zapla
Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla Serviços Especiais para Engenharia.
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Impermeabilização - Parte IX
Impermeabilização - Parte VIII
Atualmente é comum vermos uma edificação com 15 ou 20 escritórios parceiros projetando os mais diversificados detalhes.
Os detalhes só serão deixados de lado enquanto olharmos para eles como apenas detalhes.
Preocupações como todas as citadas neste texto, são inadiáveis e suas soluções são fundamentais para uma obra mais barata, de melhor qualidade, entregue em menor prazo e um cliente muito mais satisfeito.
Impermeabilização - Parte VII
Tratamos aqui da impermeabilização de reservatórios elevados moldados em concreto. As recomendações dadas para a concretagem das peças da piscina devem ser seguidas também para este caso. No piso interno do reservatório será aplicada uma camada de cimento e areia no traço 1:3, como proteção mecânica, já nas paredes, não existe a necessidade de se proteger a manta mecanicamente, ficando exposta. Isso faz com que a manta tenda a cair por seu próprio peso. Duas medidas são tomadas a fim de evitar esta queda. Aplica-se uma malha de 50x50cm de fita de caldeação mais solução adesiva. Aplica-se a manta e após é fixada uma fita de alumínio a cada metro vertical, em toda a volta. Esta fita é fixada com buchas S10 e com parafusos latonados de cabeça boleada. Sobre a fita aplica-se um manchão de material igual ao usado para impermeabilização.
As flanges do fundo do reservatório são de fundamental importância para que o sistema funcione.
Subsolo
Tratamos aqui da impermeabilização de subsolos que sofrem com problemas de afloramento do lençol freático.
Considerando que na maioria dos casos de subsolos a área ocupada vá de divisa a divisa do terreno, temos grande dificuldade de acesso para impermeabilizar estas paredes.
O ideal seria que tivéssemos um grande terreno e pudéssemos construir um subsolo de concreto monolítico de cabeça pra baixo, impermeabilizássemos as paredes e o fundo e só então o puséssemos em sua posição definitiva. Como isso não é possível, usamos a técnica do envelopamento. Trata-se da construção de paredes e piso provisórios, apenas para receber a camada impermeabilizante. Após feita a impermeabilização e aplicada a proteção mecânica, constrói-se a parede e piso propriamente ditos. Deve-se lembrar de deixar os arranques dos blocos ou sapatas e fazer seus respectivos arremates de impermeabilização.
Outros casos deverão ser tratados particularmente, como por exemplo casos onde seja necessário o rebaixamento do lençol freático.
Manta Elastomérica
Embora este seja o sistema de maior longevidade, exige mão-de-obra muito melhor treinada e uma conscientização também maior por parte de todos os colaboradores da obra. Sua espessura mínima de 0,8mm, exige este grande cuidado, chegando a ponto da necessidade de isolamento da área até que já tenha sido aplicada a proteção mecânica. Esta proteção mecânica também deve ser feita pela equipe de impermeabilizadores. Todo e qualquer operário que precisar transitar por sobre a manta, deverá faze-lo descalço, devendo ser proibido o uso principalmente de botinas.
Caso queira-se testá-la, só se pode por a água após 24h da aplicação. Este é o tempo de reação total do adesivo com a fita de caldeação.
A manta elastomérica é aplicada solta sobre a laje. Este sistema é chamado de sistema flutuante de impermeabilização. Ele tem o inconveniente de, no caso de um vazamento, a água "caminhar" por baixo da manta por longas distâncias, dificultando a localização do vazamento.
Sua aplicação é feita da seguinte maneira:
1 – Regularização
- Limpeza da laje na área a ser impermeabilizada
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização
- Verificação de corpos estranhos na superfície da laje. Ex. restos de madeira incrustados no concreto, arames e outros.
- Aplicação de argamassa de cimento e areia no traço 1:3, com espessura mínima de 3cm.
- Caimento de no mínimo 1% para os ralos
- Arredondamento dos cantos (normalmente se usa a lateral de uma garrafa)
- Cuidar para que a superfície regularizada fique tão lisa quanto uma argamassa permita. Uniforme e homogênea para receber a manta sem traumas
2 - Aplicação do primer
- O primer é uma pintura de base asfáltica
- A superfície deve estar totalmente seca
- O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão
- Consumo de aproximadamente 0,3 litros por metro quadrado
- Aguardar 24 horas após a aplicação do primer para a aplicação da manta
3 – Aplicação da manta
- Isolamento da área para impedir que operários não pertinentes aos serviços de impermeabilização transitem ou causem danos ao processo
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização. Ex. afastamentos adequados de dutos em relação às paredes
- Conferência da presença de todos os elementos, a fim de evitar ferimentos posteriores
- Verificar as especificações de projeto
- Dispor os rolos de manta no sentido longitudinal da aplicação, atentando para o esquadrejamento
- Fazer arremates nos ralos e outros elementos vaza-manta
- Inserir dentro dos ralos uma seção de tubo de PVC de 3cm com um corte vertical. Este anel tem a finalidade de não deixar a manta descolar do cano
ATENÇÃO: A reação química no momento de vulcanização do material elastomérico libera gases tóxicos. Em locais fechados como em reservatórios exige-se o uso de equipamento insuflador.
Manta Asfáltica
O principal cuidado a ser tomado em sua aplicação, é de conscientizar o aplicador de que o maçarico (usado na fusão das mantas) não pode aproximar e ficar exposto à manta em um mesmo local por muito tempo para não ocasionar ruptura do véu estrutural localizado dentro da manta, danificando-a. Vários fatores são levados em consideração para se julgar o ideal para isso, pressão de saída no bico do maçarico, resistência do asfalto, temperatura do ambiente, entre outros.
Uma boa dica dada pelos bons operários é que o asfalto deve apenas derreter e se nota a ruptura da estrutura da manta se a superfície parecer que "fritou".
Sua aplicação é feita da seguinte maneira:
1 – Regularização
- Fazer rebaixo de 15cm na borda dos ralos com profundidade de 4mm.
- Limpeza da laje na área a ser impermeabilizada.
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização.
- Verificação de presença de corpos estranhos na superfície da laje. Ex. restos de madeira incrustados no concreto, arames e outros.
- Aplicação de argamassa no traço 1:3 de cimento e areia.
- Caimento de no mínimo 1% para os ralos.
- Arredondamento dos cantos (normalmente se usa a lateral de uma garrafa).
- Cuidar que a superfície regularizada esteja tão lisa quanto uma argamassa permita. Uniforme e homogênea para receber a manta sem traumas.
2 - Aplicação do primer
- O primer é uma pintura de base asfáltica.
- A superfície deve estar totalmente seca.
- O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão.
- Consumo de aproximadamente de 0,3 l/m².
- Aguardar 24 h após a aplicação do primer, para aplicação da manta.
- Toda área a ser impermeabilizada deve receber essa camada de primer
3 - Aplicação da manta
- Isolamento da área para impedir que operários não pertinentes aos serviços de impermeabilização transitem ou causem danos ao processo.
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização. Ex: afastamento adequado de dutos em relação às paredes.
- Conferência da presença de todos os elementos, a fim de evitar ferimentos posteriores.
- Verificar as especificações de projeto.
- Dispor os rolos de mantas no sentido longitudinal da aplicação, tomando o cuidado com o esquadrejamento. Fazer arremate nos ralos e outros elementos vaza-manta.
- Inserir dentro dos ralos uma seção de tubo de PVC de 3cm com um corte vertical. Este anel tem a finalidade de não deixar a manta descolar do cano.
Argamassa impermeável (Rígida)
Sistema feito a partir da adição de produtos químicos na argamassa.
Este sistema só é recomendado para locais totalmente protegidos de oscilações térmicas, pois, por ser de origem posolânica, trinca junto com a estrutura.
Exemplos de locais que podem receber este sistema:
Cortinas de subsolos sem problemas de afloramento do lençol freático
Reservatórios subterrâneos
Piscinas enterradas
Assim como sabemos o quão importante é se concretar uma laje de uma vez só, a aplicação da argamassa impermeável só tem sua eficácia se for aplicada continuamente. E em duas camadas, para que as fissuras naturais de cada uma não coincidam.
Existe uma gama muito grande de sistemas e produtos de impermeabilização rígida. Inclusive pintura acrílica, grafiatos e texturas são considerados impermeabilizantes, mas consideramos aqui os sistemas que visam sanar infiltrações mais graves do que apenas umidades em paredes advindas de chuva do lado externo.
Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo
Impermeabilização - Parte VI
Como nos outros casos, tratamos aqui de floreiras e jardins que serão construídos sobre uma laje que terá uma finalidade de uso embaixo.
No caso de floreiras que terão suas paredes em alvenaria, existe a necessidade destas paredes serem construídas sobre uma mureta de concreto com altura mínima de 15cm monolítica com a laje. Esta medida é fundamental para evitar o destacamento da parede e conseqüente ruptura da manta. A drenagem é feita por tubos de PVC Ø100mm, instalados no meio da vegetação, tantos quantos necessários para a drenagem da área. Esses tubos deverão ter em sua extremidade superior uma grelha metálica, preferencialmente pintada na cor vermelha para uma fácil localização em meio à vegetação, para eventuais manutenções e desobstrução.
No fundo do canteiro deverá se deixar uma camada de 10cm de cascalho, brita ou seixo rolado para a drenagem da água capilarizada. Essa camada deverá estar separada da camada de terra por uma camada de poliéster não tecido (geotêxtil). O escoamento da água capilarizada será feito pelo mesmo tubo captador da água da superfície da floreira, através de furos Ø 5/8" feitos neste tubo dentro da camada de cascalho, ou seja, estes furos devem estar abaixo da camada do geotêxtil.
Por questões estruturais, independente da altura externa da floreira, poder-se-á criar internamente lajes falsas na intenção de se reduzir o volume de terra. Mesmo que essas lajes sejam criadas, por se tratar de elementos pré-moldados soltos, a impermeabilização deverá ser aplicada como se todo o espaço fosse preenchido com terra. A camada de cascalho e os furos no tubo de drenagem deverão subir de acordo com esta laje falsa.
A profundidade de terra da floreira deve ser dimensionada de acordo com o potencial de raízes da vegetação a ser usada, assim como deve-se evitar a utilização de espécies vegetais de raízes vigorosas ou que possam oferecer riscos ao sistema de impermeabilização.
Boxes de banheiros
Como os boxes de banheiros não são expostos a grande variação de temperatura, costumeiramente procura-se executar a laje com cuidados para boa cura e a sua impermeabilização é feita apenas através da cerâmica e um bom arremate com silicone na borda do tubo do ralo.
Por uma maior segurança pode-se aplicar manta asfáltica ou elastomérica, não havendo necessidade de se impermeabilizar o restante do banheiro, exceto no caso de existência de banheiras de hidromassagem, que por ser área mais úmida que o box, exige uma atenção maior quanto à impermeabilização.
No caso de se optar pela aplicação de manta na região do box, alguns cuidados devem ser tomados. As paredes devem ser de tijolo maciço pelo menos 20cm acima do barrado de manta. O barrado de manta nas paredes deve ter uma altura mínima de 50cm e sua ancoragem feita na parede por um sulco de 4x4cm com inclinação de 45 graus. A manta deve sair 50cm para fora do box e deve-se deixar uma sobra de 20cm para ser cortada após o piso acabado.
Antes da aplicação da manta, deve-se fazer os arremates de impermeabilização no ralo, ancoragem da esquadria do box (quando necessário). O ideal é se evitar o máximo possível, chumbamentos e intervenções no piso a ser impermeabilizado.
Piscinas
Tratamos aqui de piscinas em concreto e fibra de vidro, usadas em pavimentos térreos, onde embaixo normalmente haverá vagas de garagem ou em apartamentos dúplex de cobertura, onde normalmente embaixo estará a sala de estar. Acredito que esteja aqui um dos nossos dois grandes desafios, pois estamos falando de uma ousadia arquitetônica, onde toneladas de água estarão nos testando a cada minuto, enquanto existir.
Partindo daí, percebemos que até mais importante que a camada impermeabilizante, está a qualidade estrutural. Esta região da edificação deverá receber atenção redobrada na fase de concretagem. Terão que ser peças de concreto perfeitas, sem "bichos", falhas ou restos de madeira incrustados após a desforma.
Não podemos abrir mão da mísula nos cantos horizontais e verticais, que serão reforços importantes. Os elementos como entrada de água, ladrão, ralo de fundo, deverão também receber redobrada atenção quanto à sua rigidez com a laje de fundo ou paredes laterais. O fundo receberá tratamento igual a área transitável por pedestres, as paredes deverão ter, como proteção mecânica sobre a manta, placas de poliestireno expandido (isofoan, isopor) para proteção no momento crítico onde uma ou mais pessoas saltam na piscina. Após a colocação das placas de poliestireno expandido na vertical, aplica-se uma camada de argamassa de cimento e areia no traço 1:3, armada com tela galinheiro. Esta camada de argamassa receberá o assentamento dos azulejos.
Com a intenção de não interferir no teto do pavimento inferior, normalmente essas piscinas são construídas em um nível mais elevado. Isso faz com que se crie uma segunda laje para o deck. Vemos então, surgir um caixão perdido. Este caixão perdido não pode jamais ser preenchido com entulhos, argila expandida ou qualquer outro material, pois no caso de uma infiltração, o armazenamento de água neste material será motivo de incômodo por muito tempo. O problema da infiltração será resolvido, mas o cliente terá sua goteira garantida por longos meses. Deverá receber impermeabilização dupla, uma camada no fundo do caixão perdido e outra sobre o deck, que será a continuação da manta que passa dentro da piscina.
Em um espaço de ar confinado, acontece o fenômeno da condensação, que é a liquefação do vapor de água proveniente da cura do concreto, vapor presente no ar ou uma eventual infiltração na laje superior. Este problema é evitado deixando-se pelo menos dois tubos de Ø mínimo de 75mm para a respiração do caixão, dispostos em pontos opostos. Estes tubos devem ter uma altura mínima de 20cm dentro do caixão e sua ponta inferior rente com o teto do pavimento inferior.
Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo
Impermeabilização - Parte V
Tratamos aqui dos casos de varandas e sacadas construídas em local que terá uma finalidade de uso embaixo. Estes locais são considerados transitáveis por pedestres, cabendo então as recomendações para tal. Cuidados extras serão colocados e alguns deles se aplicam não só a regiões com estes fins.
Considerando que nem todas as sacadas tem seu guarda-corpo em total alvenaria ou concreto, há que se tomar os cuidados com os arremates de impermeabilização junto aos tubos ou outros metais que ancorarão os elementos do guarda-corpo.
Toda região impermeabilizada que tiver em sua periferia uma porta que dê ligação com a área interna da edificação deverá ter a camada impermeabilizante adentrando no mínimo 1.00 metro para o fundo e laterais. Ao final desse 1.00 metro, deverá se deixar uma sobra de manta de 20cm, que será cortada somente depois do piso acabado. Esta medida evita que a água percole pela argamassa de assentamento do piso, infiltrando no ambiente interno. Já vimos casos de percolações que chegaram a avançar 5 metros pela área interna.
Nas paredes periféricas da área impermeabilizada deve ter um barrado mínimo de 50cm de altura, e sua parede deve ser constituída de elemento não poroso e maciço a pelo menos 20cm acima da borda do barrado.
Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo
Impermeabilização - Parte IV
Estes são os casos onde existem estacionamentos sobre a laje e embaixo é também área útil do edifício.
Este caso não difere muito do caso das soluções adotadas para áreas transitáveis por pedestres, exceto que o piso sobre a manta deve ter resistência adequada. Uma das formas é de se aplicar uma camada de 4cm de argamassa armada com tela soldada com malha de 15x15cm (tela Telcon L47).
Calhas
As calhas aqui tratadas são aquelas moldadas sobre a laje de cobertura, em concreto armado. Estas calhas devem ser impermeabilizadas com o sistema de mantas. A manta deverá subir pela parede da calha até a sua borda externa. As paredes da calha devem ter a sua superfície superior na mesma inclinação do telhado. Recomenda-se que a telha entre pelo menos 10cm dentro da calha, formando um pequeno beiral a fim de evitar entrada de água causada por chuvas de vento.
Para efeito de manutenção da calha, recomenda-se uma largura livre de no mínimo 30cm.
Deve-se prever na camada de regularização da superfície do fundo da calha, um caimento mínimo de 1% para ralos e sua espessura mínima de 3 cm. Invariavelmente, uma calha deverá receber um tratamento de isolação térmica.
Isolação térmica
Com exceção ao uso da isolação térmica feita com materiais soltos como seixo rolado de cor clara, podemos dizer que existem duas outras opções. Estas duas opções são de uma camada de material isolante embutido no piso. Pode-se aplicar esta camada sobre a manta ou sob a manta. No caso da camada isolante ser aplicada sobre a manta, temos a vantagem de a manta também ser protegida termicamente, trazendo maior longevidade para o sistema. O material recomendado para isso é o poliestireno extrudado (Styrofoan), que tem a propriedade de não absorção de água. Nesta opção deve-se considerar o alto custo desse material.
No caso da camada isolante ser aplicada sob a manta já não temos a isolação térmica na própria manta, reduzindo teoricamente a longevidade do sistema. No entanto, podemos usar um material mais barato, que é o poliestireno expandido (isopor, Isofoan). Este material absorve água pelas bordas recortadas e encharcado perde sua propriedade isolante, por isso é importante que só seja usado sob a manta.
Rufos
Os rufos aqui tratados são os rufos em concreto que dão acabamento à parte alta do telhado, onde se encontra com paredes ou platibandas, tanto no sentido horizontal quanto lateral.
Estes rufos são superfícies de concreto armado de largura pequena, aproximadamente 30cm. Nestes casos, a camada impermeabilizante não se faz necessária com mantas, sendo suficiente uma impermeabilização com membranas.
No momento da concretagem o carpinteiro deve ser instruído a deixar na forma um baguete de 2,5x2,5cm, no sentido longitudinal do rufo, próximo da borda 3cm. Isso fará com que a peça de concreto fique com um sulco na face inferior, que servirá como pingadeira, evitando o refluxo da água.
A superfície superior e lateral do rufo deve receber uma camada de regularização (cimento e areia no traço 1:3) com espessura mínima de 3cm. Todos os cantos devem ser arredondados e a membrana deve revestir toda a face lateral e superior do rufo, assim como a parede de onde emerge o rufo e sua face superior. A face superior da parede deve ter uma inclinação de 5% para o lado interno a fim de evitar manchas precoces na fachada.
A camada impermeabilizante é feita por uma demão de primer, 3 demãos de emulsão asfáltica entremeadas com lã de vidro e protegida com pintura refletiva (alumínio).
Impermeabilização - Parte III
São aquelas que devem receber uma pavimentação adequada ao trânsito de pedestres, mas não de veículos.
Também nessas regiões a impermeabilização rígida não é recomendada, pois estas lajes são susceptíveis de fissuras provenientes de oscilação térmica. Recomenda-se mantas asfálticas ou elastoméricas.
Preparação da base:
Sobre a laje deve-se executar a camada de regularização com argamassa de cimento e areia no traço 1:3, tomando o cuidado de arredondar todos os cantos com paredes com um raio de 5cm (usa-se para isso a lateral de uma garrafa). Essa medida facilita a aplicação da camada impermeabilizante e sua acomodação.
Após a cura da argamassa, aplica-se o primer (pintura de base asfáltica). A superfície deve estar totalmente seca e livre de óleo. O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão.
Uma dica dada pelos operários experientes é que a manta estará danificada quando a sua superfície parecer que "fritou".
Impermeabilização - Parte II
Coberturas não transitáveis
São aquelas que terão pessoas transitando apenas para manutenções ou em situações emergenciais.
São elas:
- Tampa de reservatório elevado de concreto;
- Cobertura de casa de máquinas;
- Cobertura não utilizada para outro fim senão o de cobertura.
Essas regiões não exigem grande atenção quanto a resistência à compressão na camada impermeabilizante.
A impermeabilização rígida não é recomendada para esses locais susceptíveis de fissuras provenientes da oscilação térmica.
Recomenda-se manta asfáltica ou elastomérica. Como proteção mecânica deve-se usar geotêxtil (Poliéster não tecido) e por sobre o mesmo, como isolação térmica, pode-se usar, por economia e facilidade na manutenção, seixo rolado, solto, de cor clara.
Deve-se ter em toda a borda da laje impermeabilizada, uma mureta de no mínimo 15 cm de altura, de concreto, monolítica com a laje, isso evita o destacamento e conseqüente ruptura da manta. A face superior da mureta deve ter uma inclinação de 5% caindo para o lado da laje impermeabilizada. Este caimento evita o surgimento precoce de manchas de sujeira na fachada.
Deve-se prever todo e qualquer equipamento a ser instalado sobre a área impermeabilizada. Tanto os que serão entregues instalados na conclusão da obra, quanto os que vierem a ser necessários a qualquer tempo. Essa medida pretende evitar que um técnico no pós-obra venha com uma furadeira instalar sua obra de arte ao seu bel prazer. Para isso, deve-se deixar blocos de concreto ancorados na laje, com altura mínima de 20cm.
Exemplos de equipamentos possíveis:
- Antenas parabólicas;
- Ganchos para estaiamentos de balancins para manutenção de fachadas e eventual uso pelos bombeiros;
- Antenas coletivas;
- Antena de telefonia celular;
- Luminárias e refletores;
- Lanterna de obstáculo;
- Tótens publicitários;
- Pára-raios;
- Painéis de aquecimento solar.
- E outros que possam vir a ser necessários.
Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo
Impermeabilização - Parte I
Em se tratando de impermeabilização em uma construção, mesmo que estejamos adotando material adequado e de boa procedência, ainda assim não estamos garantidos. Como em todos os serviços de uma obra, mais ainda no caso da impermeabilização, a mão de obra utilizada precisa ser exaustivamente treinada.
Como a área a ser impermeabilizada sofrerá intervenções por outras equipes antes e depois da aplicação da camada impermeabilizante, essas equipes precisam sempre passar por treinamento de reciclagem para a conscientização dos riscos responsáveis por um futuro vazamento.
É comum vermos a equipe de concreto esquecer ou não ser avisada de colocar na forma uma simples ripa que fará o sulco necessário para a ancoragem da manta de impermeabilização. Isso gerará um reserviço oneroso na fase de impermeabilização, onde haverá de se quebrar com uma talhadeira e corre-se o risco de abalar a estrutura.
Outro exemplo comum é um servente precisar pregar um inofensivo preguinho em uma parede rebocada, para esticar uma linha de marcação, sem saber que atrás desse reboco está toda a camada impermeabilizante, pronta e acabada.
Vários outros exemplos poderiam ser citados, mas por enquanto podemos nos ater a esses dois para que possamos notar que os próprios colaboradores da obra podem se transformar em vilões por falta de aviso dos riscos e cuidados a serem tomados.
Embora este assunto não seja tratado com a freqüência e seriedade que deveria, a impermeabilização é parte fundamental de uma edificação.
Nos preocupamos com pisos, paredes, portas, janelas e telhados, mas de que valem todos esses elementos que compõem uma construção se não forem capazes de impedir os efeitos da tão indesejável infiltração?
Todos nós sabemos quão teimosa e persistente é a água. Precisamos superá-la sendo precisos e conscientes dos seus fenômenos.
Temos no mercado inúmeros produtos impermeabilizantes. Caros, baratos, fáceis, complicados, simples e sofisticados. Todos prometem maravilhas, garantem facilidades na aplicação, estanqueidade e durabilidade.
Precisamos entender que no mercado dos dias de hoje, tudo se faz para sobreviver e o importante é vender. Claro que se o produto não cumprir as finalidades que o seu fabricante garantiu, podemos nos fazer valer das leis de proteção do consumidor e até conseguir algum reparo. Mas não estamos aqui falando da compra de um televisor que lhe deixou na mão em um domingo de decisão de um campeonato.
Estamos falando de um cliente insatisfeito que está com seu apartamento encharcado. De um apartamento de cobertura, onde o reparo vai implicar na quebra de boa quantidade de materiais de revestimento nobres, sujeiras e contratempos para o seu cliente que confiou que teria um local seguro para morar.
Concluímos então, que o maior prejuízo será o seu, pois mesmo que consiga provar, ao fornecedor e aos órgãos judiciários, que seguiu meticulosamente as recomendações e instruções e ainda consiga um ressarcimento, fica o prejuízo moral perante o cliente, este sim, é um prejuízo que nenhum de nós profissionais gostaríamos de trazer conosco.
Por João Ricardo Spagnollo (Arquiteto)