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segunda-feira, 15 de junho de 2009

CORROSÃO DE ARMADURAS

CORROSÃO DE ARMADURAS

Generalidades
Pode-se definir corrosão como a interação destrutiva de um material com o ambiente, seja por reação química, ou eletroquímica. Basicamente, são dois os processos principais de corrosão que podem sofrer as armaduras de aço para concreto armado: a oxidação e a corrosão propriamente dita.
Por oxidação entende-se o ataque provoca¬do por uma reação gás-metal, com formação de uma película de óxido. Este tipo de corrosão é extremamente lento à temperatura ambiente e não provoca deterioração substancial das superfícies metálicas, salvo se existirem gases extremamente agressivos na atmosfera.

Este fenômeno ocorre, preponderantemente, durante a fabricação de fios e barras de aço. Ao sair do trem de laminação, com temperaturas da ordem de 900°C, o aço experimenta uma forte reação de oxidação com o ar ambiente. A película que se forma sobre a superfície das barras é compacta, uniforme e pouco permeável, podendo servir até de proteção relativa das ar¬maduras contra a corrosão úmida posterior, de natureza preponderantemente eletroquímica. Antes do aço sofrer trefilação a frio, para melhoria de suas propriedades, esta película, denominada carepa de laminação, deve ser removida por processos físicos, do tipo decalaminação, ou químicos, do tipo decapagem com ácidos. A película inicial é substituída por outra de fosfato de zinco ou de hidróxido de cálcio, que são utilizados como lubrificantes do processo podendo ser, à semelhança da primeira, débeis protetoras do aço contra a corrosão úmida. Por não ser este o fenômeno principal de corrosão nas estruturas convencionais, não será aprofundado no presente trabalho.

Por corrosão propriamente dita entende-se o ataque de natureza preponderantemente eletroquímica, que ocorre em meio aquoso. A corrosão acontece quando é formada uma película de eletrólito sobre a superfície dos fios ou barras de aço. Esta película é causada pela presença de umidade no concreto, salvo situações especiais e muito raras, tais como dentro de estufas ou sob ação de elevadas temperaturas (> 80°C) e em ambientes de baixa umidade relativa (U.R.<>

Corrosão em meio aquoso

0 mecanismo de corrosão do aço no concreto é eletroquímico, tal qual a maioria das reações corrosivas em presença de água ou ambiente úmido (U.R. > 60%).
Esta corrosão conduz à formação de óxidos/hidróxidos de ferro, produtos de corrosão avermelhados, pulverulentos e porosos, denominados ferrugem, e só ocorre nas seguintes condições:
• deve existir um eletrólito;
• deve existir uma diferença de potencial; • deve existir oxigênio;
• podem existir agentes agressivos.
O Papel do Cobrimento de Concreto
Uma das grandes vantagens do concreto armado é que ele pode, por natureza e desde que bem executado, proteger a armadura da corrosão. Essa proteção baseia-se no impedimento da formação de células eletroquímicas, através de proteção física e proteção química.

Proteção física

Um bom cobrimento das armaduras, com um concreto de alta compacidade, sem "ninhos", com teor de argamassa adequado e homogêneo, garante, por impermeabilidade, a proteção do aço ao ataque de agentes agressivos externos.
Esses agentes podem estar contidos na atmosfera, em águas residuais, águas do mar, águas industriais, dejetos orgânicos etc. Não deve, tampouco, conter agentes ou elementos agressivos internos, eventualmente utilizados no seu preparo por absoluto desconhecimento dos responsáveis, sob pena de perder, ou nem mesmo alcançar, essa capacidade física de proteção contra a ação do meio ambiente.


Proteção química

Em ambiente altamente alcalino, é forma¬da uma capa ou película protetora de caráter passivo. A alcalinidade do concreto deriva das reações de hidratação dos silicatos de cálcio (C3 S e C2S) que liberam certa porcentagem de Ca(OH)2, podendo atingir cerca de 25% (~100 kg/m3 de concreto) da massa total de compostos hidratados presentes na pasta Essa base forte (Ca(OH)2 ) dissolve-se em água e preenche os poros e capilares do concreto, conferindo-lhe um caráter alcalino. O hidróxido de cálcio tem um pH da ordem de 12,6 (à temperatura ambiente) que proporciona uma passivação do aço.

0 potencial de corrosão do ferro no concreto pode variar de + 0,1 a -0,4 V, segundo a permeabilidade e as características do concreto, para temperaturas de 25°C.
A função do cobrimento de concreto é, portanto, proteger essa capa ou película protetora da armadura contra danos mecânicos e, ao mesmo tempo, manter sua estabilidade.
Pode-se dizer que a película passivante é de ferrato de cálcio, resultante da combinação da ferrugem superficial (Fe(OH)3 ) com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 ).

Portanto, a proteção do aço no concreto pode ser assegurada por:
- elevação do seu potencial de corrosão em qualquer meio de pH > 2, de modo a estar na região de passivação (inibidores anódicos);
- abaixamento de seu potencial de corrosão, com o fim de passar ao domínio da imunidade (proteção catódica); e
- manter o meio com pH acima de 10,5 e abaixo de 13, que é o meio natural proporcionado pelo concreto, desde que este seja homogêneo e compacto.
Sintomas

Nas regiões em que o concreto não é adequado, ou não recobre, ou recobre deficiente¬mente a armadura, a corrosão torna-se progressiva com a conseqüente formação de óxihidróxidos de ferro, que passam a ocupar volumes de 3 a 10 vezes superiores ao volume original do aço da armadura, podendo causar pressões de expansão superiores a 15 MPa (» 150 kgf/cm2 ).
Essas tensões provocam, inicialmente, a fissuração do concreto na direção paralela à armadura corroída, o que favorece a carbonatação e a penetração de CO2 e agentes agressivos, podendo causar o lascamento do concreto.

Essa fissuração acompanha, em geral, a direção da armadura principal e mais raramente a direção dos estribos, a não ser que estes estejam à superfície. Deve-se considerar que os estribos, geralmente, estão na direção perpendicular ao maior esforço de compressão, o que pode impedir a fissuração profunda do elemento de concreto. Estribos da região central de uma viga podem fissurar o concreto na face inferior, mas dificilmente o farão na região junto aos apoios. Normalmente, o que se observa em estribos é o lascamento direto do concreto, sem fissuras iniciais.

Na maioria das vezes, aparecem manchas marrom-avermelhadas na superfície do concreto e bordas das fissuras, completando o quadro patológico.
Considerando-se a dificuldade natural que impede o cobrimento adequado de armaduras, principalmente de lajes - pois cobrem grandes áreas, são finas e durante a concretagem constituem a "pista" de movimentação do pessoal e dos equipamentos - são nesses componentes estruturais que se nota, em geral, mais rapidamente, o início da corrosão. Em pilares e vigas, o primeiro indício, geralmente, não é dado pela armadura principal, mas sim pelos estribos, que por vezes se apoiam diretamente sobre as fôrmas, sem cobrimento suficiente. No entanto, sob más condições "construtivas", a corrosão iniciar-se-á nos locais mais quentes e mais úmidos e onde o risco de condensação seja maior. O processo é nitidamente visível, pois os produtos de corrosão têm, predominantemente, colocação vermelho-marrom-acastanhada e, sendo relativamente solúveis, "escorrem" pela superfície do concreto, manchando-o.

Nos componentes estruturais, onde o concreto pode sofrer tração e fissuras, tais como lajes e vigas, o risco de corrosão é mais acentuado do que em painéis e componentes que trabalhem predominantemente à compressão.

0 risco de corrosão também aumenta nas regiões angulosas, arestas e cantos da
estrutura. É sempre aconselhável ter estruturas com cantos e arestas arredondados, assim como aumentar o cobri¬mento em situações de agressividade acentuada.

Em algumas situações especiais de corrosão de armaduras imersas em concretos leves e poro¬sos (volume de vazios da ordem de 60%, enquanto que no concreto normal é de 10%), pode ocorrer o aparecimento de manchas externas de ferrugem sem fissuração.
Finalmente, é típico de corrosão preponderantemente eletroquímica em meio aquoso, a não continuidade perfeita do fenômeno em toda a extensão das armaduras consideradas.

Fatores que Aumentam o Risco da Corrosão

A diferença de tensão entre pontos da ar¬madura pode ter origem em várias causas, tais como :
• solicitações mecânicas distintas no aço e no concreto de regiões próximas do mesmo componente estrutural;
• diferenças na composição química e superfície do aço;
• diferenças de aeração devidas à maior ou menor compacidade e qualidade do concreto.

Nem sempre essas descontinuidades são suficientes para acarretar corrosão. Em geral, não produzem corrosão diretamente, mas contribuem - na medida em que o concreto deixa de proteger a armadura ou haja uma forte ação do meio ambiente, destruindo, parcial ou total¬mente, essa proteção - para aumentar o risco de corrosão ou favorecer a aceleração de uma corrosão já iniciada.

Embora seja imprescindível a presença de oxigênio para que haja corrosão, é justamente nos locais de menor acesso, próximos a locais mais aerados, que se formam as zonas anódicas com maior intensidade de corrosão.

Elementos Agressivos Incorporados ao Concreto

E usual, na maioria das vezes por absoluto desconhecimento dos técnicos envolvidos, a in¬corporação de elementos agressivos durante o próprio preparo do concreto.
0 agente agressivo mais comum é o cloreto ( íon Cl¯ ) que pode ser adicionado involuntariamente ao concreto, a partir de aditivos acelera¬dores de endurecimento, agregados e águas contaminadas ou até a partir de tratamentos de limpeza (como, por exemplo, o ácido muriático).

A grande maioria dos aditivos aceleradores de pega e endurecimento tem na sua
composição cloreto de cálcio (CaCl2 ). Esse sal dissolve, liberando ânions Cl¯ que podem destruir a película passivadora proporcionada pelo meio alcalino, e acelerar permanentemente a corro¬são sem consumir-se, concentrações de cloretos iguais ou superiores a 700 mg/l despassivam o aço imerso em água de cal (pH = 12,5), além de reduzirem significativamente a resistividade do concreto.

A literatura técnica sobre qual o teor de cloretos prejudiciais à armadura de concreto armado não é uniforme. As recomendações vão desde no máximo 0,03% para concreto protendido a 2,0% para concreto armado, em relação à massa de cimento usada no preparo do concreto. Essa porcentagem pode corresponder a concentrações desde 600 a 40000 mg/l em relação à água de amassamento para uma relação água/cimento de 0,5.

Esses teores, por si mesmos não deveriam ser empregados em estruturas de concreto armado, segundo as recomendações da NBR-6118, que limitam em 500 mg/l a concentração total de cloretos, expressa em íons Cl¯, na água de amassamento.

Na realidade, o problema de corrosão é bastante complexo, envolvendo uma série de outros fatores que fazem com que ora ocorra corrosão e ora não ocorra, para teores iguais de cloretos. Um dos fatores que parece alterar as condições que favorecem a corrosão é a migração - por ação de secagem, molhagem alternada, temperaturas, aeração diferencial etc. ¬dos íons Cl¯ na massa de concreto. Essa migração pode gerar diferenças de concentração e aí sim, pequenos teores concentrados podem ser mais perigosos que altos teores homogênea e uniformemente distribuídos. Ocorre estrutura fortemente atacada por corrosão, onde o teor de cloretos medido no produto de corrosão é de apenas 0,3% da massa de cimento.

Outro fator que minora o efeito da ação agressiva dos cloretos pode ser a sua capacidade de combinação com os aluminatos. A difusão dos cloretos na massa de concreto geralmente é retardada pela formação de cloroaluminato de cálcio, pouco solúvel. Essa reação reduz a concentração de cloretos livres e favorece a proteção das armaduras.

Daí o fato já consagrado de que cimentos com altos teores de aluminato tricálcico (C3A) serem os mais indicados quando se está diante da presença inevitável de cloretos.
Os agregados de regiões próximas ao mar e águas contaminadas, ou salobras, também podem conter cloretos, na maioria das vezes sob a forma de cloreto de sódio (NaCl).

Os teores admissíveis são da mesma ordem que para CaCl2 , pois as exigências são sempre em relação ao ânion Cl¯.

Finalmente, os cloretos podem ser incorporados ao concreto, involuntariamente, através de tratamentos superficiais de limpeza com ácido muriático, que nada mais é do que um ácido clorídrico comercial. Nossa experiência tem demonstrado ser comum esse tipo de aconteci¬mento, pois a maioria das recomendações de fabricantes de pastilhas e pisos aconselham limpeza com ácidos. Sempre que houver risco de impregnação dessa solução na estrutura de concreto - e quase sempre o há - deve-se estudar outra forma de limpeza ou prever, por ocasião do projeto e execução, o concreto e o cobrimento de armadura mais adequados.

Embora não muito comum, o que também pode acarretar problemas, é o emprego de agre¬gados com concreções ferruginosas, na maioria decorrentes de rochas em alteração. Agregados contendo piritas (sulfeto de ferro (FeS2) encontrado em granitos, gnaisses, rochas sedimentares e certas areias), goetita (óxido de ferro hidrata¬do encontrado em concreções lateríticas), mar¬casita, pirrotita e concreções ferruginosas podem dar compostos expansivos e solúveis ao oxidarem-se. Isso acarreta vazios no concreto que contribuem para o aumento da permeabilidade e redução da proteção física do cobrimento. Os produtos das reações também podem ser ácidos (as marcasitas e piritas podem gerar ácido sulfúrico e sulfatos), que contribuirão para o aceleramento do fenômeno de carbonatação do concreto, reduzindo a proteção química do cobrimento.

De modo geral, todos os elementos que, ao serem incorporados ao concreto, contribuem para o aumento de sua permeabilidade poderão ser considerados agressivos à armadura. Entre esses pode-se citar: teor elevado de matéria orgânica presente no agregado, teor elevado de materiais pulverulentos, teor elevado de torrões de argila, matérias carbonosas, sulfetos e enxofre, eventualmente presentes em excesso nas adições de escória.

Com relação à qualidade da água de amassamento, as recomendações da NBR-6118 parecem ser seguras em relação ao problema da corrosão de armaduras.
Praticamente todos os revestimentos, nos quais predominem a cal e o cimento Portland como aglomerantes, não acarretam problema para a armadura e até, pelo contrário, poderão auxiliar na proteção. Não é o caso de outros revestimentos à base de gesso, por exemplo. 0 sulfato de cálcio hemihidratado (CaSO4 1/2 H2 0) e o produto resultante da reação de endurecimento, o sulfato de cálcio dihidratado (Ca504 2 H2 O1, têm caráter ácido, principalmente os gessos decorrentes da obtenção de fertilizantes. Esse subproduto industrial pode originar pastas e argamassas com pH por volta de 6 e, consequentemente, por serem porosos e higroscópicos, contribuem para o aumento do risco de corrosão das armaduras. Da mesma forma, há que se cuidar do emprego indiscriminado de argamassas prontas. A maioria das normas e recomendações internacionais e em especial a norma brasileira NBR¬6118 contam com essa proteção adicional, sendo que alguns tipos de argamassas e revestimentos diretamente aplicados sobre o concreto podem não oferecer.
Influência do Meio Ambiente
Entre os principais tipos de meios ambientes caracterizados através de tipos de atmosfera, onde se localiza a estrutura de concreto, pode-se ter as atmosferas rural, urbana, marinha, industrial e viciada, como descreve-se a seguir.

Atmosfera rural

Considera-se as regiões ao ar livre, à grande distância das fontes poluidoras de ar, que se caracteriza por um baixo teor de poluentes.
Tal atmosfera tem fraca ação agressiva às armaduras imersas em concreto, sendo bastante lento o processo de redução da proteção química proporcionada pelo cobrimento de concreto, através da sua alta alcalinidade. Não há gases ácidos em quantidades suficientes para depositarem-se sobre as superfícies expostas e, consequentemente, acelerarem o processo de carbonatação que passa também a ser mais lento do que aquele verificado em outras regiões.

Os teores de S02 , H2S, NOx (NO + NO2 ) e NH3 (gases); S04, Cl¯, N03 e NH4 (sóli¬dos) são praticamente desprezíveis, a menos que haja uma fonte natural como, por exemplo, esterco, estrume, que liberam NH3 e SO2 na sua fermentação, ou rios e lagos poluídos que liberam HZ S. As atmosferas rurais têm baixos teores de partículas em suspensão, da ordem de 20m g/m³ e, eventualmente, podem ter teores elevados de partículas sedimentáveis, porém não é material ácido e, portanto, não acelera obrigatoriamente a corrosão. A chuva em regiões rurais (pequenas cidades sem indústrias) tem pH "natural", da ordem de 6,5.

Atmosfera urbana

Considera-se as regiões ao ar livre, dentro de centros populacionais maiores. Essas atmosferas de cidade contêm, normalmente, impurezas em forma de óxidos de enxofre (S02 ), fuligem ácida e outros agentes agressivos, tais como C02 , NOx, H2 S, SO4 etc.

O ar atmosférico é uma mistura de ar seco e vapor de água. A quantidade de vapor de água presente no ar é variável, mas para uma dada temperatura, tem-se um valor máximo de vapor de água que um dado volume de ar pode conter. Este valor máximo, denominado saturação, varia com a temperatura, sendo maior quando esta aumenta. A relação entre o valor de conteúdo de vapor de água na atmosfera e o valor de saturação para uma dada temperatura é denominada umidade relativa (U.R).
De acordo com a umidade relativa, pode-se caracterizar o ar como:
• ar seco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . U.R. até 30%;
• ar normal. . . . . . . . . . . . U. R. entre 50 e 60%;
• ar úmido . . . . . . . . . . . . U. R. entre 80 e 90%;
• ar saturado . . . . . . . . . . . . . . . U. R. de 1 00%.

A umidade do ar é um dos fatores mais importantes que afetam a velocidade da corrosão atmosférica. A simples presença de água no ar, contudo, não causa corrosão; ar puro, saturado e com vapor de água determina apenas uma corrosão muito leve em metais como, por exemplo, o ferro e o cobre. Pode-se observar que, ainda que a umidade relativa seja muito elevada (99%) por um tempo apreciável, a velocidade de corrosão do ferro mantém-se baixa. Contrariamente, a curva "B", quando é introduzido 0,01% de SO2 no ar, a velocidade de corrosão aumenta consideravelmente ao alcançar uma umidade relativa de 75%. Este valor denominado umidade crítica é definido como a umidade relativa, acima da qual o metal começa a corroer-se de maneira apreciável, dependo ainda, da presença de contaminantes.

Os teores de SO2 , na Grande São Paulo, variam de cerca de 0,1 a um máximo de cerca de 1,Oppm e são originados pela queima de combustíveis contendo enxofre como, por exemplo, óleo combustível. Os teores de H2S (gás sulfídrico) são originados da ação bacteriológica de rios e represas, sendo mais concentrados nesses locais (marginais) e podendo atingir teores de 0,01 a cerca de l,Oppm. Os teores de CO2 podem estar de 300 (natural de zona rural) a 600 ppm. O SO4 é resultante basicamente da oxidação do SO2 , principal¬mente em presença de amônia NH3 (gás). For¬ma-se um sal (sulfato de amônio (NH4 )2 SO4) que é um sólido em suspensão, podendo depositar-se por impactação nas superfícies das estruturas. Em atmosferas industriais, onde há maiores teores de amônia como, por exemplo, resultantes de obtenção de fertilizantes, esse risco é maior. Nas superfícies de concreto, esse sal pode dar origem ao H2S04 (ácido sulfúrico) e promover a despassivação do aço. Os teores de N03 e Cl¯ são da ordem de 100m.g/m³. Os teores de S04 variam de 10 a 100m g/m3.

As partículas em suspensão podem estar de 50 a 500m g/m3 e, sendo ácidas (fuligem), contribuem não só para a corrosão direta, como também para a maior retenção de água na superfície das estruturas, às quais ficam aderidas por impactação. A chuva, nesse caso, ao carrear material em suspensão, pode ter pH <>

Atmosfera marinha

Considera-se as regiões ao ar livre, sobre o mar e perto da costa. A atmosfera marinha contém cloretos de sódio e de magnésio, quer em forma de cristais, quer em forma de gotículas de água salgada. Essa atmosfera pode também conter sulfatos, cujos teores médios, no oceano Atlântico, são da ordem de:
íons sulfato (S04 ). . . . . . . . ~ 2800 mg/l;
íons cloreto (CR~) . . . . . . . ~ 20000mg/l;
íons magnésio (Mg++ ) . . . . ~ 1400 mg/l.

Esses elementos são extremamente agressivos e contribuem para a aceleração do processo de corrosão das armaduras embebidas em concreto, mesmo quando em pequenas proporções.
Como referência, pode-se dizer que a velo¬cidade de corrosão em atmosfera marinha pode ser da ordem de 30 a 40 vezes superior à que ocorre em atmosfera rural (pura).

Daí o fato de processos construtivos apresentarem-se adequados para obras
localizadas no interior - quando uma eventual corrosão só será notável após 8 anos - enquanto que em regiões litorâneas não se mostram convenientes, apresentando sinais acentuados de corrosão em apenas 2 a 3 meses, algumas vezes antes mesmo de concluídas as obras.

Os teores de gases agressivos na atmosfera dependem das indústrias locais, da concentração urbana e de eventuais fontes isoladas.

Atmosfera industrial

Considera-se as regiões ao ar livre em zonas industriais contaminadas por gases e cinzas, sendo mais freqüentes e agressivos o H2 S, SO2 e NOX. 0 SO2 pode oxidar-se, gerando H2 SO2 com os conseqüentes inconvenientes já mos¬trados no item 2.2.4.
Os outros gases ácidos contribuem para a redução da alcalinidade do concreto e aumentam a velocidade de carbonatação, destruindo a película passivadora do aço.
Atmosferas industriais podem acelerar de 60 a 80 vezes mais o processo de corrosão, quan¬do comparadas a situações equivalentes em atmosferas rurais (puras).

A ação danosa dessas atmosferas deve ser considerada sempre em conjunto com a umi¬dade relativa da região, pois se não for atingida a umidade crítica, não haverá risco de corrosão acentuada. Essa umidade crítica para o aço, a 25°C, está por volta de 65 a 85%.
Fechando o ciclo do efeito de fatores regionais, deve ser considerada, também, a ação da temperatura. 0 efeito mais destacado da temperatura está relacionado com a possibilidade de condensação de água nas superfícies expostas, além, evidentemente, de que o aumento de temperatura atua como catalisador ou acelerador de todo processo químico.

Para um dado teor de vapor de água no ar, uma diminuição brusca de temperatura pode acarretar a condensação ou, pelo menos, aumentar a U. R., podendo então ultrapassar a umidade crítica.

A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE publica, periodicamente, dados do Brasil, fornecendo a umidade relativa média anual e as isotermas das temperaturas, que podem orientar um programa geral de proteção às armaduras de concreto, sendo mais indicado, no entanto, obter-se os dados direta¬mente da região onde será implantada a estrutura.

Como se verifica, esses teores ainda estão abaixo dos teores corrosivos limites citados na bibliografia especializada. Na realidade, os estudos experimentais têm como restrição prin¬cipal o tempo e, portanto, nem sempre são capa¬zes de quantificar influências de teores baixos. O certo é que a ação permanente de baixos teores é tão ou mais perniciosa do que a ação de altos teores por curto espaço de tempo. Além disso, deve ser considerado o fato de que as estruturas de concreto são porosas, absorvem e retêm os elementos agressivos, aumentando assim, continuamente, a concentração superficial de substâncias corrosivas.
Atmosfera viciada

Considera-se as regiões em locais fechados com baixa taxa de renovação de ar. Nestes locais pode haver uma intensificação da concentração e até geração de gases agressivos às armaduras de concreto.
O exemplo mais significativo é a ação do ácido sulfúrico, gerado em coletores e interceptadores de esgoto, a partir da presença de sul¬fetos (S¯ ¯). À medida que o esgoto flui pela rede coletora, a concentração de oxigênio dissolvido gradualmente diminui, devido a uma demanda que é maior que o fornecimento. Em algum ponto do sistema, o oxigênio é exaurido e os sulfetos aparecem.
O teor elevado de sulfetos no esgoto pode ter origem em duas causas:
• produtos resultantes de ação bacteriológica
• descarga direta de esgotos industriais nos coletores.

A água potável contém certo teor de sulfa¬tos que é grandemente aumentado após seu uso. As bactérias necessitam de oxigênio para consumir a matéria orgânica e quando o oxigênio livre não é disponível, certas espécies obtêm o mesmo de íons sulfato (SO4), deixando livre o íon sulfeto (S¯ ¯ ). A reação do sulfeto com a água resulta no íon HS¯ e gás sulfídrico (H2S).

Esse gás liberado é absorvido pelas partes superiores do coletor, sendo novamente oxidado por ação de bactérias aeróbias e transformando-se em ácido sulfúrico.
A formação de sulfetos depende, essencial¬mente, da presença de limos, da existência de bactérias aeróbias e anaeróbias e do baixo teor de oxigênio dissolvido.

Recuperação

A recuperação deste tipo de fenômeno patológico - corrosão de armaduras - é delicada e requer mão-de-obra especializada. Consiste basicamente de três etapas, descritas a seguir. • Limpeza rigorosa, de preferência com jato de areia e apicoamento de todo o concreto solto ou fissurado, inclusive das camadas de óxidos/ hidróxidos das superfícies das barras. Análise criteriosa da possível redução de secção transversal das armaduras atacadas. Se viável, esta análise será feita através de ensaios comparativos de resistência entre peças sadias e as mais atingidas. Se necessário, colocar novos estribos e/ou novas armaduras longitudinais.

Sempre que se empregar solda, esta deve ser à base de eletrodos, controlando-se o tempo e a temperatura a fim de evitar a mudança da estrutura do aço, principalmente se este for de classe B (EB-3 da ABNT).
• Reconstrução do cobrimento das armaduras de preferência com concreto bem adensado. Este cobrimento tem a finalidade de:
- impedir a penetração de umidade, oxigênio e agentes agressivos até as armaduras;
- recompor a área da secção de concreto original;
- propiciar um meio que garanta a manutenção da capa passivadora no aço.

Esse novo cobrimento pode ser executado através de qualquer procedimento que atenda a esses requisitos como:
• Concreto projetado com espessura mínima de 50mm. 0 concreto projetado tem boa aderência ao concreto "velho" e não requer fôrmas, mas tem a desvantagem de acarretar muita reflexão (perda de material) e "suiar" o ambiente.
• Adesivos à base de epóxi para união do concreto "velho" com o "novo", sendo este apli¬cado no local por método tradicional. Leva vantagem em relação ao anterior, pois impermeabiliza a armadura definitivamente, impedindo que mesmo com a carbonatação superficial haja corrosão.


Essa solução apresenta a desvantagem de requerer fôrmas e serem difíceis a compactação e adensamento do concreto "novo", e geralmente acarreta secções finais maiores que as iniciais com prejuízos estéticos.
• Concretos e argamassas poliméricas obtidas de resinas à base de epóxi ou metil metacrilato.


Têm alta durabilidade, impermeabilidade, aderência ao concreto "velho" e à arma¬dura, porém necessitam fôrma e requerem mão-de-obra especializada e testes prévios de desempenho, pois há muita flutuação nas características desses produtos. Esses concretos e argamassas têm a vantagem de não acarretarem problemas estéticos, pois podem ser moldados em pequenos "espaços" dispo¬níveis. Em geral são caros.
• Concretos e argamassas especiais para "grauteamento". Esses produtos não apresentam retração, têm boa aderência e podem ser auto¬adensáveis, não exigindo aumento de secção além da original; porém, inconvenientemente, requerem fôrmas.
• Concretos e argamassas "comuns", bem proporcionados, com baixa relação água/cimento e aplicados com fôrma, dentro das técnicas de bem construir. Essa solução geralmente exige grande aumento de secção e requer alto conhecimento de tecnologia de concreto para assegurar a aderência do concreto "velho" ao concreto "novo".

Finalmente, cabe lembrar que, antes de qualquer recuperação, devem ser identificadas e sanadas as causas. Caso isso não seja observado, corre-se o risco de acarretar corrosão em outros locais por haver criado mais descontinuidade na estrutura, além das que originalmente existiam.

Quando a causa é devida a cloretos incorporados à massa de concreto, a solução pode não ser simples e, em geral, requer respostas específicas para cada caso.
Recursos Especiais
Na proteção das armaduras de concreto pode ser necessário o emprego de recursos especiais de proteção quando, por exemplo:
• não há como se obter o cobrimento mínimo adequado;
• não há como se impedir o uso ou acesso de agentes agressivos;
• não há como se impedir a existência de cor¬rentes de fuga (linhas férreas em geral), que podem causar diferenças significativas de potencial ;
• não há como se impedir a proximidade de metais mais eletropositivos, tais como tubulações de cobre junto à armadura;
• há vantagens econômicas.

Considerações Finais

A corrosão das armaduras no concreto armado é um fenômeno que só ocorre quando as condições de proteção proporcionadas pelo cobrimento de concreto são insuficientes.
Essa insuficiência, como visto, pode ser acarretada por agentes com origem em diferentes fontes, sendo sempre necessário identificá-las, a fim de que se possa lograr uma proteção efetiva e duradoura.

Cabe ressaltar que o fenômeno da corrosão de armaduras é mais freqüente do que qualquer outro fenômeno de degradação das estruturas de concreto armado, comprometendo-as tanto do ponto de vista estético, quanto do ponto de vista de segurança e sendo sempre dispendioso o seu reparo ou recuperação.

Em algumas estruturas, tais como obras marítimas, a incidência de corrosão pode ser mais importante que a própria ação da água de mar sobre o concreto, conclui-se que a deterioração dos pelares e colunas em águas de mar deve-se, principalmente, à corrosão das armaduras.

A fiel observância dos cobrimentos míni¬mos, da qualidade do concreto e da uniformidade de execução podem evitar esse problema.
De qualquer forma, sendo um fenômeno expansivo, na maioria dos casos torna-se visível a tempo, possibilitando a tomada rápida de medidas de recuperação e proteção.

Fachadas expostas à chuva de vento

As paredes ou empenas dos edifícios, expostas a constantes chuvas de vento, como ocorre no Rio de Janeiro com as paredes orientadas para Sul e Sudoeste, necessitam de cuidados especiais.
A chuva de vento penetra pelas frestas e desgasta os tratamentos superficiais; por esta razão a incidência de paredes úmidas com infiltrações mais severas é freqüente. As conseqüências são a formação de mofo, apodrecimento de armários embutidos, estragos em quadros de pintura, etc.

Se os problemas forem previstos nos memoriais descritivos é possível eliminá-los pela raiz.

A água penetra pelas paredes por trincas e fissuras, ou por absorção capilar, se a pintura ou o revestimento forem porosos. A diferença fundamental entre uma impermeabilização e uma pintura reside na impermeabilidade ao vapor d'água, da primeira, e á capacidade de respirar, da segunda.

A pintura permeável ao vapor d'água não significa que seja também permeável á água - uma boa pintura é impermeável á passagem da água.

Para que uma parede de alvenaria se torne estanque, deve satisfazer ás seguintes condições:

Ser emboçada com uma argamassa que não fissure e que não seja muito higroscópica.

Receber a aplicação de um selador antes da pintura.

Ser pintada com uma tinta impermeável de longa duração. A película da tinta deve possuir adequada espessura para satisfazer aquela condição.

Faz- se necessário alertar a todos para a força que acontece nos capilares, que é a força de sucção, que causa o aparecimento da água nas superfícies internas das paredes expostas aos ventos fortes que exercem força horizontal e de baixo para cima, trazendo, conseqüentemente, graves problemas nas paredes das edificações. Lembrar que a água penetra sempre nos poros, nas fissuras, nas saliências e prossegue, por capilaridade o seu caminho.

Solicite caso necessário as pressões hidrostáticas exercidas pela velocidade dos ventos.

Argamassas

Conforme a Norma NBR -7200 da ABNT, uma argamassa para revestimento "não deve conter" elementos orgânicos. Isto quer dizer que não deve conter nem saibro nem terra de emboço (terra preta) A norma indica a cal como ligante, mas a experiência dos autores ensinou-lhes que a cal oferece perigo para a pintura. Recomendamos que a argamassa seja preparada com emprego de um ADITIVO que reduza a relação A/C e que seja plastificante, coesivo e aerante, incorporando alvéolos de ar. Esses tem a propriedade de interromper a penetração da água, tornando a argamassa mais estanque do que uma argamassa sem aditivos. A massa com aditivos não se desidrata e não contrai durante a cura e assim não apresentará fissuras.

Em superfícies sujeitas a chuva e ventos, sugerimos como acabamento antes do isolamento e pintura, á aplicação de revestimento impermeabilizante flexível. Estes revestimentos formam uma camada 100% flexível, resistente a qualquer movimentação da superfície tratada. Por serem flexíveis, não sofrem fissuras ou trincas como os revestimentos SEMI-FLEXIVEIS

Por Leonardo Zapla

Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla Serviços Especiais para Engenharia.
(21) 2548 –0523
Visite: http://www.zapla.com.br
http://www.produtoszapla.com.br

Fachadas: causas comuns de ruína

As razões mais comuns da aplicação de pinturas em fachadas são a estética, impermeabilidade e a lavabilidade.
O fato é que toda e qualquer parede, seja de fachada ou não, fica sujeita à impiedade do tempo, mesmo aquelas concebidas de forma inteligente para suportar esta inclemência. O estudo da durabilidade de uma pintura requer o conhecimento das causas mais freqüentes do estado de ruína nestes substratos.

Todas as paredes contêm sais solúveis em água, como sulfatos de cálcio e de magnésio. A penetração de umidade de mesmo a água da chuva, através do filme de pintura, promoverá o contato com estes sais, dissolvendo-os e formando uma camada instável de material pulverulento ou em forma de farinha, chamado eflorescências, sob a película, tornando-a susceptível de descolorações, degradação ou mesmo descolamento.

Toda e qualquer especificação deverá levar em conta a possível presença e remoção destes sais antes da pintura, sem que todo o revestimento estará comprometido.

Ao contrário do que se possa imaginar, é comum surgirem eflorescências em superfícies novas. Em nenhuma hipótese, caso se constate, dever-se-á pintá-las com tintas látex e muito menos lavá-las com hidrojateamento, já que esta medida ativará os sais nas superfícies das paredes, piorando o problema.

Após resolver os problemas de fácil acesso ao interior da parede e permitir que ela segue adequadamente, aplique primeiramente e obrigatoriamente um primer alquídico, de modo a modificar e condicionar as superfícies, isolando a condição de alcalina.

A seguir aplique uma boa tinta.

Outras condições atmosféricas

Dever-se-á considerar sempre que qualquer tipo de parede, revestida ou não, ou mesmo as de concreto aparente, sofrem tensões internas provenientes da ação do aglomerante hidráulico utilizado. Todos sabemos que este aglomerante hidráulico promove altas resistências à compressão mas, quase sempre, ignoramos que também oferecem baixas resistências à tração. Os níveis de tensão interna existentes nas paredes variam enormemente, de acordo com a qualidade e quantidade dos materiais utilizados e, principalmente, de acordo com os valores externos de temperatura e umidade.

É perfeitamente sabido também que estas tensões promovem fissuras e trincas nas superfícies das paredes, encorajando a penetração d'água e umidade, que destruirá o paramento, pela formação de eflorescências ou mesmo ao inchamento do emboço. Nas paredes de concreto aparente, a existência de fissuras promoverá a penetração de oxigênio, água e agentes químicos perniciosos que desenvolverão células eletroquímicas de corrosão nas armaduras. Um outro problema muito comum que ataca estas superfícies, quase sempre ignorado, é a carbonização do concreto, que também conduz ao desenvolvimento de células de corrosão nas armaduras.

Nossas condições atmosféricas, com extremos freqüentes, é por demais adversa, conduzindo os revestimentos à formação de fissuras e trincas, que abrem e fecham, de acordo com a grandeza dos diferenciais de temperatura e umidade impostos. Como já afirmamos, as tintas 100% acrílicas formam filmes rígidos, que não suportam estas condições. O resultado é a quebra da película com a abertura de trincas ou fissuras, abrindo-se uma porta à penetração da intempérie.

Tintas

A grande quantidade de tintas disponíveis no mercado torna necessário uma investigação de suas qualidades e propriedades. A escolha final será norteada pelo conhecimento dos locais a serem pintados e suas necessidades. Normalmente, dever-se-á especificar um protetor penetrante (PP) para isolar o ambiente alcalino ao mesmo tempo em que promoverá a ancoragem necessária estabilidade da película de acabamento. O acabamento tradicionalmente, é feito com 2 demãos de tinta 100% acrílica de alta qualidade, próprio para paredes externas. Como o tempo é o melhor testemunho da qualidade e da durabilidade de uma tinta. A especificação sugerida acima, efetivamente, não tem dado bons resultados, para superfícies problemáticas ou muito expostas, já que formam filmes extremamente finos e vulneráveis à ação da abertura de trincas/fissuras, permitindo a penetração da chuva, gases, como o dióxido de carbono e sal da maresia, sob a película, afetando-a como também o substrato.

Há alguns anos, com o desenvolvimento dos sistemas elastoméricos, mais propriamente os acrílicos e os epóxicos, modificou-se completamente o comportamento da relação película/substrato, obtendo-se um filme espesso, flexível e durável, capaz de cobrir trincas existentes ou as que surgem, impedindo, portanto, a penetração da chuva e da umidade.

É interessante ressaltar que a surgência ou a abertura de fissuras e trincas, posterior à aplicação da tinta elastomérica, fará com que a película estique, protegendo-as. À medida que fecham, motivadas pelo comportamento higrotérmico do tempo, a película retorna à situação original sem qualquer comprometimento de suas características. É preciso identificar bem estes sistemas, formados por resinas acrílicas ou epóxicos de alta qualidade que duram muitos anos, oferecendo, portanto aquela durabilidade desejada, em função do grande investimento feito.

Há também no mercado novas resinas acrílicas, mesmo elastoméricas, com superior resistência a eflorescências, mofo e do envelhecimento. Talvez a mais notável característica seja a qualidade de "respirar", isto é, permitir que a parede libere a umidade ou vapor existente no seu interior, conforme muda a pressão do ar, umidade e temperatura interna/externa.

Uma outra boa característica notável é a resistência ao ambiente alcalino. Esta nova geração de tintas acrílicas podem ser aplicadas em paredes de fachadas, inclusive de concreto aparente, com pH igual ou superior a 9.

Por Leonardo Zapla

Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla Serviços Especiais para Engenharia.
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A banalização da recuperação estrutural !

No artigo anterior, falávamos sobre as infiltrações e os caminhos que a água usa para apresentá-las (trincas, rachaduras, poros dos materiais, falhas no material como, ninhos no concreto, brocas e fendas junto as armaduras) e os estragos que elas causam nas edificações. Apresentamos também, uma técnica revolucionária que impermeabiliza profundamente através de injeção o interior da própria estrutura, realizando uma rápida colmatação das trincas, fissuras e cavidades no interior do concreto, preenchendo e impermeabilizando sem quebrar.

Sem duvida a infiltração é a causa ou o meio necessário para a grande maioria das patologias em edificações. Dentre as diversas, podemos destacar o ataque as estruturas de concreto armado.

A água como eletrólito da corrosão.

A água é um meio condutor de eletricidade devido á sua carga natural de íons Cálcio, Magnésio, Sódio, Bicarbonato, Sulfato, Cloretos e Nitratos. Sem dúvida, os cloretos são os que se relacionam mais com a corrosão, já que, como outros íons, aumentam a condutividade elétrica da água, facilitando enormemente o fluxo da corrente de corrosão. Também reduzem, de forma significativa, a proteção de filmes ou películas de proteção aplicadas, pois, por aí permeiam facilmente. Os íons nitratos, como os sulfatos, são tão perigosos quanto os cloretos para o aço. Apresentam –se, entretanto, em menores concentrações. Na prática, águas com alta concentração de sulfatos atacam o concreto. O pH da água raramente foge do em torno a 4,5 – 8,5. De todos os gases dissolvidos na água, o OXIGÊNIO ocupa posição especial porque é um tremendo estimulante á corrosão. Um concreto bem dosado, com recobrimento e fator a/c (água/cimento) adequados, inclusive ao ambiente, estará protegendo suas armaduras da corrosão pelo fato de fornecer um ambiente envolvente altamente alcalino, com um pH entre 12 e 13. No entanto, quanto mais permeável for a camada de recobrimento mais o concreto tornar-se-á “molhável”, permitindo fácil acesso á água e aos gases, como o oxigênio, através de sua rede de vazios. Comumente, no entanto, ter-se-á, sempre, trincas e/ou fissuras em sua superfície, devido a processos de cura insuficientes ou mesmo inexistentes, fazendo com que aqueles elementos tenham fácil e rápido acesso ás armaduras.

Além de ser um dos principais “elos” da corrosão, a água também pode corroer o concreto. A medida em que a água vai infiltrando, ela dissolve o Oca (dando hidróxido de cálcio), e também a sílica, tornando o concreto cada vez mais poroso, conseqüentemente mais fraco. O dióxido de carbono na atmosfera reagirá com a umidade (devido a infiltração) existente no interior dos poros da estrutura, convertendo o hidróxido de cálcio com alto pH, em carbonato de cálcio que tem pH mais neutro. (pH diminui inicia a corrosão). Observe que voltamos ao ponto inicial, CORROSÃO.

Corrosão – Transformação do metal em compostos de propriedades menos desejáveis (normalmente, a oxidação para voltar a ser o mineral do qual foi extraído. Retorno ao seu estado natural mais estável).

Uma força “invisível”.

Todo este processo contribui para o aumento significativo da desagregação do concreto. Esta desagregação se inicia na superfície com uma mudança de coloração seguida de um aumento na espessura das fissuras entrecruzadas, que costumam aparecer.

Nas regiões em que o concreto não é adequado, não recobre ou recobre deficientemente a armadura, há a formação de óxi-hidróxidos de ferro, que passam a ocupar volumes de três a dez vezes superiores ao volume original do aço da armadura, podendo causar pressões de expansão superiores a 15 Mpa.

Estas tensões provocam inicialmente a fissuração do concreto na direção paralela a armadura corrida, o que favorece ainda mais a carbonatação e a penetração de agentes agressivos, causando o lascamento do concreto.

O comprometimento do desempenho da estrutura e o constrangimento psicológico.

É sabido que o concreto armado só funciona como um sólido composto (ou seja, como é calculado) quando há perfeita aderência entre o concreto e o aço. É comum encontrarmos condomínios com a filosofia – Isso pode esperar mais um pouco, não vai cair etc!. Esperando o momento “certo” para intervir, deixando muitas vezes os condôminos sem sono. Mas devemos alertar, que em geral, os problemas patológicos são evolutivos e tendem a se agravar com o passar do tempo, além de acarretarem outros problemas associados ao inicial.

Pode-se afirmar que as correções serão mais duráveis, mais efetivas, mais fáceis de executar e muito mais baratas quanto mais cedo forem executadas. A demonstração mais expressiva dessa afirmação é a chamada “lei de Sitter” que mostra os custos crescendo segundo uma progressão geométrica.

Dividindo as etapas construtivas e de uso em quatro períodos correspondentes ao projeto, à execução propriamente dita, à manutenção preventiva efetuada antes dos primeiros três anos e à manutenção corretiva efetuada após surgimento dos problemas, a cada uma corresponderá um custo que segue uma progressão geométrica de razão cinco (5).

Segundo SITTER, colaborador do CEB – Comitê Euro-international du Béton – formulador dessa lei de custos amplamente citada em bibliografias especificas da área, adiar uma intervenção significa aumentar os custos diretos em progressão geométrica de razão 5, o que torna ainda mais atual o conhecido ditado popular “não deixes para amanhã o que se pode fazer hoje”, por cinco vezes menos.

A boa vontade que pode sair muito caro.

Síndico precavido, econômico, há anos mantendo uma administração enxuta. Um belo dia se depara com as lajes e vigas de suas garagens em processo de corrosão e desplacamento. Certamente, já sabe o que fazer. Deixa recado com o porteiro para encontrar o Sr. Das obras, que há anos ronda o condomínio e adjacências. “Profissional” barato, de confiança, muito bom por sinal. Entretanto, esquece que o Sr. Das obras é um bom executor, mas não detém conhecimentos técnicos que os diversos serviços de engenharia requer. Continuando, lá vão, síndico e Sr. Das obras a loja de materiais de construção mais próxima. O resultado? Compram os mais diversos materiais. Aquele do comercial Dr, diz o Sr. Das obras. Satisfeito com a “economia” e com a orientação sugerida pelo balconista da loja, seguem para a execução da “maquiagem estrutural”.

- Remoção do concreto danificado pela corrosão, remoção das carepas de corrosão, pintura inibidora polimérica ou anticorrosiva, aplicação da argamassa de reparo. Pronto !!! agora é só pintar Dr.

Bem Sr. Síndico, devemos lhe informar que o termo “recuperação estrutural” aplicado em uma estrutura, motivado por processo de corrosão em suas armaduras significa a restituição da sua integridade em todos os sentidos, seja o físico e químico, sempre considerando-se que um processo é uma série de fenômenos sucessivos com nexo de causa e efeito. A restituição das seções do aço e do concreto, danificados por processos de corrosão nas armaduras, representa nada mais nada menos do que o efeito. E a causa ? Bem, a causa da corrosão nem todos sabem, mas, é de origem eletroquímica, somente neutralizada por processo eletroquímico. Por que apenas tratar os efeitos? Evidentemente, esta forma de recuperação estrutural conduz ao aceleramento da deterioração da estrutura.

Todo problema patológico, chamado em linguagem jurídica de vício oculto ou vício de construção, deve ser acompanhado ou executado por um profissional devidamente habilitado.

O conhecimento da patologia da construção é indispensável, em maior ou menor grau, para todos que trabalham com recuperações e construção. Quando se conhecem os defeitos que uma construção pode vir a apresentar e suas causas, é muito menos provável que se cometam erros.

Voltando dias depois para ver o serviço do Sr. Das obras e do Síndico econômico, nos deparamos com o seguinte quadro: Utilização de argamassa com altíssima resistência a compressão, invariavelmente duas a três vezes superior ao do concreto original. Em outras palavras, sua relação tensão – deformação (módulo de elasticidade) é totalmente diferente da base, dando como resultado uma transmissão de carga mais intensa e sujeitando-a a um descolamento prematuro. Bem mais impermeável que o concreto da base, possui uma rede de vazios bem inferior. O resultado é um comportamento dimensional (coeficiente de dilatação térmica-relaxação-fluência) anômalo, não tão importante para espessuras correspondentes ao recobrimento, mas extremamente prejudicial para espessuras mais profundas, onde o volume de cargas é mais intenso. Na verdade, o que se deseja é uma boa aderência, uma massa similar á original, uma cura adequada (retração por secagem) e a efetiva neutralização da corrosão através de um processo eletroquímico. Tudo a mais influencia o comportamento dimensional da peça estrutural, devido a falta de cuidado em tentar compatibilizar a recuperação.

A incompatibilidade nas recuperações em todos os segmentos da área é muito comum.

Mas este será o nosso próximo assunto, não recupere antes do próximo artigo

Por Leonardo Zapla

Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla Serviços Especiais para Engenharia.
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Na luta contra as infiltrações!

A maioria dos síndicos já começa a ter dores de cabeça só de imaginar que o seu condomínio poderá sofrer com o mal das infiltrações. Também pudera, nesses meses onde são freqüentes as chamadas “chuvas de verão”, qualquer prejuízo que o edifício venha sofrer caso não tenha tomado as devidas medidas preventivas, não será mesmo mera coincidência. Afinal, água não irá faltar! Vazamentos, goteiras, toda a sorte de incômodos que se possa imaginar estarão colocando a paciência de todos à prova. Pensando nisso, aqui vão algumas dicas de como evitar futuros transtornos para os moradores, como quebradeiras, gastos exorbitantes etc. garantindo o perfeito estado das estruturas do seu edifício.

Cuidados básicos garantem a saúde do seu condomínio

Essencialmente, a água poderá ocasionar a infiltração através de três caminhos distintos: por meio de trincas e rachaduras, pelos poros do material e ainda por falhas que este material possua como, por exemplo, brocas, ninhos no concreto e fendas junto às armaduras. Os principais vilões dessas infiltrações são os vícios construtivos, ou seja, defeitos originados no próprio processo construtivo (erro de projeto ou de execução) ou adquiridos ao longo do tempo (desgastes naturais, utilização, manutenção ineficiente, agressões).

Mas se os cuidados necessários para a prevenção não foram seguidos corretamente, não adiantará chorar sobre o leite – ou melhor, a água – derramada. Afinal, só haverá uma alternativa: resolver o problema! Neste caso, o síndico se vê no meio de uma enxurrada de informações e é o responsável em decidir qual será a alternativa ao mesmo tempo mais eficiente e não muito dispendiosa para todos. Há mais de 10 anos, os Estados Unidos e alguns países da Europa fazem uso de um sistema impermeabilizante chamado de Grauteamento Químico (injeção de resinas) – mais conhecido como injeção de poliuretano hidroativado – destinado a resolver problemas de infiltração em reservatórios e estruturas de um modo geral, que impermeabiliza profundamente o interior da própria estrutura.

O Poliuretano Flexível nada mais é que uma resina líquida hidrófoba, ou seja, imune à penetração de líquidos e projetada para acabar com todos os tipos de vazamentos ou infiltrações de maneira profunda. Ele contém um aditivo chamado WD, capaz de quebrar a tensão superficial da água e fazer com que ela seja facilmente desalojada de onde quer que esteja surgindo. Desta forma, é realizada uma rápida colmatação das trincas, fissuras e cavidades no interior do concreto.

Ao entrar em contato com a água/umidade, esta resina promove uma reação expansiva quase instantânea, através da formação de uma densa barreira sólida de espuma com células fechadas – preenchendo e impermeabilizando trincas, fissuras e poros por onde a água tiver acesso. Ideal para ações contra vazamentos/umidade de água em lajes de playgrounds, garagens, túneis, caixas de passagens, poços de elevadores, reservatórios, eletrodutos, cabos de força e telefones. Adesivo e penetrante, o poliuretano desenvolve um profundo trabalho de ancoragem em ambos os lados da fissura injetada. Como conseqüência, promove uma tenaz aderência em praticamente todos os substratos, estejam secos, molhados ou úmidos.

Com as infiltrações, os prejuízos são progressivos

A aplicação é feita através de injeção, em quaisquer trincas, fissuras, ninhos de concretagem, juntas frias, juntas de dilatação e demais formas de surgimento de água. Por se tratar de um produto hidrófobo (repelente), como já foi dito antes, e não hidrófilo (absorvente), o poliuretano não necessita de água para promover a sua expansão. Caso contrário, o seu volume expansivo seria dependente da quantidade de água existente nas estruturas. Logo: pouca água, pouca expansão. Um outro fator bastante preocupante nos produtos hidrófilos, é que o seu volume acabaria sofrendo uma certa retração com o tempo, pelo seguinte: poliuretanos hidroexpansivos hidrófilos, ao contrário dos hidrófobos, têm seu processo de expansão condicionado ao volume d’água existente no interior do concreto. Isso significa que, se houver pouca água, o volume da espuma será pequeno. Muita água possibilitará o desenvolvimento de um volume de espuma padrão, algo em torno de 30 vezes o volume de poliuretano injetado. Traduzindo: a esponja formada pelo poliuretano hidroexpansivo hidrófilo é constituída à base de moléculas d’água e, portanto, sofre os efeitos adversos dos ciclos de secagem/molhagem que toda estrutura hidráulica se submete. Por isso, na medida em que o nível d’água cai ou a superfície do concreto aquece, a água pendurada na cadeia da esponja volatiza ou evapora, fazendo com que sofra retração e torne aquela região permeável novamente ao fluxo d’água.

Outra constante preocupação que envolve a questão da impermeabilização seria a inevitável quebradeira sobre a qual o condomínio estaria sujeito no intuito de resolver as infiltrações. Bem, não necessariamente. Justamente, pelo fato de sua aplicação ser feita por injeção, não há a necessidade de que a parte superior sobre a laje de concreto a ser tratada (pisos nobres, cerâmicas, pedras portuguesas etc.) seja quebrada para que seja aplicada uma manta asfáltica ou algo parecido. Nem mesmo é necessário a retirada de plantas, terra das jardineiras, água das piscinas e reservatórios.

Não há dúvidas de que as infiltrações são capazes de grandes estragos dentro dos condomínios. Um deles é quando elas acontecem na laje da garagem, quando está localizada especialmente logo abaixo de playgrounds. Os resultados mais comuns são: manchas localizadas em forma de elipses (neste caso, geralmente o vazamento está no centro da figura, e é causado por falha de concretagem), manchas lineares (indicam fissura na impermeabilização) e estalactites de carbonato brancas (indicam exatamente o ponto de passagem da água). Esta última ocorre devido à dissolução da cal liberada na hidratação dos silicatos de cálcio do cimento. Esta cal dissolvida, ao chegar na superfície do concreto, é carbonatada pelo CO2 da atmosfera, tendo como conseqüência o aparecimento de tais estalactites.

Este silencioso efeito patológico pode levar os síndicos ao tribunal, pois as estalactites de carbonato são capazes de queimar a pintura dos carros lá estacionados. O síndico, por sua vez, poderá ser obrigado a diminuir o número de vagas em virtude das goteiras corrosivas, e daí em diante serão sempre mais prejuízos... Não devemos esquecer ainda que, além de todos os transtornos trazidos pelas infiltrações, um dos mais sérios é o ataque às armaduras de lajes, vigas e pilares de concreto. O resultado? O comprometimento da estrutura da edificação. Mas este será o nosso próximo assunto, por isso não toque na sua estrutura antes do próximo artigo.

Por Leonardo Zapla

Leonardo Zapla é especialista em Patologias da Construção, Consultor técnico de algumas empresas e diretor da Zapla Serviços Especiais para Engenharia.
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Impermeabilização - Parte IX

Banco de Imagens para detalhamento de projetos de Impermeabilização.




Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo

Impermeabilização - Parte VIII

Compatibilização de Projetos

Atualmente é comum vermos uma edificação com 15 ou 20 escritórios parceiros projetando os mais diversificados detalhes.

A impermeabilização tem sido deixada de lado muito mais do que deveria.

Como dissemos antes sobre a conscientização dos operários participantes da obra, precisamos também conscientizar os mentores do projeto.

A necessidade do sulco no concreto da platibanda ou nos pilares do térreo é evidente, mas será que o calculista prevê isso?

A camada impermeabilizante em uma laje de cobertura não tem uma espessura tão irrelevante a ponto de não se prever o rebaixo da laje no projeto.

O projetista de hidráulica não tem consciência de que seus tubos precisam dos recuos necessários para uma manta passar por trás.

O arquiteto autor do projeto de paisagismo nem sempre tem consciência de como será resolvida a solução dada a uma floreira.

Em vários casos isso pode parecer uma utopia, mas precisamos nos esforçar mais e mais para que todos os projetos sejam intrínsecos e consigamos cada vez mais pôr ordem na torre de babel.
Os detalhes só serão deixados de lado enquanto olharmos para eles como apenas detalhes.
Preocupações como todas as citadas neste texto, são inadiáveis e suas soluções são fundamentais para uma obra mais barata, de melhor qualidade, entregue em menor prazo e um cliente muito mais satisfeito.

Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo

Impermeabilização - Parte VII

Caixas d'água

Tratamos aqui da impermeabilização de reservatórios elevados moldados em concreto. As recomendações dadas para a concretagem das peças da piscina devem ser seguidas também para este caso. No piso interno do reservatório será aplicada uma camada de cimento e areia no traço 1:3, como proteção mecânica, já nas paredes, não existe a necessidade de se proteger a manta mecanicamente, ficando exposta. Isso faz com que a manta tenda a cair por seu próprio peso. Duas medidas são tomadas a fim de evitar esta queda. Aplica-se uma malha de 50x50cm de fita de caldeação mais solução adesiva. Aplica-se a manta e após é fixada uma fita de alumínio a cada metro vertical, em toda a volta. Esta fita é fixada com buchas S10 e com parafusos latonados de cabeça boleada. Sobre a fita aplica-se um manchão de material igual ao usado para impermeabilização.
As flanges do fundo do reservatório são de fundamental importância para que o sistema funcione.

Subsolo

Tratamos aqui da impermeabilização de subsolos que sofrem com problemas de afloramento do lençol freático.
Considerando que na maioria dos casos de subsolos a área ocupada vá de divisa a divisa do terreno, temos grande dificuldade de acesso para impermeabilizar estas paredes.
O ideal seria que tivéssemos um grande terreno e pudéssemos construir um subsolo de concreto monolítico de cabeça pra baixo, impermeabilizássemos as paredes e o fundo e só então o puséssemos em sua posição definitiva. Como isso não é possível, usamos a técnica do envelopamento. Trata-se da construção de paredes e piso provisórios, apenas para receber a camada impermeabilizante. Após feita a impermeabilização e aplicada a proteção mecânica, constrói-se a parede e piso propriamente ditos. Deve-se lembrar de deixar os arranques dos blocos ou sapatas e fazer seus respectivos arremates de impermeabilização.
Outros casos deverão ser tratados particularmente, como por exemplo casos onde seja necessário o rebaixamento do lençol freático.

Manta Elastomérica

Embora este seja o sistema de maior longevidade, exige mão-de-obra muito melhor treinada e uma conscientização também maior por parte de todos os colaboradores da obra. Sua espessura mínima de 0,8mm, exige este grande cuidado, chegando a ponto da necessidade de isolamento da área até que já tenha sido aplicada a proteção mecânica. Esta proteção mecânica também deve ser feita pela equipe de impermeabilizadores. Todo e qualquer operário que precisar transitar por sobre a manta, deverá faze-lo descalço, devendo ser proibido o uso principalmente de botinas.
Caso queira-se testá-la, só se pode por a água após 24h da aplicação. Este é o tempo de reação total do adesivo com a fita de caldeação.
A manta elastomérica é aplicada solta sobre a laje. Este sistema é chamado de sistema flutuante de impermeabilização. Ele tem o inconveniente de, no caso de um vazamento, a água "caminhar" por baixo da manta por longas distâncias, dificultando a localização do vazamento.
Sua aplicação é feita da seguinte maneira:

1 – Regularização
- Limpeza da laje na área a ser impermeabilizada
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização
- Verificação de corpos estranhos na superfície da laje. Ex. restos de madeira incrustados no concreto, arames e outros.
- Aplicação de argamassa de cimento e areia no traço 1:3, com espessura mínima de 3cm.
- Caimento de no mínimo 1% para os ralos
- Arredondamento dos cantos (normalmente se usa a lateral de uma garrafa)
- Cuidar para que a superfície regularizada fique tão lisa quanto uma argamassa permita. Uniforme e homogênea para receber a manta sem traumas

2 - Aplicação do primer
- O primer é uma pintura de base asfáltica
- A superfície deve estar totalmente seca
- O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão
- Consumo de aproximadamente 0,3 litros por metro quadrado
- Aguardar 24 horas após a aplicação do primer para a aplicação da manta



3 – Aplicação da manta
- Isolamento da área para impedir que operários não pertinentes aos serviços de impermeabilização transitem ou causem danos ao processo
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização. Ex. afastamentos adequados de dutos em relação às paredes
- Conferência da presença de todos os elementos, a fim de evitar ferimentos posteriores
- Verificar as especificações de projeto
- Dispor os rolos de manta no sentido longitudinal da aplicação, atentando para o esquadrejamento
- Fazer arremates nos ralos e outros elementos vaza-manta
- Inserir dentro dos ralos uma seção de tubo de PVC de 3cm com um corte vertical. Este anel tem a finalidade de não deixar a manta descolar do cano


ATENÇÃO: A reação química no momento de vulcanização do material elastomérico libera gases tóxicos. Em locais fechados como em reservatórios exige-se o uso de equipamento insuflador.

Manta Asfáltica

O principal cuidado a ser tomado em sua aplicação, é de conscientizar o aplicador de que o maçarico (usado na fusão das mantas) não pode aproximar e ficar exposto à manta em um mesmo local por muito tempo para não ocasionar ruptura do véu estrutural localizado dentro da manta, danificando-a. Vários fatores são levados em consideração para se julgar o ideal para isso, pressão de saída no bico do maçarico, resistência do asfalto, temperatura do ambiente, entre outros.
Uma boa dica dada pelos bons operários é que o asfalto deve apenas derreter e se nota a ruptura da estrutura da manta se a superfície parecer que "fritou".
Sua aplicação é feita da seguinte maneira:

1 – Regularização
- Fazer rebaixo de 15cm na borda dos ralos com profundidade de 4mm.
- Limpeza da laje na área a ser impermeabilizada.
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização.
- Verificação de presença de corpos estranhos na superfície da laje. Ex. restos de madeira incrustados no concreto, arames e outros.
- Aplicação de argamassa no traço 1:3 de cimento e areia.
- Caimento de no mínimo 1% para os ralos.
- Arredondamento dos cantos (normalmente se usa a lateral de uma garrafa).
- Cuidar que a superfície regularizada esteja tão lisa quanto uma argamassa permita. Uniforme e homogênea para receber a manta sem traumas.


2 - Aplicação do primer
- O primer é uma pintura de base asfáltica.
- A superfície deve estar totalmente seca.
- O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão.
- Consumo de aproximadamente de 0,3 l/m².
- Aguardar 24 h após a aplicação do primer, para aplicação da manta.
- Toda área a ser impermeabilizada deve receber essa camada de primer


3 - Aplicação da manta
- Isolamento da área para impedir que operários não pertinentes aos serviços de impermeabilização transitem ou causem danos ao processo.
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização. Ex: afastamento adequado de dutos em relação às paredes.
- Conferência da presença de todos os elementos, a fim de evitar ferimentos posteriores.
- Verificar as especificações de projeto.
- Dispor os rolos de mantas no sentido longitudinal da aplicação, tomando o cuidado com o esquadrejamento. Fazer arremate nos ralos e outros elementos vaza-manta.
- Inserir dentro dos ralos uma seção de tubo de PVC de 3cm com um corte vertical. Este anel tem a finalidade de não deixar a manta descolar do cano.


Argamassa impermeável (Rígida)

Sistema feito a partir da adição de produtos químicos na argamassa.
Este sistema só é recomendado para locais totalmente protegidos de oscilações térmicas, pois, por ser de origem posolânica, trinca junto com a estrutura.
Exemplos de locais que podem receber este sistema:

Cortinas de subsolos sem problemas de afloramento do lençol freático
Reservatórios subterrâneos
Piscinas enterradas

Assim como sabemos o quão importante é se concretar uma laje de uma vez só, a aplicação da argamassa impermeável só tem sua eficácia se for aplicada continuamente. E em duas camadas, para que as fissuras naturais de cada uma não coincidam.

Existe uma gama muito grande de sistemas e produtos de impermeabilização rígida. Inclusive pintura acrílica, grafiatos e texturas são considerados impermeabilizantes, mas consideramos aqui os sistemas que visam sanar infiltrações mais graves do que apenas umidades em paredes advindas de chuva do lado externo.

Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo

Impermeabilização - Parte VI

Floreiras e jardins

Como nos outros casos, tratamos aqui de floreiras e jardins que serão construídos sobre uma laje que terá uma finalidade de uso embaixo.
No caso de floreiras que terão suas paredes em alvenaria, existe a necessidade destas paredes serem construídas sobre uma mureta de concreto com altura mínima de 15cm monolítica com a laje. Esta medida é fundamental para evitar o destacamento da parede e conseqüente ruptura da manta. A drenagem é feita por tubos de PVC Ø100mm, instalados no meio da vegetação, tantos quantos necessários para a drenagem da área. Esses tubos deverão ter em sua extremidade superior uma grelha metálica, preferencialmente pintada na cor vermelha para uma fácil localização em meio à vegetação, para eventuais manutenções e desobstrução.
No fundo do canteiro deverá se deixar uma camada de 10cm de cascalho, brita ou seixo rolado para a drenagem da água capilarizada. Essa camada deverá estar separada da camada de terra por uma camada de poliéster não tecido (geotêxtil). O escoamento da água capilarizada será feito pelo mesmo tubo captador da água da superfície da floreira, através de furos Ø 5/8" feitos neste tubo dentro da camada de cascalho, ou seja, estes furos devem estar abaixo da camada do geotêxtil.

Por questões estruturais, independente da altura externa da floreira, poder-se-á criar internamente lajes falsas na intenção de se reduzir o volume de terra. Mesmo que essas lajes sejam criadas, por se tratar de elementos pré-moldados soltos, a impermeabilização deverá ser aplicada como se todo o espaço fosse preenchido com terra. A camada de cascalho e os furos no tubo de drenagem deverão subir de acordo com esta laje falsa.

A profundidade de terra da floreira deve ser dimensionada de acordo com o potencial de raízes da vegetação a ser usada, assim como deve-se evitar a utilização de espécies vegetais de raízes vigorosas ou que possam oferecer riscos ao sistema de impermeabilização.




Boxes de banheiros

Como os boxes de banheiros não são expostos a grande variação de temperatura, costumeiramente procura-se executar a laje com cuidados para boa cura e a sua impermeabilização é feita apenas através da cerâmica e um bom arremate com silicone na borda do tubo do ralo.

Por uma maior segurança pode-se aplicar manta asfáltica ou elastomérica, não havendo necessidade de se impermeabilizar o restante do banheiro, exceto no caso de existência de banheiras de hidromassagem, que por ser área mais úmida que o box, exige uma atenção maior quanto à impermeabilização.

No caso de se optar pela aplicação de manta na região do box, alguns cuidados devem ser tomados. As paredes devem ser de tijolo maciço pelo menos 20cm acima do barrado de manta. O barrado de manta nas paredes deve ter uma altura mínima de 50cm e sua ancoragem feita na parede por um sulco de 4x4cm com inclinação de 45 graus. A manta deve sair 50cm para fora do box e deve-se deixar uma sobra de 20cm para ser cortada após o piso acabado.
Antes da aplicação da manta, deve-se fazer os arremates de impermeabilização no ralo, ancoragem da esquadria do box (quando necessário). O ideal é se evitar o máximo possível, chumbamentos e intervenções no piso a ser impermeabilizado.




Piscinas

Tratamos aqui de piscinas em concreto e fibra de vidro, usadas em pavimentos térreos, onde embaixo normalmente haverá vagas de garagem ou em apartamentos dúplex de cobertura, onde normalmente embaixo estará a sala de estar. Acredito que esteja aqui um dos nossos dois grandes desafios, pois estamos falando de uma ousadia arquitetônica, onde toneladas de água estarão nos testando a cada minuto, enquanto existir.

Partindo daí, percebemos que até mais importante que a camada impermeabilizante, está a qualidade estrutural. Esta região da edificação deverá receber atenção redobrada na fase de concretagem. Terão que ser peças de concreto perfeitas, sem "bichos", falhas ou restos de madeira incrustados após a desforma.

Não podemos abrir mão da mísula nos cantos horizontais e verticais, que serão reforços importantes. Os elementos como entrada de água, ladrão, ralo de fundo, deverão também receber redobrada atenção quanto à sua rigidez com a laje de fundo ou paredes laterais. O fundo receberá tratamento igual a área transitável por pedestres, as paredes deverão ter, como proteção mecânica sobre a manta, placas de poliestireno expandido (isofoan, isopor) para proteção no momento crítico onde uma ou mais pessoas saltam na piscina. Após a colocação das placas de poliestireno expandido na vertical, aplica-se uma camada de argamassa de cimento e areia no traço 1:3, armada com tela galinheiro. Esta camada de argamassa receberá o assentamento dos azulejos.

Com a intenção de não interferir no teto do pavimento inferior, normalmente essas piscinas são construídas em um nível mais elevado. Isso faz com que se crie uma segunda laje para o deck. Vemos então, surgir um caixão perdido. Este caixão perdido não pode jamais ser preenchido com entulhos, argila expandida ou qualquer outro material, pois no caso de uma infiltração, o armazenamento de água neste material será motivo de incômodo por muito tempo. O problema da infiltração será resolvido, mas o cliente terá sua goteira garantida por longos meses. Deverá receber impermeabilização dupla, uma camada no fundo do caixão perdido e outra sobre o deck, que será a continuação da manta que passa dentro da piscina.

Em um espaço de ar confinado, acontece o fenômeno da condensação, que é a liquefação do vapor de água proveniente da cura do concreto, vapor presente no ar ou uma eventual infiltração na laje superior. Este problema é evitado deixando-se pelo menos dois tubos de Ø mínimo de 75mm para a respiração do caixão, dispostos em pontos opostos. Estes tubos devem ter uma altura mínima de 20cm dentro do caixão e sua ponta inferior rente com o teto do pavimento inferior.




Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo

Impermeabilização - Parte V

Varandas

Tratamos aqui dos casos de varandas e sacadas construídas em local que terá uma finalidade de uso embaixo. Estes locais são considerados transitáveis por pedestres, cabendo então as recomendações para tal. Cuidados extras serão colocados e alguns deles se aplicam não só a regiões com estes fins.
Considerando que nem todas as sacadas tem seu guarda-corpo em total alvenaria ou concreto, há que se tomar os cuidados com os arremates de impermeabilização junto aos tubos ou outros metais que ancorarão os elementos do guarda-corpo.

Toda região impermeabilizada que tiver em sua periferia uma porta que dê ligação com a área interna da edificação deverá ter a camada impermeabilizante adentrando no mínimo 1.00 metro para o fundo e laterais. Ao final desse 1.00 metro, deverá se deixar uma sobra de manta de 20cm, que será cortada somente depois do piso acabado. Esta medida evita que a água percole pela argamassa de assentamento do piso, infiltrando no ambiente interno. Já vimos casos de percolações que chegaram a avançar 5 metros pela área interna.
Nas paredes periféricas da área impermeabilizada deve ter um barrado mínimo de 50cm de altura, e sua parede deve ser constituída de elemento não poroso e maciço a pelo menos 20cm acima da borda do barrado.





Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo

Impermeabilização - Parte IV

Coberturas transitáveis por veículos

Estes são os casos onde existem estacionamentos sobre a laje e embaixo é também área útil do edifício.
Este caso não difere muito do caso das soluções adotadas para áreas transitáveis por pedestres, exceto que o piso sobre a manta deve ter resistência adequada. Uma das formas é de se aplicar uma camada de 4cm de argamassa armada com tela soldada com malha de 15x15cm (tela Telcon L47).

Calhas

As calhas aqui tratadas são aquelas moldadas sobre a laje de cobertura, em concreto armado. Estas calhas devem ser impermeabilizadas com o sistema de mantas. A manta deverá subir pela parede da calha até a sua borda externa. As paredes da calha devem ter a sua superfície superior na mesma inclinação do telhado. Recomenda-se que a telha entre pelo menos 10cm dentro da calha, formando um pequeno beiral a fim de evitar entrada de água causada por chuvas de vento.
Para efeito de manutenção da calha, recomenda-se uma largura livre de no mínimo 30cm.
Deve-se prever na camada de regularização da superfície do fundo da calha, um caimento mínimo de 1% para ralos e sua espessura mínima de 3 cm. Invariavelmente, uma calha deverá receber um tratamento de isolação térmica.

Isolação térmica

Com exceção ao uso da isolação térmica feita com materiais soltos como seixo rolado de cor clara, podemos dizer que existem duas outras opções. Estas duas opções são de uma camada de material isolante embutido no piso. Pode-se aplicar esta camada sobre a manta ou sob a manta. No caso da camada isolante ser aplicada sobre a manta, temos a vantagem de a manta também ser protegida termicamente, trazendo maior longevidade para o sistema. O material recomendado para isso é o poliestireno extrudado (Styrofoan), que tem a propriedade de não absorção de água. Nesta opção deve-se considerar o alto custo desse material.
No caso da camada isolante ser aplicada sob a manta já não temos a isolação térmica na própria manta, reduzindo teoricamente a longevidade do sistema. No entanto, podemos usar um material mais barato, que é o poliestireno expandido (isopor, Isofoan). Este material absorve água pelas bordas recortadas e encharcado perde sua propriedade isolante, por isso é importante que só seja usado sob a manta.

Rufos

Os rufos aqui tratados são os rufos em concreto que dão acabamento à parte alta do telhado, onde se encontra com paredes ou platibandas, tanto no sentido horizontal quanto lateral.
Estes rufos são superfícies de concreto armado de largura pequena, aproximadamente 30cm. Nestes casos, a camada impermeabilizante não se faz necessária com mantas, sendo suficiente uma impermeabilização com membranas.
No momento da concretagem o carpinteiro deve ser instruído a deixar na forma um baguete de 2,5x2,5cm, no sentido longitudinal do rufo, próximo da borda 3cm. Isso fará com que a peça de concreto fique com um sulco na face inferior, que servirá como pingadeira, evitando o refluxo da água.
A superfície superior e lateral do rufo deve receber uma camada de regularização (cimento e areia no traço 1:3) com espessura mínima de 3cm. Todos os cantos devem ser arredondados e a membrana deve revestir toda a face lateral e superior do rufo, assim como a parede de onde emerge o rufo e sua face superior. A face superior da parede deve ter uma inclinação de 5% para o lado interno a fim de evitar manchas precoces na fachada.
A camada impermeabilizante é feita por uma demão de primer, 3 demãos de emulsão asfáltica entremeadas com lã de vidro e protegida com pintura refletiva (alumínio).

Impermeabilização - Parte III

Coberturas transitáveis por pedestres

São aquelas que devem receber uma pavimentação adequada ao trânsito de pedestres, mas não de veículos.
Também nessas regiões a impermeabilização rígida não é recomendada, pois estas lajes são susceptíveis de fissuras provenientes de oscilação térmica. Recomenda-se mantas asfálticas ou elastoméricas.


Preparação da base:
Sobre a laje deve-se executar a camada de regularização com argamassa de cimento e areia no traço 1:3, tomando o cuidado de arredondar todos os cantos com paredes com um raio de 5cm (usa-se para isso a lateral de uma garrafa). Essa medida facilita a aplicação da camada impermeabilizante e sua acomodação.

Deve-se também, nessa etapa, prever queda para ralos, fazendo a regularização com um caimento mínimo de 1% e sua espessura mínima deve ser de 3cm.
Após a cura da argamassa, aplica-se o primer (pintura de base asfáltica). A superfície deve estar totalmente seca e livre de óleo. O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão.

No caso da manta elastomérica, após o primer aplica-se uma camada de Pasta Berço (lama asfáltica com borracha moída), aplicada com desempenadeira em uma camada de 0,5cm. Após a secagem ao toque, pode-se passar à aplicação da manta, que é feita, no caso da manta asfáltica, com o desenrolar dos tubos de manta sobre a laje, deixando um transpasse lateral de 10cm.

O método mais comumente usado para a fusão das mantas é com uso de maçarico. Neste método é preciso se tomar muito cuidado com o aquecimento excessivo da manta, em seu interior existe um véu estrutural e a sua ruptura inutiliza a manta.
Uma dica dada pelos operários experientes é que a manta estará danificada quando a sua superfície parecer que "fritou".

No caso da manta elastomérica, a aplicação é feita com o desenrolar dos tubos da manta sobre a camada de pasta berço, com um transpasse de 10cm e a fusão é feita através de uma fita de caldeação. Esta vulcanização é feita quimicamente e a frio.

Tanto no caso da impermeabilização com manta asfáltica quanto com elastomérica, antes da aplicação da manta deve-se fazer todos os arremates nos ralos, tubos que vazarão a manta, juntas de dilatação, etc.

Na periferia da região a ser impermeabilizada, a manta deve subir na parede no mínimo 50cm, formando um barrado. Essas paredes devem ser construídas com tijolo maciço até 20cm acima do final da manta. O tijolo furado faz com que no caso de uma infiltração, mesmo depois do problema resolvido, a água armazenada nos furos mereje por meses, deixando dúvidas quanto ao serviço.

Os ralos e tubos nunca deverão estar a menos de 10cm recuados das paredes ou um do outro. Isso impede o arremate da impermeabilização.




Impermeabilização - Parte II

ELEMENTOS
Coberturas não transitáveis

São aquelas que terão pessoas transitando apenas para manutenções ou em situações emergenciais.
São elas:
- Tampa de reservatório elevado de concreto;
- Cobertura de casa de máquinas;
- Cobertura não utilizada para outro fim senão o de cobertura.
Essas regiões não exigem grande atenção quanto a resistência à compressão na camada impermeabilizante.
A impermeabilização rígida não é recomendada para esses locais susceptíveis de fissuras provenientes da oscilação térmica.
Recomenda-se manta asfáltica ou elastomérica. Como proteção mecânica deve-se usar geotêxtil (Poliéster não tecido) e por sobre o mesmo, como isolação térmica, pode-se usar, por economia e facilidade na manutenção, seixo rolado, solto, de cor clara.
Deve-se ter em toda a borda da laje impermeabilizada, uma mureta de no mínimo 15 cm de altura, de concreto, monolítica com a laje, isso evita o destacamento e conseqüente ruptura da manta. A face superior da mureta deve ter uma inclinação de 5% caindo para o lado da laje impermeabilizada. Este caimento evita o surgimento precoce de manchas de sujeira na fachada.
Deve-se prever todo e qualquer equipamento a ser instalado sobre a área impermeabilizada. Tanto os que serão entregues instalados na conclusão da obra, quanto os que vierem a ser necessários a qualquer tempo. Essa medida pretende evitar que um técnico no pós-obra venha com uma furadeira instalar sua obra de arte ao seu bel prazer. Para isso, deve-se deixar blocos de concreto ancorados na laje, com altura mínima de 20cm.





Exemplos de equipamentos possíveis:
- Antenas parabólicas;
- Ganchos para estaiamentos de balancins para manutenção de fachadas e eventual uso pelos bombeiros;
- Antenas coletivas;
- Antena de telefonia celular;
- Luminárias e refletores;
- Lanterna de obstáculo;
- Tótens publicitários;
- Pára-raios;
- Painéis de aquecimento solar.
- E outros que possam vir a ser necessários.




Por Arquiteto João Ricardo Spagnollo

Impermeabilização - Parte I

Introdução
Em se tratando de impermeabilização em uma construção, mesmo que estejamos adotando material adequado e de boa procedência, ainda assim não estamos garantidos. Como em todos os serviços de uma obra, mais ainda no caso da impermeabilização, a mão de obra utilizada precisa ser exaustivamente treinada.
Como a área a ser impermeabilizada sofrerá intervenções por outras equipes antes e depois da aplicação da camada impermeabilizante, essas equipes precisam sempre passar por treinamento de reciclagem para a conscientização dos riscos responsáveis por um futuro vazamento.
É comum vermos a equipe de concreto esquecer ou não ser avisada de colocar na forma uma simples ripa que fará o sulco necessário para a ancoragem da manta de impermeabilização. Isso gerará um reserviço oneroso na fase de impermeabilização, onde haverá de se quebrar com uma talhadeira e corre-se o risco de abalar a estrutura.
Outro exemplo comum é um servente precisar pregar um inofensivo preguinho em uma parede rebocada, para esticar uma linha de marcação, sem saber que atrás desse reboco está toda a camada impermeabilizante, pronta e acabada.
Vários outros exemplos poderiam ser citados, mas por enquanto podemos nos ater a esses dois para que possamos notar que os próprios colaboradores da obra podem se transformar em vilões por falta de aviso dos riscos e cuidados a serem tomados.
Embora este assunto não seja tratado com a freqüência e seriedade que deveria, a impermeabilização é parte fundamental de uma edificação.
Nos preocupamos com pisos, paredes, portas, janelas e telhados, mas de que valem todos esses elementos que compõem uma construção se não forem capazes de impedir os efeitos da tão indesejável infiltração?
Todos nós sabemos quão teimosa e persistente é a água. Precisamos superá-la sendo precisos e conscientes dos seus fenômenos.
Temos no mercado inúmeros produtos impermeabilizantes. Caros, baratos, fáceis, complicados, simples e sofisticados. Todos prometem maravilhas, garantem facilidades na aplicação, estanqueidade e durabilidade.
Precisamos entender que no mercado dos dias de hoje, tudo se faz para sobreviver e o importante é vender. Claro que se o produto não cumprir as finalidades que o seu fabricante garantiu, podemos nos fazer valer das leis de proteção do consumidor e até conseguir algum reparo. Mas não estamos aqui falando da compra de um televisor que lhe deixou na mão em um domingo de decisão de um campeonato.
Estamos falando de um cliente insatisfeito que está com seu apartamento encharcado. De um apartamento de cobertura, onde o reparo vai implicar na quebra de boa quantidade de materiais de revestimento nobres, sujeiras e contratempos para o seu cliente que confiou que teria um local seguro para morar.
Concluímos então, que o maior prejuízo será o seu, pois mesmo que consiga provar, ao fornecedor e aos órgãos judiciários, que seguiu meticulosamente as recomendações e instruções e ainda consiga um ressarcimento, fica o prejuízo moral perante o cliente, este sim, é um prejuízo que nenhum de nós profissionais gostaríamos de trazer conosco.

Por João Ricardo Spagnollo (Arquiteto)