Prazo de uso do equipamento, disponibilidade do fornecedor em cumprir datas, extensão da torre e manutenção norteiam cotação
Elevador de cremalheira é destinado ao transporte vertical de pessoas, materiais e equipamentos em obras de construção civil; sua cabine se movimenta ao longo de uma torre metálica por meio do sistema de pinhão e cremalheira, diferentemente do elevador de obra convencional, movido pela ação de cabos de aço. Instalado no início da fase de estrutura da obra, logo após as fundações, o equipamento é utilizado até o término da construção. Comparado ao elevador convencional, o cremalheira é mais seguro e reduz o risco de acidentes, defendem especialistas.
Adriano Bastos, engenheiro coordenador de obras da REM Construtora, avalia que embora o elevador a cabo possa apresentar custos um pouco menores, o de cremalheira reduz os gastos ao longo do tempo por melhorar a logística da obra. "O elevador de cremalheira tem melhor funcionalidade, ou seja, não exige constantes interrupções por falhas mecânicas", comenta. É também uma máquina de fácil instalação, montagem e operação e tem capacidade de carga equivalente a outras soluções de transporte vertical, como a grua.
Especificações
Existem diferentes modelos de elevadores de cremalheira: com cabine simples (plataforma única) ou dupla (duas plataformas independentes correndo em lados opostos de uma mesma torre). Há ainda um tipo de cabine com compartimento isolado para o operador. A escolha por um ou outro modelo depende da necessidade de abastecimento dos pavimentos. Antes de locar, é importante conferir se a capacidade de carga do equipamento e as dimensões da cabine são compatíveis com a demanda da obra. Os produtos disponíveis no mercado suportam entre uma e duas toneladas e, em geral, têm velocidade de deslocamento vertical entre 30 m/min e 40 m/min.
Cotações de preços e fornecedores
Na hora de locar o elevador de cremalheira, deve-se levar em conta o prazo em que o equipamento será utilizado e a disponibilidade do fornecedor em cumprir as datas de instalação, extensão da torre e manutenção. As responsabilidades das partes também devem estar previstas no contrato de locação. A instalação, desinstalação e manutenção costumam ficar a cargo da locadora e, por isso, entram na análise da cotação de preços. Expedito Arena, presidente da Alec (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis), lembra que "em todos os contratos, deve estar bem definido quem, como e por quanto tempo será feita a manutenção do elevador".
A oferta de elevador de cremalheira costuma se concentrar nos pólos onde a construção civil tem maior expressividade e a demanda pelo equipamento é grande. Atualmente, o prazo para contratação gira em torno de 120 e 150 dias. Para evitar problemas por falta de disponibilidade, vale consultar o fornecedor desde o início da obra. Indica-se contratar seguro caso não seja possível incluí-lo no seguro de responsabilidade civil do empreendimento.
Logística
Embora o transporte do elevador seja, em geral, de responsabilidade do contratante, o serviço deve ser orientado e fiscalizado, sempre que possível, pela contratada para evitar acidentes durante a locomoção. No momento do recebimento, é importante verificar a quantidade e o estado de conservação das peças e exigir da locadora a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) de montagem e do equipamento.
Para evitar o armazenamento, é aconselhável programar a chegada do elevador na etapa de sua utilização. A construtora deve atentar para as especificações técnicas da ligação elétrica e da base de concreto onde será fixada a torre. Ambas são de responsabilidade da contratante e devem estar prontas na chegada do equipamento. Caso seja necessário locar o elevador com antecedência, principalmente para garantir disponibilidade, deve-se reservar um local limpo, livre de intempéries e com piso nivelado para a armazenagem das peças.
Cuidados durante a instalação e utilização
É fundamental escolher um local de fácil acesso para instalar o elevador de cremalheira, de preferência próximo ao portão ou à área de carga e descarga, mas principalmente onde ele não interfira na construção de outros sistemas como caixilhos, vigas e colunas. "Por ser uma peça fundamental para a logística e, consequentemente, para o desempenho produtivo, o estudo da utilização, montagem e desmontagem do elevador deve ser contemplado no planejamento do empreendimento e no projeto do canteiro de obras", avalia Adriano Bastos.
O especialista aconselha desenvolver um cronograma físico para materiais, equipamentos e mão de obra e, a partir daí, elaborar o plano de uso do transporte vertical, com todos os horários diários de operação pré-definidos, levando em conta a demanda por pavimento, a produtividade das equipes e a capacidade do equipamento.
Durante a utilização deve-se respeitar a capacidade máxima de carga e checar os itens de segurança como o freio de trabalho, de emergência e o sistema de cancelas, que impede que o elevador se mova com as portas abertas. Vale reforçar que a revisão e a manutenção preventiva são fundamentais.
Normas técnicas
Duas normas técnicas regulamentam o uso do elevador de cremalheira no Brasil. A NR-18 normatiza as "Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção" e possui um item específico para "Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas" (18.14). Há também a NB 233, que regulamenta "Elevadores de Segurança para Canteiros de Obras de Construção Civil" e estabelece as condições mínimas para projeto e execução de elevadores de obra. Segundo Expedito Arena, propostas de mudanças no uso e fabricação de elevadores de obra estão hoje em debate no CPN (Comitê Permanente Nacional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) e poderão trazer mudanças às normas vigentes no Ministério do Trabalho.
Checklist
> Procure locar de fornecedores que tenham boas referências no mercado, para evitar atrasos e aumento dos custos
> O local de instalação deve ser estudado no projeto do canteiro para não interferir em outros sistemas construtivos
> Os horários de operação devem ser programados conforme a demanda de cada pavimento, a produtividade das equipes e a capacidade do equipamento
> A manutenção periódica é fundamental e deve estar incluída no contrato de locação
> Deve-se sempre exigir da locadora o ART de montagem e do equipamento
> A carga máxima suportada deve ser respeitada
"Na REM, fizemos recentemente a opção pela compra de elevadores devido à necessidade de termos equipamento disponível para atender à demanda" Adriano Bastos
ENTREVISTA - ADRIANO BASTOS
Locar ou comprar
Quando é mais apropriado locar ou adquirir o elevador de cremalheira?
A decisão depende das características da construtora e do seu planejamento estratégico. Na REM, fizemos recentemente a opção pela compra de elevadores devido à necessidade de termos equipamento disponível para atender à demanda da empresa. Pelos cálculos na época da contratação, os custos desses equipamentos seriam diluídos antes de concluírem uma segunda obra. Vale destacar que a empresa possui uma estrutura organizacional que permite o gerenciamento dos elevadores.
Qual o preço médio de locação e da aquisição do equipamento?
Sem considerar montagem, transporte e seguro, o preço médio de locação para elevador de cremalheira com porta de pavimento fica em torno de R$ 10 mil mensais. Para aquisição de um elevador de cremalheira cabine simples, com 30 m de torre e sem porta de pavimento, o preço médio é de R$ 170 mil. As portas de pavimento têm de ser compradas à parte.
É mais vantajoso adquirir do mercado interno ou externo?
Fizemos um estudo no meio do ano passado, pouco antes da crise financeira, para analisar se financeiramente seria melhor locar ou adquirir o equipamento. Verificamos que a aquisição no exterior era a melhor opção, mesmo com as despesas de importação e transporte interno. O câmbio na época era favorável; conseguimos uma boa condição comercial; para a empresa era interessante adquirir o equipamento e havia poucas opções de produto no mercado interno. Essas questões devem ser reavaliadas caso a caso. Deve-se levar em conta, no entanto, como será feita a substituição de peças no caso de uma manutenção e como se dará a garantia.
Adriano Bastos, engenheiro coordenador de obras da REM Construtora
Colaboraram: Adriano Bastos, engenheiro coordenador de obras da REM Construtora, e Expedito Arena, presidente da Alec (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis)
Fonte: Construçãomercado