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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Como calcular a precisão de uma Coordenada Geográfica

POR: CARLOS EDUARDO FALCONI

INTRODUÇÃO

É importante que todo piloto saiba a precisão necessária ao seu planejamento, a fim de escolher o tipo correto de notação das coordenadas geográficas. Veremos a seguir alguns conceitos básicos para se definir esta precisão.
A RELAÇÃO ENTRE COORDENADAS E DISTÂNCIA

A Terra, para efeito de estudos, pode ser considerada uma esfera perfeita, embora se saiba que tem um achatamento nos pólos de aproximadamente 40 km. O diâmetro da Terra, segundo dados oficiais da ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional), é de 12.733,4 quilômetros no Equador. Assim, para se achar seu raio, basta dividir o diâmetro por 2, obtendo-se um raio de 6.366,7 quilômetros.

Pela teoria matemática, o perímetro (o comprimento) de um círculo é calculado pela fórmula 2 x pi x raio; assim, temos: perímetro = 2 x 3,1416 x 6.366,7 = 40.003,2 Km.

Dividindo-se o perímetro pelos 360º da circunferência da Terra, chega-se à conclusão de que cada grau de curvatura terrestre tem 111,12 quilômetros.

Como cada grau tem 60 minutos, dividindo-se este último valor por 60 obtemos o valor de 1,852 quilômetros.

A este valor foi dado o nome de milha náutica (NM).

Assim, fica fácil perceber que 1 NM é igual a 1 minuto da circunferência terrestre. Do mesmo modo, 60 NM equivalem a 1 grau da circunferência terrestre.


PRECISÃO

Sabendo-se a relação entre graus de arco e medidas de distância, como visto anteriormente, utilizando regras de três simples podemos abstrair a seguinte tabela:



Podemos calcular agora a diferença entre duas latitudes, para saber sua precisão.

Por exemplo, qual a diferença de precisão entre as duas coordenadas: 03º 20’ 16,44” N e 03º 20’ 16” N.

Basta calcular, no caso, a DLA (diferença de latitude) entre elas, ou seja: 0,44 segundos.

Assim, 0.44 x 30,87 metros = 13,58 metros.

Esta é a diferença entre usar a casa dos centésimos no segundo ou arredondar este valor.

Como o arredondamento máximo na casa centesimal do segundo é de 0,5 a maior diferença seria 0,5 x 30,87, ou seja, 15,44 metros.

Caso a coordenada seja utilizada para planejar um vôo entre duas localidades, este valor não faz diferença; no entanto, caso se pretenda uma aproximação para o alinhamento de uma pista, por exemplo, esta precisão se faz necessária, pois a aproximação corre o risco de ser feita 15 metros à direita ou à esquerda da pista.

Da mesma maneira, em aplicações mais específicas, até mesmo a casa centesimal não resolve o problema, como no caso de aplicações de engenharia civil ou militares.

Assim, podemos calcular, por exemplo, quantas casas decimais de segundos seriam necessárias para se ter a precisão de 1 cm.

Se 1 segundo = 30,87 metros, transformando metros para centímetros, teremos que 1 segundo = 3.086,67 cm.

Dividindo-se 1 metro por este valor, teremos o valor de 1 segundo de arco igual a 0,000323974 segundos, ou seja, seriam necessárias 9 casas decimais na indicação do segundo para se conseguir medir valores em centímetros.

A NASA chega a utilizar equipamentos de GPS com precisão de 20 casas decimais, dando precisão milimétrica às coordenadas geográficas. Obviamente, utilizando sistemas extremamente caros para conseguir esta precisão em velocidade adequada.

Os modernos equipamentos GPS que integram as aeronaves têm precisão, geralmente, de 2 ou 3 casas decimais no segundo, o que equivale à precisão de 15 metros ou 3 metros.

Muito cuidado ao utilizar qualquer tipo de GPS para a navegação aérea. Sempre verifique que tipo de precisão este equipamento pode oferecer.

Calculando distâncias e direções utilizando Coordenadas Geográficas

POR: CARLOS EDUARDO FALCONI

INTRODUÇÃO

Antes de iniciar este estudo, é preciso relembrar os conceitos de DLA (diferença de latitude) e DLO (diferença de longitude).

A primeira – DLA – é a diferença angular entre duas latitudes, podendo ser de no máximo 180 graus, pois é a diferença entre 90ºN e 90ºS.
A segunda – DLO – é a menor diferença angular entre duas longitudes, podendo ser, também, de no máximo 180 graus, pois é a diferença entre a longitude de um meridiano qualquer e seu anti-meridiano (oposto a ele em 180º).

Para se calcular a distância entre duas localidades apenas sabendo-se as coordenadas, precisaremos também lembrar como converter estes valores de DLA e DLO em distância.

Para se calcular a direção entre duas localidades será necessário relembrar conceitos de trigonometria, como veremos mais à frente.


TRANSFORMANDO UM VALOR DE DLA OU DLO EM DISTÂNCIA

Para transformar um valor angular em distância, basta relembrar suas equivalências.

Como se sabe, 1º = 60 NM, assim pode-se concluir que 60′ = 60 NM \ 1′ = 1 NM.

Ocorre que 1′ = 60″, assim pode-se concluir que 60″ = 1 NM, ou seja, 1″ = 1/60 NM.


Sabendo-se estas equivalências, fica fácil transformar qualquer valor de DLA ou DLO em distâncias. Observe o exemplo a seguir.

Vamos converter o valor 23º 30’ 36” em distância. Basta isolar cada valor e converter individualmente, somando os resultados.

23º X 60 = 1.380

30’ X 1 = 30

36” ÷ 60 = 0,6


‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾

1.380 + 30 + 0,6 = 1.410,6 NM x 1,852 = 2.612,4 Km

Obviamente, este método vale para distâncias pequenas (menores do que 800 NM), pois o correto seria levar em conta a curvatura terrestre; no entanto, o método funciona muito bem, como veremos adiante.

CALCULANDO A DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS GEOGRÁFICOS

Pode ocorrer de, em determinado momento, o piloto ter as coordenadas entre dois pontos, mas não ter em mãos a carta ou algum equipamento para calcular a distância entre elas. Quando isto acontecer, basta utilizar o que já se conhece sobre coordenadas geográficas. Já foi visto que uma coordenada geográfica utiliza o sistema cartesiano para indicar localidades. Fazendo uma análise simples, qualquer coordenada pode ser representada em um sistema de eixos do tipo “x” e “y”.

Vamos pegar como exemplo as coordenadas geográficas das duas cabeceiras da pista de SBMT (Aeroporto Campo de Marte, São Paulo):

SBMT: PISTA 12 (23º 30’ 29,93” S/046º 38’ 32,90” W)

­SBMT: PISTA 30 (23º 30’ 36,50” S/046º 37’ 53,01” W)




Vamos agora calcular o comprimento da pista, utilizando as duas coordenadas.

Basta uma pequena análise para se perceber que o comprimento da pista é definido por uma linha que liga os dois pontos e que esta linha nada mais é do que a hipotenusa de um triângulo retângulo definido pelas diferenças de latitude (DLA) e de longitude (DLO), que são os catetos entre estes pontos. Veja o esquema abaixo:



Pelo Teorema de Pitágoras, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos. Podemos considerar que um dos catetos é a DLA e o outro a DLO, sendo a hipotenusa o comprimento da pista (ou a distância entre os dois pontos). Assim, valerá sempre a fórmula:

COMPRIMENTO 2 = DLA 2 + DLO 2

Vamos, então, calcular as DLA e DLO:

DLA = 23º 30’ 36,50” – 23º 30’ 29,93” = 6,57”

DLO = 046º 38’ 32,90” – 046º 37’ 53,01” = 39,89”


Sabendo o valor das DLA e DLO, basta transformá-las em distância, dividindo-as por 60:

DLA = 6,57” ÷ 60 = 0,1095 NM x 1.852 = 202,8 metros

DLO = 39,89” ÷ 60 = 0,6648 NM x 1.852 = 1.231,2 metros


Colocando-se os valores na fórmula:

COMPRIMENTO 2 = 202,8 2 + 1.231,2 2 = raiz (41.127,84 + 1.515.853,44)

COMPRIMENTO = 1.247,8 metros


Para provar que o cálculo está correto, vamos utilizar a ferramenta régua do Google Earth:



CALCULANDO A DIREÇÃO ENTRE DOIS PONTOS GEOGRÁFICOS

Até o momento, utilizou-se apenas uma calculadora simples para os cálculos, necessitando-se somente do valor de uma raiz quadrada.

Veremos agora que, apesar de um pouco complexo, há a possibilidade de se efetuar o cálculo da direção entre dois pontos geográficos. Para isso, será necessário rever conceitos de básicos de trigonometria e da teoria dos triângulos.

Como o triângulo que vamos estudar é um triângulo retângulo, teremos o seguinte desenho:



Pela teoria dos triângulos, a soma interna de todos os ângulos é sempre igual a 180º. Assim,

α + β + 90º = 180º

Basta, portanto, achar α para achar β ou vice-versa:

α = 90º – β

β = 90º – α


Para calcular o valor dos ângulos, é necessário lembrar-se dos conceitos de trigonometria.

O valor de um ângulo em um triângulo retângulo pode ser assim calculado:

•Tangente de um ângulo é igual ao cateto oposto sobre o adjacente
•Seno de um ângulo é igual ao cateto oposto sobre a hipotenusa
•Cosseno de um ângulo é igual ao cateto adjacente sobre a hipotenusa
Sabendo-se disso, tomando-se por base o ângulo α , podemos deduzir que:

tan α = DLA ÷ DLO

sen α = DLA ÷ distância

cos α = DLO ÷ distância

Uma vez que os valores de DLA e DLO são mais facilmente encontrados, vamos, então, aplicar estes valores utilizando a fórmula da tangente de α :

tang α = 202,8 ÷ 1.231,3 = 0,1647

Sabendo-se o valor da tangente, basta calcular a tangente inversa, ou seja, o arco-tangente deste ângulo. O resultado desta operação, que deverá ser feita utilizando-se uma calculadora com esta função ou o Excel – como veremos a seguir – pode ser assim representado:

arctan α = tan-1 α

Esta operação dá o valor em radianos, os quais devem ser convertidos em graus.

Uma calculadora mais avançada faz este cálculo rapidamente, bastando clicar na função “inverso” e depois na função “graus/radianos”.

No Excel basta colocar a seguinte fórmula:

=graus(atan(tanα))

=graus(atan(DLA/DLO))


Aplicando esta fórmula no Excel, temos:

α = graus(atan(0,1647)), o resultado será 9,352651º, ou seja, arredondando-se para números inteiros, será 9º.

Se α = 9º, β = 90º – α \ β = 90º – 9º = 81º, ou seja:

α = 9º

β = 81º


É importante ressaltar que estes valores são da parte interna do triângulo, que ficará assim:



Portanto, os valores dos Rumos Verdadeiros (RV) das pistas 12 e 30 serão, respectivamente:

RV PISTA 12 = 180º – 81º = 99º

RV PISTA 30 = 270º + 9º = 279º


Como a declinação magnética do SBMT é 21ºW, os Rumos Magnéticos serão, respectivamente:

RM PISTA 12 = 99º + 21º = 120º

RM PISTA 30 = 279º + 21º = 300º


Isto prova que os cálculos estão corretos, pois senão as pistas não seriam 12 e 30.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Como orçar construção de cisternas

Veja passo-a-passo como calcular as quantidades dos reservatórios inferior e superior de uma edificação

Na Editora PINI, quando somos solicitados a fazer um estudo de custo de uma determinada obra, é comum recebermos os projetos preliminares de arquitetura apenas com as plantas baixas dos pavimentos-tipo, térreo etc. Veja como estimar as quantidades dos reservatórios somente com esses dados.



1 Calcular a população estimada da edificação (pop). Para tal, multiplique a quantidade de dormitórios total da edificação por dois, ou seja, dois habitantes por quarto.

Pop = quantidade de quartos x 2


2 Calcular o volume de água necessário dos reservatórios (vol) adotando um consumo diário de 180 l/pessoa/dia ou (0,18 m3/pessoa/dia) e cinco dias de reserva.

Vol = Pop x 0,18 x 5 (assim, obtém-se o volume total em metros cúbicos)


3 Como referência serão adotados reservatórios quadrados com alturas de um metro (1 m).




4 Do volume calculado, 2/3 serão armazenados no reservatório inferior (cisterna) e 1/3 no reservatório superior.

Então, o lado do reservatório inferior (Lri) terá:



5 Quantidades para o reservatório superior:



6 Quantidades para o reservatório inferior:


Fonte: Construção Mercado

Como comprar gruas



Planejar os materiais que serão transportados, o cronograma de fornecimento, a velocidade e capacidade de carga são fundamentais para especificar corretamente a grua e não aumentar custos

A grua é um equipamento de transporte vertical de cargas usado desde a fase de estrutura da obra até o término do fechamento. Versátil, ela transporta diversos tipos de materiais - aço, blocos de alvenaria, caçambas de concreto etc. - e rivaliza com outros aparelhos como o elevador de obra, a minigrua e o bombeamento de concreto. "A grua tem maior capacidade de carga e não tem limitação de volume. O elevador, por exemplo, não pode transportar materiais maiores do que sua cabine", diz Gilbert Kenj, coordenador de suprimentos da construtora Conx.

Outra vantagem é a possibilidade de descarregar o material diretamente no local de utilização, dispensando boa parte do transporte horizontal necessário em outros sistemas. Por outro lado, o uso da grua não dispensa o elevador, imprescindível para o transporte de pessoas, e no caso do concreto, o bombeamento ainda é a solução mais rápida. As variáveis são muitas e a escolha do sistema de transporte deve estar calcada no estudo criterioso da logística do canteiro, visando alcançar a melhor combinação de equipamentos.


ESPECIFICAÇÕES
Há três tipos principais de grua: a fixa, chumbada no solo sobre uma base de concreto ou um chassi metálico; a móvel, montada sobre trilhos; e a ascensional, instalada no meio do edifício com um mecanismo que lhe permite subir os andares conforme os pavimentos são construídos. A torre é montada progressivamente, acompanhando a altura do edifício, mas o tamanho final deve ser estipulado desde a contratação.

O comprimento da lança - braço horizontal - deve ser suficiente para que todos os pontos de carga e descarga estejam sob seu raio de ação. A capacidade de carga varia ao longo da lança e deve ser avaliada em conjunto com a velocidade de içamento do motor. É necessário verificar ainda se as instalações elétricas do canteiro são suficientes para alimentar a grua, levando em conta os demais instrumentos elétricos.


COTAÇÕES DE PREÇOS E FORNECEDORES
O mercado de gruas se concentra nas grandes capitais do País, mas é possível contratar o fornecimento para todas as regiões brasileiras. Como regra geral, a locação deve ser feita pelo menos três meses antes do uso, mas a disponibilidade varia em função da demanda. "No mercado atual, recomendo no mínimo seis meses de antecedência", aconselha Gilbert Kenj.

Ele acrescenta que antes de escolher um fornecedor é preciso verificar a situação da empresa e do equipamento perante órgãos de fiscalização e pesquisar junto aos clientes da locadora se o desempenho foi satisfatório nas contratações anteriores. É fundamental que a construtora exija do fornecedor a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do equipamento, da montagem e da operação, além de incluir a grua no seguro da obra.


LOGÍSTICA
O transporte da grua até o canteiro, bem como a montagem, desmontagem e a operação, devem ficar sob responsabilidade do fornecedor, ainda que ele opte por terceirizar esses serviços. Não se aconselha armazenar a grua para uso posterior, mas caso a estocagem seja necessária, os cuidados devem se concentrar na proteção contra umidade e no empilhamento correto das peças, levando em conta a sequência de montagem. "Há itens de manutenção mesmo para equipamentos fora de operação", acrescenta Paulo Carvalho, diretor de gruas da Alec (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis).


CUIDADOS DURANTE A INSTALAÇÃO
Antes de efetivar a locação, é de suma importância fazer um estudo logístico considerando os materiais que serão transportados, o cronograma de fornecimento, a velocidade e capacidade do equipamento e os aparelhos de apoio que estarão na obra. "Deve-se fazer um estudo dos ciclos de trabalho para não locar uma grua de porte insuficiente ou maior que o necessário. Erros no dimensionamento podem atrasar o cronograma e aumentar custos", avalia Carvalho.

O local de montagem também deve ser estudado no projeto do canteiro, para assegurar o abastecimento de todos os pontos sem interferir em outros sistemas da obra ou em edifícios vizinhos. O estaiamento da torre na estrutura do prédio é um fator crítico de segurança e merece atenção especial durante a execução.

Outro ponto chave é a manutenção preventiva e corretiva, que deve ser inserida no contrato de locação e tem importância vital para o bom funcionamento não só da grua, mas da obra com um todo. "A logística passa a ser pensada contando com o suporte da grua, apostando em paletes e em conjuntos de maior dimensão. Ficar um dia sem ela vira um enorme transtorno", conclui Ubiraci Sousa, professor de engenharia civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.


NORMAS TÉCNICAS
> NR 18.14.24 - Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção - Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas - Gruas.
> NBR 4309:2009 - Equipamentos de Movimentação de Carga - Cabos de Aço - Cuidados, Manutenção, Instalação, Inspeção e Descarte.
> NBR 8400:1984 - Cálculo de Equipamento para Levantamento e Movimentação de Cargas.
> NBR 11436:1988 - Sinalização Manual para Movimentação de Carga por Meio de Equipamento Mecânico de Elevação.
> NBR 13129:1994 - Cálculo da Carga do Vento em Guindaste.



Checklist
> O transporte, a mobilização e a operação da grua devem ficar a cargo do fornecedor ou de equipe habilitada por ele
> A construtora deve exigir da locadora a ART do equipamento, da montagem e da operação
> O planejamento deve contemplar os ciclos de trabalho, a velocidade de içamento e a capacidade de carga para evitar erros de dimensionamento
> A posição da grua deve ser estudada para atender todas as áreas de carga e descarga sem interferir em outros sistemas e edifícios
> A manutenção preventiva e corretiva é fundamental e deve ser incluída no contrato de locação



ENTREVISTA > Antônio Pereira do Nascimento


"Contrato bem redigido, a ART e a elaboração de um plano de cargas são requisitos mínimos"
Uso seguro

Quais os principais cuidados para garantir o uso seguro da grua?

A escolha de um bom locador e fabricante é importantíssima para assegurar que sejam fornecidos os dispositivos de segurança previstos na NR-18 como o anemômetro, limitadores de altura, de fim de curso, de giro, entre outros. O contrato bem redigido, a ART e a elaboração de um plano de cargas são requisitos mínimos que devem ser seguidos à risca. Junto com o equipamento, deve ser fornecido o termo de entrega técnica do locador, estipulando que o equipamento está apto para uso, e o manual de operação. Antes da liberação dos trabalhos deve-se fazer também o teste de carga, respeitando os parâmetros indicados pelo fabricante.


Quais os problemas mais recorrentes?

Os mais comuns são: queda de materiais durante o içamento, procedimentos inadequados na montagem e desmontagem, normalmente causados por falta de supervisão técnica do fornecedor nesses processos e planos de cargas que não preveem o fluxo de pessoas e materiais sob a grua, podendo causar acidentes.


Como você avalia o uso da grua no Brasil e qual a tendência do mercado?

O uso de gruas veio para ficar e a tendência é que se torne cada vez mais frequente, principalmente com o investimento em obras públicas proveniente do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), linhas do metrô, urbanização de favelas, montagem industrial entre outras obras. Não há como aliar velocidade, produtividade e segurança sem o uso da grua, mas ainda existe certo receio por parte de alguns engenheiros. A dúvida é natural, visto que uma falha nesse equipamento pode causar acidentes graves ou fatais. O uso de várias gruas no mesmo canteiro aumenta ainda mais os riscos. Contudo, são problemas que ajudam a amadurecer o mercado e gerar soluções de controle eficazes no gerenciamento desses riscos.

Antônio Pereira do Nascimento, coordenador do Programa Estadual da Construção de São Paulo no Ministério do Trabalho e coordenador do CPR-SC (Comitê Permanente Regional sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção)

Alvenaria de vedação x Estrutural

Comparativo de custos aponta economia de 27,64% com uso de blocos estruturais, mas mudanças no projeto levam à adoção de sistema misto

O motel Aspen Ville, na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo, foi inicialmente concebido para ser construído em alvenaria de vedação. Após o início da terraplenagem, no entanto, uma profunda alteração no projeto levou a construtora NGalvan a reconsiderar o método construtivo, fazendo uma comparação entre alvenaria estrutural feita em bloco cerâmico estrutural de 3,0 MPa de resistência e estrutura de concreto com fechamento constituído por alvenaria de blocos cerâmicos.



Bloco de vedação: apesar de mais caro, sistema de vedação teve de ser usado para não desperdiçar material já adquirido

Alvenaria estrutural: economia de 27% em relação ao sistema convencional




O motivo da mudança foi o seguinte: a princípio, o motel teria quartos térreos, ladeados por garagem de cerca de 3 m de largura. Mas o cliente solicitou a verticalização do projeto - quarto sobre garagem - abrindo espaço para dobrar o número de unidades. Foi quando Luiz Fernando Galvan, engenheiro responsável pela obra e diretor da construtora, sugeriu o uso da alvenaria estrutural para construção dos dois pavimentos - piso térreo e superior.

Porém, a alteração completa do sistema construtivo enfrentaria ainda mais um empecilho: parte do material a ser usado originalmente na estrutura da alvenaria de vedação já havia sido comprada, inviabilizando, em termos de custo, a construção integral da obra em alvenaria estrutural.

A solução veio no fechamento das garagens. Aproveitando que o vão do compartimento teria de ser ampliado, de 3 m para 3,6 m, para introdução da escada de acesso ao primeiro piso, o engenheiro resolveu, então, modificar a matéria-prima das divisórias dessas garagens - inicialmente projetadas em chapa metálica ou drywall - para blocos cerâmicos de vedação, utilizando o material estocado.

A reviravolta de projeto e seu impacto no planejamento de suprimentos, com a compra antecipada do material, resultaram na opção por um sistema híbrido. Porém, na ponta do lápis, fica claro - como mostrado em tabela à parte - que a construção do piso térreo em alvenaria estrutural sairia mais em conta. Se construído exclusivamente com blocos estruturais, o piso apresentaria um custo 27,65% inferior ao valor consumido na construção do mesmo projeto em alvenaria de fechamento. "Poderíamos usar graute nos blocos estruturais em vez de moldar pilares em cada extremidade", observa. Galvan defende que esse sistema confere praticidade e agilidade à obra ao dispensar a construção de vigas e pilares, eliminando o uso de fôrmas de madeira e reduzindo gastos com material e mão de obra.

De qualquer forma, diante da circunstância pontual apresentada no dia-a-dia da obra, a solução híbrida - alvenaria estrutural nos quartos e vedação nas garagens - reduziu os custos originais, facilitou o processo construtivo e eliminou parte dos resíduos da moldagem de concreto, satisfazendo, portanto, cliente e fornecedor.

Pilares e vigas de concreto armado executados em obra. A altura para lajes de cobertura é de 8 cm. De acordo com a empresa, devido a praticidade na execução da alvenaria estrutural, ocorre uma queda no valor da mão de obra.

Fonte: Construção Mercado

Custo de habitação popular com alvenaria estrutural





Confira os custos de uma edificação econômica com 28 apartamentos de 50 m² executada em alvenaria estrutural

De olho no mercado de habitação econômica, a pergunta recorrente entre construtoras e incorporadoras tem sido: quanto custa uma edificação com alvenaria estrutural? A equipe de engenharia da PINI foi atrás dessa resposta e destrinchou os principais custos que compõem o orçamento de um prédio padrão popular com uso da solução.

Para isso, tomou como referência o projeto de um edifício com sete pavimentos, considerando somente os custos diretos da construção. Distribuídos em uma área construída de cerca de 1,6 mil m2, os quatro apartamentos por andar de aproximadamente 50 m2 contam com dois dormitórios, sala, cozinha, área de serviço, um banheiro e varanda.

Após levantamento dos quantitativos foram utilizadas no orçamento as composições do TCPO 13 (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos) da PINI. "Caso tenha interesse, os construtores poderão usar o orçamento, aliado a um bom projeto, como base para viabilizar seus empreendimentos", diz Bernardo Corrêa Neto, gerente de engenharia da PINI.

Para compor o orçamento, além dos requisitos de uma edificação comum - tais como fundação, alvenarias, instalações de telhado etc. -, também se levou em consideração algumas particularidades estruturais. Em função do uso da alvenaria armada, pilares e vigas foram excluídos e, como as lajes também são pré-moldadas, os consumos de concreto, armação e fôrma diminuíram consideravelmente. "O uso da alvenaria com régua metálica aumentou o custo da mão de obra. Mas, por outro lado, eliminou a necessidade de revestimento interno", explica o engenheiro.

De fato, um dos grandes benefícios da alvenaria estrutural é a possibilidade do barateamento do custo da estrutura. E justamente por isso, apesar de limitar a "personalização" das unidades, o sistema é muito bem-vindo em produtos destinados à baixa renda. Entre as vantagens da solução em relação ao modelo convencional está a regularidade das medidas dos elementos, proporcionando menor desperdício de materiais e até mesmo a eliminação de serviços de chapisco e fôrmas (para execução das vigas e dos pilares).

Vale reforçar que o orçamento apresentado nas próximas páginas não é absoluto e está sujeito a alterações diversas decorrentes das peculiaridades de cada obra. A ressalva também vale para os preços unitários, que podem ser diminuídos conforme as boas negociações das construtoras com seus fornecedores.



O que foi e não foi considerado
> Os orçamentos consideram apenas a construção
> Como revestimento, adotou-se pintura látex na fachada
> Custos como serviços preliminares, alojamento, limpeza da obra, sistemas de aterramento, arruamento, canteiros e terraplenagem foram desconsiderados
> O projeto prevê a utilização de fundações com estaca tipo Strauss, laje convencional treliçada; alvenaria de blocos de concreto estrutural; esquadrias de alumínio, instalações hidráulicas de água fria e esgoto em PVC; revestimento de piso em cerâmica comum nas áreas molhadas e cobertura com estrutura de madeira e telha cerâmica
> O projeto base para orçamentação prevê a construção de uma edificação com sete pavimentos-tipo, sendo três deles localizados abaixo do nível de acesso ao prédio. A disposição dos pavimentos, possibilitado pela declividade do terreno onde a construção foi edificada, permitiu o aumento do número de unidades sem dispêndio com instalação do elevador



Especialistas opinam
"O orçamento está coerente, sobretudo no que tange ao processo construtivo. Porém, em Porto Velho (RO), é necessário fazer algumas ressalvas, principalmente no item mão de obra que, por aqui, é encarecida dada a escassez de profissionais qualificados e a necessidade de importação de outros Estados, além da grande distância da região em relação aos centros produtores. Por questões ambientais, insumos básicos, como areia e brita, apresentam preços muito altos e, com a alta demanda, nos últimos dois anos seus preços mais do que dobraram"

Paulo Adriane da Costa Medeiros, engenheiro orçamentista da Coeng Comércio e Engenharia.


"Quanto aos preços apresentados, certamente sempre existe uma possibilidade de conseguir boas negociações e, com isso, descontos comerciais. Um ponto que deveria ter sido considerado é a impermeabilização de baldrames, já que o projeto contempla a construção de apartamentos no pavimento térreo que poderão apresentar problemas de umidade e, consequentemente, futuros custos de manutenção. Como a estrutura tem sete pavimentos, teremos mais de um tipo de bloco estrutural (com maior resistência) e isso deveria aparecer no orçamento, pois os preços dos blocos apresentam diferenças. No projeto, alguns itens podem ser melhorados a fim de proporcionar redução nos custos, tais como a utilização de portas de madeira com bandeira; massa única no lugar de emboço e reboco (tanto interna como externamente); escada tipo jacaré e a otimização das instalações de modo a minimizar os rasgos, que devem ser evitados na alvenaria estrutural"

Luiz Fernando Ferreira de Castilho, gerente de orçamento da Sinco Incorporadora e Construtora.


"Os itens fundação e subsolo representam 4% desse orçamento ante 1,6% do orçamento da MPD Engenharia. Isso porque o orçamento apresentado leva em conta o uso da fundação em estaca tipo Strauss, que às vezes pode ser mais cara. É necessária uma análise mais sólida na hora de decidir por um tipo de fundação específico. No item estrutura, notei que o grout é um item que deveria estar contemplado em alvenaria e que a laje pré-fabricada pode ter sido uma subatividade (insumo) que encareceu a atividade, pois seu custo unitário de material está um pouco elevado em relação aos preços praticados pela nossa empresa. A locação mensal da escora metálica, sob um valor fixo, ajudaria no controle orçamentário. No item revestimento, substituir a argamassa cimentícia por revestimentos de gesso (nas áreas não frias) traria uma considerável economia"Weslley Fabrício, engenheiro e coordenador de obras sênior da MPD Engenharia.




Características do orçamento


EDIFÍCIO POPULAR COM ALVENARIA ESTRUTURAL


> Área construída de 1.627,29 m²
> Prédio padrão popular com sete pavimentos, sendo quatro apartamentos por pavimento
> Apartamentos de dois dormitórios, sala, cozinha/área de serviço, banheiro e varanda
> Fundações com estaca tipo Strauss
> Laje convencional treliçada
> Alvenaria de blocos de concreto estrutural
> Esquadrias de alumínio
> Instalações hidráulicas de água fria e esgoto em PVC
> Revestimento de piso em cerâmica comum nas áreas molhadas e regularização nos demais para revestimento posterior
> Cobertura com estrutura de madeira e telha cerâmica

Confira os custos de uma edificação econômica com 28 apartamentos de 50 m² executada em alvenaria estrutural





Fonte: Construção Mercado